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Cronicas-->Manobrista caseiro -- 26/06/2009 - 10:17 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Manobrista caseiro

Aroldo Arão de Medeiros

Tudo começou quando ele viu pela primeira vez o programa de TV chamado Auto Esporte. Apaixonou-se instantaneamente por carros. Era ainda criança e já pedia para a mãe chamá-lo toda manhã de domingo para assistir ao programa. A mãe, para não deixá-lo sozinho na sala de televisão, o acompanhava e passou a gostar também dos veículos automotores. Márnio fazia de tudo para andar dentro de um carro. Como a mãe, viúva, não podia comprar um, ele vivia atrás de tios e tias que eram um pouco melhor de vida. Era só alguém chegar em casa motorizado que lá ia o Márnio babar e esperar a ocasião para embarcar.
Certa vez ele estava na casa do avó, que distava apenas um quarteirão, quando soube que o tio ia levar as filhas para a balada. Ele não contou tempo:
- Tio, dá uma carona até em casa?
- Não posso, eu vou direto porque o movimento na avenida principal está muito grande.
Era época de carnaval e a pequena cidade inflava com os turistas.
Márnio não se deu por vencido.
- Então me dá uma carona até a esquina?
A distància não passava de cinquenta metros.
- Não dá, cara. O carro está lotado. Caminha um pouco, rapaz.
Quando ainda era garoto, não percebeu quando uma tia que visitava a casa encaminhou-se para sair. Perguntou onde ela estava e lhe falaram que fora buscar o filho. Ele saiu em disparada atrás dela. Quando estava quase chegando perto do carro, a tia arrancou. Márnio continuou correndo, parecendo um cachorro à caça de pneu. O veículo se afastava rapidamente, mas Márnio não perdia a esperança de alcançá-lo. Depois de quase três quilómetros rodados, o carro parou em frente ao colégio. Alguns alunos seguiam a pé, outros entravam nos carros dos pais. Com o pulmão saindo pela boca, quase tocando o veículo, sentiu que não conseguiria porque o motor começou a roncar. Por sorte um dos garotos o reconheceu e perguntou:
- Dona Cida, aquele garoto correndo não é o Márnio?
Ganhou carona de volta.
Ele foi crescendo e admirava as oficinas e os mecànicos. Pedia para ajudar, mesmo que fosse para apertar um parafuso. Na juventude, cursou mecànica na Escola Técnica, mas não conseguiu emprego no ramo que sonhava. Foi para a capital. Morava com um tio que possuía uma camioneta, que ele chamava de Nave. Adorava quando o tio trazia o carro da empresa para casa na sexta à tarde para viajar na segunda, e precisava fazer manobras. Tirar a Nave para a rua e depois colocar novamente o carro de volta na garagem. Seu tio já nem se preocupava mais. Chegava e berrava:
- Márnio, faz as manobras para mim.
Com os olhos brilhando como se fosse ainda uma criança ganhando o brinquedo dos sonhos, não titubeava. Corria com as chaves na mão a realizar o sonho.
O tio, mesmo não sendo muito ligado em carros, teve de levá-lo em exposição de carros importados, acompanhá-lo em corridas de kart e até nos parques de diversão brincar de carro-choque. E ele não tinha mais dez ou quinze anos, já estava ficando adulto...
Márnio, porém, sonhou mais alto. Fez curso de mecànico de avião e hoje é o melhor mecànico da empresa onde trabalha. Os aviões em que ele coloca a mão, voam tranquilos por esse mundão de Deus.

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