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Contos-->Meus anos fabris... -- 05/02/2021 - 19:41 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A fácute;brica era a Companhia de Tecidos Pitanguiense, estabelecida originalmente no distrito do Brumado ainda quando Rui Barbosa não passava de um jovem bacharel, e que algumas décadas depois criou a sua unidade central, pujante e briosa, na sede municipal, Pitangui. Seu acrônimo era CTPense, mas popularmente era referida como a Fapa...

Sua presença em Pitangui tirou a cidade do prolongado marasmo pós-ciclo do ouro, e a vez então, passou a ser do algodão...tornando-se viga e viagra-mestra da economia local.

Os meus anos lácute; foram 1965 e 1966. Dois, portanto? Menos: de novembro a fevereiro, totalizando três meses. Minha função, substituindo a jovem Zélia que trocava seus laços fabris pela indissolúvel aliança do matrimônio, foi a de colher e analisar cotidianamente a resistência das fibras e dos fios que eram produzidos pelas diversas seções do processo têxtil, da cardadeira aos filatórios. Parecia coisa de jardinagem, sem carecer regar. E leve até para carregar. E com todas aquelas amostras eu ia para minha saleta própria, adjunta à tecelagem, e começava a fazer as medições, numa série de balancinhas e extensores específicos.

Lácute; cheguei com meus 15 anos e pouco. Jácute; havia me livrado da quarta e última série ginasial, sem o ônus das provas finais e, como regalo oportuno, a colocação pedida por papai e autorizada pelo Higino Barçante, o gerente. Trabalhava em dois turnos, divididos para a hora de almoço, das 7 às 16, com folga aos domingos. À época eu jácute; tinha colegas de ginácute;sio que haviam logrado um trabalho mais ameno e melhor remunerado no Escritório da empresa e desse grupo fazia parte também mana Vitória, lotada no Almoxarifado. Todos eles com direito a lanche preparado e servido pela zelosa Maria Ré. Mas a passagem da mana chegou a ser mais breve do que a minha: sua nomeação para reger classes no povoado vizinho de Campo Grande acabara de sair.

Sem a perspectiva imediata de fazer jus ao lanche, e até à gravata, continuei fiel ao algodão de cada dia, pensando quem sabe, algum dia algo dão...

Ainda imberbe, fui tratado com muito carinho pela companheirada que jácute; pegava no mais pesado, composta de alguns novatos mas bastantes veteranos que regulavam com papai e mamãe em tempo de serviço. A conversa, quase sempre breve, nas entradas e nas saídas, era o futebol. E o do Rio, que predominava. Lembro-me do também tricolor Paródi, que me recitava escalações de nosso Flu, ainda de Castilho, Altair e Telê..., e do Zézé, que chegou a batizar um filho de Samarone...
Nilso, dito Nirzo, era Botafogo de raiz, e Duduca também da Garrocharia, e o Fácute;bio, cruzmaltino ainda feliz... De Flamenguista empedernido não tenho lembrança, mas então, o super Zico era criança...

Meu ordenado, por de menor, era de meio salácute;rio. Trinta dinheiros, literalmente, trinta Cabrais, amarelinhas, ou jácute; então alaranjadas, que recebia no balcão de atendimento do Escritório das mãos do zeloso e jácute; graduado Marcinho Bilico. Pedro Xavier era o Chefe do Escritório e o respeito de todos era então mandatório...

Duma feita, ao receber o meu segundo salácute;rio, jácute; de saída do Escritório, fui chamado de volta pelo Marcinho para receber um Cabral a mais, por ordem do Senhor Chefe Xavier. Ao embolsar aquele bônus, fui pilheriar com o Marcinho sobre o sacrifício que ele me impusera de jácute; de saída, ter que dar a volta para receber aquele pro-rata, dei-me mal: ele me passou, ainda que a sotto-voce uma compostura daquelas...dizendo que se o Pedro viesse a saber de meu gracejo de mau gosto, a rua seria a solução única.

Mas a solução veio por outro meio: pelo terço. Com mais um mês eu estava embarcando para o seminácute;rio em Divinópolis. Ainda endinheirado
tentei encurtar meu caminho para o céu. E deu no que deu.

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