Zé Lagarto o era o braço direito do Jarbas, o caquético, na Càmara Municipal de Tupinambicas das Linhas e, por isso responsável pela unanimidade opinativa naquele órgão, que deveria ser fiscalizador.
A cidade há algumas gestões, vinha sendo submetida a políticas impeditivas do progresso, condenáveis por promoverem o retrocesso, características de quem não sabia o que fazer, de quem estava mesmo perdido no emaranhado dos enredamentos.
Tupinambicas das Linhas vivia feliz com o cabresto que a dominava. Não havia vozes discordantes da baboseira oficial, possibilitando o domínio absoluto das forças malignas do pavão louco.
Jarbas e Zé Lagarto sabiam que somente a educação poderia libertar o cidadão das garras da ignorància, possibilitando a ele, a própria condução do seu destino. E foi por isso mesmo, que, ante a possibilidade da perda do poder sobre seus eleitores, que a seita maligna adotou escolhas causadoras do sucateamento da rede municipal de ensino.
Então não eram raras as ocorrências de rapinagens na merenda escolar e falcatruas nas licitações de fornecimento de material. Os salários dos professores eram tão defasados que muitos tinham vergonha de comparar seus holerites com os dos garis tupinambiquences.
Os meios de comunicação social da urbe deviam sua existência à simbiose existente com o poder político. Portanto o que não era bom para Jarbas e sua gang não era bom também para os comunicadores provinciais.
Por isso quando Jarbas e Zé Lagarto se viam acuados pela descoberta de algum dos crimes que cometiam, não se vexavam, mas mostravam-se dispostos a distribuir parte do furto para algumas obras assistenciais.
Além do sucateamento do setor educacional e da saúde existente na cidade, Jarbas e Zé Lagarto, por meio de interpostas pessoas, criavam ONGs para as quais desviavam milhões e milhões de reais, sem nem ao menos se importarem com qualquer tipo de licitação.
