A Seleção Brasileira de todos os tempos
Carlos Claudinei Talli
Condição obrigatória para fazer parte desta lista de possíveis escolhidos: ter jogado na seleção brasileira.
Goleiros: Gilmar, Castilho, Tafarel, Leão, Marcos.
Laterais Direitos: Djalma Santos, Carlos Alberto Torres, Leandro, Nelinho, Jorginho.
Zagueiros (central e quarto zagueiro): Mauro, Luis Pereira, Amaral, Luisinho, Djalma Dias, Oscar, Marinho Peres.
Laterais Esquerdos: Newton Santos e Junior
Volantes: Zito, Dino Sani, Falcão, Clodoaldo, Gerson, Carpegiani.
Meias-Armadores: Didi, Gerson, Rivelino, Ademir da Guia, Jair da Rosa Pinto.
Pontas de Lança ou meias-ofensivos: Pelé, Sócrates, Zico, Zizinho,Ronaldinho Gaúcho, Kaká.
Atacantes: Garrincha, Cláudio Cristóvão do Pinho, Julinho, Pagão, Coutinho, Canhoteiro, Jairzinho, Tostão, Edu (do Santos), Romário, Ronaldo, Reinaldo.
Desses nomes vamos tirar os 11 escolhidos e posicioná-los no sistema 4-4-2, o mais usado atualmente e também nas Copas de 70, 82, 94 e 98.
Reitero que essa escolha representa apenas a nossa opinião. Somente na lateral direita temos as nossas dúvidas, porque os três indicados teriam, praticamente, as mesmas condições.
Gilmar, Carlos Alberto Torres, Mauro, Luis Pereira e Newton Santos; Zito, Gerson, Didi e Pelé; Garrincha e Romário (Ronaldo).
Gilmar: foi o mais completo goleiro brasileiro. Bicampeão mundial pela seleção e bicampeão mundial pelo Santos. Era um goleiro que, à s vezes, como qualquer ser humano, cometia uma falha grave (engolia um `frango´), porém, não se abatia e se recuperava imediatamente, salvando o seu time, muitas vezes, no mesmo jogo. Por isso foi apelidado de `São Gilmar´. Isso só viria a se repetir, recentemente, com o `São Marcos´ do Palmeiras, principalmente na Taça Libertadores de 1999.
Carlos Alberto Torres: o capitão da seleção de 1970. Num time que tinha grandes líderes como Piazza, Gerson e Pelé, imaginem a personalidade e a liderança que um jogador teria que possuir para ser o capitão do time. Além dessa qualidade principal, tinha categoria suficiente para jogar em qualquer posição da defesa e do meio de campo, com a mesma desenvoltura e competência.
Mauro Ramos de Oliveira: sem dúvida o mais clássico e elegante central brasileiro que conheci. E nem por isso perdia em eficiência.
Luis Pereira: além da sua indiscutível qualidade técnica, projetava-se para o ataque com uma proficiência digna dos grandes craques. Nessa qualidade superava todos os demais.
Newton Santos: `a enciclopédia do futebol´. Jogar futebol para ele parecia uma simples brincadeira. Esbanjava talento com uma plasticidade incrível. E, ainda, era um malandro do futebol, no bom sentido. Lembremos daquele lance contra a Espanha, em 1962, o Brasil já perdendo o jogo por 1x0, em que, após ter cometido um pênalti claríssimo, ludibriou o juiz que estava longe do local da falta, ao dar um passo para fora da risca da grande área, dando uma de `Migué´. Com uma derrota naquela partida teríamos sido desclassificados já nas oitavas de final. Depois fomos campeões!
Zito: tinha todas as qualidades de um grande jogador, no entanto, a que mais se destacava era uma liderança que se impunha naturalmente. Além, é claro, da garra impressionante. Ele queria ganhar todas, inclusive as partidas de jogo de botão disputadas na concentração.
Gerson: na realidade, era um meia-armador, porém, como foi, provavelmente, um dos jogadores brasileiros mais inteligentes que já surgiram, facilmente se adaptaria na função de 2º volante. Aliás, no jogo contra o Uruguai na Copa de 70, ao perceber que estava sendo marcado de uma maneira implacável e, por isso mesmo, não iria ter a liberdade necessária para armar o time, quando o Brasil perdia o jogo por 1x0, inverteu de posição com Clodoaldo, mandando-o para frente. E foi exatamente Clodoaldo que, ao se projetar para o ataque, empatou o jogo no momento mais difícil daquela partida. Na realidade, mesmo nos outros jogos, Gerson jogou como um 2º volante. Era um técnico dentro de campo.
Didi: como Newton Santos, também poderia ter sido chamado a `enciclopédia do futebol´, tal a categoria e o conhecimento que possuía sobre esse esporte. Também, como Zito, Mauro, Gerson, Pelé, Newton Santos, Luis Pereira e Carlos Alberto Torres, era um líder natural. Ficou na história das Copas sua atitude após o Brasil sofrer o 1º gol do jogo, contra a Suécia, na final da Copa de 1958. Ele pegou a bola com as mãos, no fundo do gol brasileiro, e, calmamente, levou-a até o centro do campo, caminhando lentamente, dando uma demonstração de tranquilidade na hora mais difícil daquela decisão. Depois, o Brasil viraria o jogo e ganharia por 5x2.
Pelé: na Suécia ele atuou na sua verdadeira posição, como atacante. E assombrou o mundo. Já no México, 12 anos depois, mostrando uma noção de conjunto extraordinária, jogou como o 4º homem do meio de campo. Fez de tudo, e foi considerado o melhor jogador da Copa.
Garrincha: como no caso de Pelé, nem precisaríamos justificar sua escalação na seleção de todas as épocas. Na Copa de 1962 foi o grande responsável pela conquista do bicampeonato. Na ausência de Pelé, assumiu toda a responsabilidade, e ganhou praticamente `sozinho´ aquela Copa. O Brasil já era um time envelhecido e decadente. Aliás, na história de todas as Copas do Mundo, apenas três jogadores tiveram um comportamento similar: Garrincha em 62, Maradona em 86 e, de uma maneira apenas um pouco menos incisiva, Romário em 94. Sem eles, certamente o Brasil (decadente), a Argentina (tecnicamente fraca) e novamente o Brasil (covarde) não teriam ganho aquelas Copas!
Romário: apesar do seu comportamento extra-campo e da sua pouca disposição para treinamentos, suplantou todos os concorrentes na difícil posição de artilheiro, com um aproveitamento espetacular e uma categoria inigualável. Imaginem se ele treinasse como os demais!
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