| Sou tão normal que não tem graça. Porque as coisas normais não chamam atenção aos olhos do homem moderno.. Por isso sou sem graça, nada vendável, marketável, que compense investimentos. Prejuízo certo na certa. Sem a cabeleira de uma loira burra. Sem a bunda lisa de uma morena rebolante. Apenas normal, carne e osso e alguma celulite. Coisas normais não vendem, as pessoas são diferentes e querem consumir o que identificam com elas, por isso mesmo compram o que não são: A roupa que não veste, o calçado que não calça, a comida que não alimenta. Sou tão normal que não gosto nem de dizer, não é preciso, passa despercebido. Por isso as pessoas diferentes precisam tanto dizer. Precisam de espaço, de falar muito, mostrar que sabem e o que sabem, para as outras pessoas diferentes como elas e para elas mesmas não se esquecerem dessa diferença. Coisas normais não dão notícia, nem audiência, não causam espanto, revolta. Coisas normais são apenas normais como deveriam ser, não causam preocupação, não precisam de atenção. Coisas normais não interessam, estão no curso da ordem e não da desordem, são contrárias ao mundo de caos em que todos reclamam mas sem o caos não conseguem viver. Coisas normais são muito calmas que até pertubam, por isso, torná-las diferentes é uma maneira diferente de ter poder. E no mundo diferente de hoje, poder não pode ser coisa de gente normal... |
