" Fui passar alguns dias no sítio da minha avó Lourdes, durante as minhas férias. Lá é muito legal. Tem um monte de galinha, porco, cabra, passarinho e tem também duas vaquinhas: Geruza e Matilde. Logo de manhã bem cedo, saíamos todos animados - eu e meus primos - para ordenhar Geruza, em companhia do vó João. A única coisa que eu não gostava, naquelas manhãs, era ter de tomar aquele leite grosso, fedido. Nos primeiros dias sofri com uma diarréia que parecia não ter fim! Mas tudo bem, não tinha mesmo como irmos à cidade comprar leite de padaria...
Houve uma tarde em que resolvemos chupar laranja lima no pé, no sítio do vizinho - Seu Carmino. Também preparamos nossos estilingues e armamos uma alçapão para os pássaros, na tentativa vã de comermos rolinha assada no meio do mato. Mas não é que o Seu Carmino, que não nos conhecia, saiu atirando pra cima da gente com sua espingardinha de chumbo? É, quase que nós viramos rolinha. Fugimos para perto do rio e caímos nas águas calmas. Tem piranha aí não, primo? - quis saber Vadinho, antes de atirar-se à s águas. Que piranha o quê, cê tá loco? - respondi. E ficamos até tarde nos banhando e tomando sol. Quando voltamos ao sítio, vó Lourdes já estava desesperada. Passou-nos um pito e prometeu nos colocar de castigo. Que nada! A noitinha fomos para a fogueira ver meu vó João assar batata-doce na fogueira. Depois ele pegou seu violão e, junto com seu compadre Tonho, começou a cantoria, que foi até altas horas da noite. Meus primos e eu, porém, não resistimos por muito tempo e dormimos antes de a cantoria terminar.
Foram as melhores férias da minha vida, professora. No ano que vem, quero passar as férias no sítio da vovó."
ps: o autor nunca ficou por mais de dois dias num sítio. Seus avós, desde que nasceu, sempre moraram na capital. Ainda assim, guarda na memória as redações que fazia quando voltava das férias escolares, lá pelos idos de 79, 80... |