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Contos-->A Cooperativa -- 28/01/2021 - 22:22 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A Cooperativa



A CTPense, Companhia de Tecidos Pitanguiense teve seus anos dourados e, tanto na sede quanto na unidade original, que era o Brumado, tinha centenas de empregados e era, destacadamente, o principal esteio econômico do município, grandemente responsável pelo progresso regional Pagava o salário, mas assegurava estabilidade social, e atraía um sem número de atividades ancilares, decorrentes de sua pujança.

Não sei se por iniciativa do sindicato dos trabalhadores ou por força de ato governamental, ou mesmo espontaneamente, uma cooperativa foi criada para fornecer gêneros básicos à massa operária e familiares, a preços mais razoáveis do que os praticados no mercado. Era um número limitado de mercadorias, portanto. E nem sei se àquela época - anos 50 e 60... o leite condensado, por exemplo, já estaria ao alcance de nosso paladar. Com o preço que está hoje em dia, eu tenho minhas dúvidas, e teria ainda mais dívidas se ousasse comprar essa iguaria irresistível, sobretudo para as clandestinas chupadelas...

Os gêneros chegavam num sábado a cada mês e nos acorríamos todos, em família, para fazer o surtimento, que era coisa bem ordenada, a despeito da trepidação que provocava, todo mundo munido de capanguinhas de pano para o que viesse e desse...Geraldo Preto e Aristides zelosa e autoritativamente, se ocupavam da distribuição.

Vez ou outra surgia um produto novo, de regra enlatado, e a curiosidade aumentava. Foi o caso do quitute de porco, daquele que vinha numa latinha trapezoidal, com uma chavinha acoplada para a abertura na base da embalagem, que causou sensação e alguma consequência gravosa para um vizinho nosso, o Jésus do Freire, pai de família dedicado, honrado e trabalhador. Pois o bom Jésus provou e logo se apaixonou pela novidade, que era de fato cobiçada e duma maciez que nem carecia ser mastigada. O consumo exacerbado, entretanto, desarranjou as funções intestinais daquele robusto cidadão, a tal ponto que tão voluptuosa como a ingestão, foi a sua excreção, ouvida e aspirada à distância e, naturalmente, sem freios e liquefeita...

Doutra feita foi uma senhora já de uma certa idade, operária veterana, que se encantou com umas embalagens de pó de cacau...E eram mesmo bem catitas, dum fundo ocre que acentuava o brilho de medalhas e outras honrarias conquistadas em feiras internacionais pela qualidade do produto...uma beleza inigualável, mormente se comparada ao copinhos feitos de latinhas de massa de tomate que o folheiro Vicente Chaves, de Pitangui, revestia com uma alcinha lateral, a que chamávamos de asa.

E a felizarda adquirente das três latas de pó de cacau ali mesmo, na vista de todos, uma vez abertas as embalagens, esvaziou-as no bueiro, para se livrar daquele insosso pó, para as transformar em copos reluzentes...à vista da incrédula meninada...

Paulo Miranda

Enviado por Paulo Miranda em 28/01/2021

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