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Cronicas-->Os reis ratos que odeiam os gatos -- 19/06/2009 - 08:12 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS REIS RATOS QUE ODEIAM OS GATOS

"Uma casa sem gato e como um aquário sem peixe." (Jean-Louis Hue).

"Observe um gato quando entra em um quarto pela primeira vez. Procura cheiros, não fica quieto um momento, não confia em nada até que examinou e travou conhecimento com tudo." (Jean-Jacques Rousseau).

Por Pablo Emmanuel - Professor

Entre um período e outro, existe algum tempo para descansar a cabeça. Então, resolvo me deitar sobre o colchão, que não está sobre um estrado, mas sobre o próprio chão, e me desfaço das roupas mais pesadas.

Arremesso o suéter sobre a cadeira defronte ao computador. Ele cai. Não me levanto para deixá-lo onde eu queria. Vou ligar a TV.

Mas, eu não quero ver TV. Quero, sim, ouvir alguma coisa para não perder o contato com a realidade, pois, daqui a pouco, tenho de ir para outro ponto distante da cidade.

A pálpebra vai pesando de cochilo. Sem perceber, vejo o gatinho que eu crio, branco como um floco de neve, e de nariz cor de rosa, chegando devagar, inaudível nos passos, mas amplamente perceptível pelo seu ronronar, que muitos mistificaram como asma (o que é mentira).

Barulhinho bom. Dá vontade de dormir mesmo.

Ele se aninha no suéter que caiu no chão, perfeitamente insubmisso, charmoso, autónomo, esbelto e carinhoso. Antes de deitar-se, porém, dá umas três voltas sobre o mesmo lugar, finca as unhas e entende que ali é que deve ficar, talvez porque é seguro.

Olho-o, calado, com algum sorriso nos lábios.

O gato me vê e eu mergulho nas águas límpidas e calmas que pintam seus globos oculares de um tom verde-azul.

Ele aperta os olhos e me fita várias vezes, de longe, até que cai no sono e dorme.

É um dos raros momentos de felicidade e paz que eu encontro.

Não deve ser merecedor de atenção aquele que entende os gatos como desleais e trapaceiros, como se nunca fossem amorosos e leais como os cães costumam ser. É um sofisma medieval que tentava diabolizar esses bichos amáveis, assim como corujas, corvos etc.

Melhores foram os egípcios. Gostavam dos gatos, os animais prediletos de Bastet, a deusa protetora do lar e das crianças.

Desde a minha meninice, adorava-os, bem como a seus ronronares "asmáticos". Dormia com eles aninhados entre o meu braço esquerdo e o meu tórax.

Tive um pretinho, de olhos dourados, anos atrás, provavelmente morto por envenenamento. A dor de perder o bicho é tão violenta que a comparo com a dor de perder alguém que muito estimo e amo, ou a dor insuportável de ver uma criança ser morta.

Meu gato preto me dava muita sorte. Quando eu comia uma pizza, deixava as azeitonas pretas no prato. Esperava pacientemente, sem tentar me roubar nada. Então, quando eu terminava a refeição, ele subia na mesa e as devorava. Na mesma época em que o perdi, mataram também meu cachorro.

Os meus gatos sempre se deram bem com meus cães. Está certo que os gatos dão trabalho quando no cio, correm pelos telhados, deixam-nos loucos, mas as pessoas também armam barracos, fazem barulho, soltam gases, escarram, amam, engendram malquerenças, e nem por isto desejo matá-las.

Existe uma virtude chamada "Paciência", da qual não sou totalmente possuidor, mas grande admirador e esforçado praticante, o que já é positivo.

Uma pessoa crendiceira e fisiológica é o estandarte maior do azar. Gente ignorante sempre dá azar, não por ser gente, mas por optar pela mais dolorosa ignorància. É dela o mal, que não está nos espelhos quebrados, nos gatos pretos, no "olho-gordo", no acordar com pés esquerdos, no passar sob escadas.

Palavras de quem, um dia, na infància, viu um populacho sórdido, enlouquecido numa rua, numa vaga espumante de sangue e lodo, porque estava a fim de matar uma pobre coruja que não queria sair de cima do telhado de uma casa.

Seria seu pio premonitório de morte ou a vaia dos escandalosos? Eu era infante e não compreendia a baderna, muito menos a figura satànica e onipresente do ignorante.

Hoje, vendo os ratos reinando, eu entendo o motivo pelo qual algumas casas não têm gatos. É porque decerto algo há de errado dentro delas, ressalvados os casos graves de alergia.

Então, miau.


LEI 9605/1998

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.



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