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Cronicas-->WILLIAM, O VASSALO BAIANO -- 18/07/2009 - 03:04 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

WILLIAM, O VASSALO BAIANO
João Ferreira
16 de julho de 2009

Trata-se de um baiano gentil. Barriguinha saliente, ainda jovem, vassalo de uma poderosa baiana.Sua baiana, de que é vassalo, é poderosa, porque além de ser cozinheira de um famoso restaurante da terra é senhora absoluta da alma e do corpo do jovem William. Segundo nossa reportagem póde saber, William estava desempregado até há bem pouco tempo, mas agora é gente grada do Casarão Amarelo de Itacaré. Mesmo sem libré autenticada pela casa ou por um contrato de trabalho, Wiiliam abre seu sorriso simples para os clientes e atende maravilhosamente bem e com muita espontaneidade. Quisemos tomar um vinho. William leva-nos a visitar a garrafeira da casa constituída por vinhos chilenos e argentinos. Não tem lista de preços. Mas manda o cliente escolher. Há um sorrisinho malandro na jogada. Nem sabe quanto custa cada garrafa mas acha-se candidato a fazer um bom negócio. Ele tem na cozinha uma aliada total e dessa aliança parte a firmeza com que tenta ensaiar seus passos para vender os produtos. É sua mulher. No cardápio acertamos provar uma lagosta de cauda acompanhada de risotto de camarão. Esta era uma liberdade que nos permitimos uma vez na vida.Para acompanhar tão divino manjar, encomendamos ao William uma taça de vinho. O improvisado garçon teve a gentileza de escolher um belo formato de taça: uma taça barrigudinha e crescidinha. Mas ao colocar o vinho na taça fê-lo com um espírito forreta. O vinho cobria pouco mais que o fundo da taça.Não era uma taça de vinho e sim uma taça com algum vinho. Mistério. William sabia naturalmente o que fazia. Percebeu rapidamente quando eu olhava a pequena quantidade de vinho que ele pusera na taça. E veio cautelosamente sondar: -Quer mais um pouco? Não se tratava de querer mais um pouco. Tratava-se de ele atender com ética comercial e servir uma taça de vinho! De olhinhos piscos, olhou-me e comentou: é pouco? - Eu trago mais, disse. Queria vender, sem arriscar! Este era o William antes da lagosta. Fiz-lhe sinal e ele acertou o nível do vinho na taça. Estava pensando, certamente, que dessa maneira podia fazer seu negócio com algum sucesso. Terminou por recuar e se ajustou.
William tinha uma história para contar. Segundo dados apurados pela reportagem, fora garotão de praia poucos anos atrás. Usava nesses tempos bermuda estampada, camisa listrada e chinelo hawaiano. Fazia parte de uma turma de amigos de praia. Depois, cada um tomou rumo diferente. Ele fez opção pela vida de família. Casou. Está muio feliz ao lado de Dona Maria. É vassalo da mulher e tão disponível que lhe faz todas as vontadinhas. É um perfeito aliado da mulher e tem prazer em exaltar suas qualidades e em mostrar e elogiar os belíssimos pratos que ela cozinha no casarão. Os amigos, segundo conta, fizeram outra opção. Muitos deles mostraram-se habilidosos surfistas que cortavam onda na praia de Tiririca e outras praias do litoral baiano. Alguns, segundo depoimentos da crónica local, até se prostituíram. Tornaram-se ricardões de madames turistas desacompanhadas que vêm de outras cidades e até do exterior. Essas madames, segundo algumas fontes, se dão ao luxo de reservar belíssimos apartamentos nas pousadas, nos hotéis e nos resorts para elas e para seus parceiros. São mulheres cheias de grana, e que chegam a Itacaré afins de uma aventura quente. Chegadas à cidade-revelação turística da mata atlàntica baiana, elas procuram esses ricardões de peito sarado, saradões, atletas vigorosos e escolhem-nos como parceiros absolutos de todo o tipo de divertimento, comensais também nos belos e luxuosos restaurantes. O William que vive um lindo e bem sucedido romance familiar com a poderosa baiana cozinheira do Casarão Amarelo confirma tudo isto como parte da realidade da cidade aninhada na orla do rio Contas.
É no espaço romàntico da varanda do Casarão, que dá vista para a orla, que rola o depoimento de alguns cidadãos itacarenses e do William. William tornou-se no dia de hoje o baluarte comercial da garrafeira do casarão. Não tinha lista de preços mas dispunha-se a vender. Parece que o meio termo foi mesmo a idéia da taça. Entre risotto de camarão, lagosta e surfe tudo é matéria de crónica. Na orla, há pesqueiros iluminados. Lá mais em baixo o farol. Algumas ondas mansas que chegam à orla. À volta da nossa mesa, o William, servindo, atendendo. Suas proezas, seu passado de garotão de praia e agora seu compromisso com a baiana poderosa que fez dele o vassalo de todas as causas e o capitão de seu porto.

João Ferreira
Itacaré, 16 de julho de 2009
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