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cronicas-->Os paradoxos da globalização no futebol! -- 26/07/2009 - 19:02 (Carlos Claudinei Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os paradoxos da globalização no futebol
Carlos Claudinei Talli

Já mostramos anteriormente o que pensamos sobre o futebol-empresa, a lei do passe e a globalização no futebol, nos atendo aos resultados nocivos provocados.

Agora, vamos tentar encontrar alguma consequência positiva que, porventura, como um efeito colateral não previsto, possam ter causado.

Logo nos surge uma idéia: antigamente, até a década de 70, pouquíssimos jogadores brasileiros eram negociados para o exterior. Se contarmos com atenção, em 30 anos, usaremos aproximadamente os dedos de apenas duas mãos. Senão, vejamos: Evaristo Macedo, Valdo, Julinho e Altafini, nos anos 50; Didi e Amarildo nos 60; Luis Pereira, Leivinha, Paulo César Caju, após a Copa de 74; Rivelino no final dos 70. A debandada começou a se acentuar nos anos 80 - Falcão, Cerezo, Zico, Sócrates, Júnior, Zenon etc. -. E daí para frente foi aumentando num ritmo alucinante.

Naqueles tempos, fins dos anos 70, os torcedores sabiam de cor e salteado as escalações dos times, pois os jogadores permaneciam no mesmo clube por vários anos. Como exemplos, podemos citar o Rei Pelé, que ficou 17-18 anos no Santos; Roberto Rivelino, 10-12 anos no Corinthians; Ademir da Guia, Zico e Junior, aproximadamente uma década no Palmeiras e no Flamengo, respectivamente; Sócrates, 5-6 anos no Corinthians, etc., etc. Os três últimos ficaram em seus clubes até o início dos anos 80.

Em decorrência, os novos talentos que iam surgindo tinham poucas chances de jogar nos principais clubes do país, pois esses, como já foi lembrado, mantinham sua formação titular por muitos anos. Ainda existia mais um fator complicador: quando, finalmente, uma revelação era lançada no time principal, a pressão exercida pela torcida e pela mídia era imensa, porque a comparação se tornava inevitável com o fantasma do `fora de série´ que estava sendo substituído. Desse modo, muitos possíveis candidatos a craques eram queimados e não conseguiam se firmar, desaparecendo logo a seguir ou permanecendo vários anos no clube como promessas que nunca vingavam.

Como jovens jogadores poderiam substituir, mesmo que fossem dotados de uma técnica refinada, `monstros sagrados´ da envergadura de um Pelé, de um Ademir da Guia, de um Rivelino, de um Zico ou de um Sócrates, por exemplo?

Para realçar essa realidade, lembro-me de um caso típico acontecido no Corinthians dos anos 70 com um excelente meia-armador chamado Adãozinho. Era um craque de encher os olhos, entretanto, permaneceu o eterno reserva de Rivelino, e acabou desaparecendo do futebol de uma forma melancólica. Casos como esse aconteceram aos borbotões e seria cansativo nomeá-los.

Atualmente, com a globalização do futebol, percebemos que o cenário é completamente diferente. Os grandes clubes brasileiros raramente conseguem manter o mesmo plantel por mais de um ano, e esse rodízio de jogadores está adquirindo uma velocidade cada vez maior, chegando, em muitos casos, à duração de um único campeonato, aproximadamente seis meses.

Essa realidade traz inúmeros prejuízos ao futebol brasileiro, que já foram analisados em artigos anteriores, porém, um efeito colateral positivo surge produzido exatamente por essa rotatividade desenfreada.

Como os clubes são forçados, por motivos estritamente económicos, a montar e desmontar novos plantéis a cada seis meses, os jovens jogadores, que se destacaram nas categorias de base ou foram contratados junto a outras equipes de menor expressão, têm muitas oportunidades de serem lançados no time principal. E como as estrelas que foram negociadas não tiveram o tempo suficiente para se tornarem verdadeiros ídolos da torcida, e muito menos para atingirem o nível dos eternos `monstros sagrados´, a pressão sobre as jovens promessas se torna menor e as possibilidades de que suas carreiras dêem certo aumentam consideravelmente.

Não é por acaso que o Brasil nunca revelou tantos bons jogadores como após a globalização do futebol, tanto que, num outro artigo, cheguei ao exagero de escrever que a grande vantagem do futebol brasileiro, em relação aos demais, é que ele revela um craque a cada `meia-hora´.

E os Ronaldinhos Gaúchos, os Kakás, os Diegos, os Robinhos, os Ernanes, os Lucas, os Andersons, os Denílsons (Arsenal), etc. estão aí para mostrar esse incrível potencial que só o nosso futebol tem, e que a globalização desse esporte aumentou de uma maneira simplesmente assustadora.

Meus amigos, após muito pensar, cheguei à conclusão que esse foi o único efeito colateral positivo, e não previsto, que essa terapia da globalização, tal qual um remédio muito forte ministrado a um paciente em estado grave, produziu.

Os demais foram extremamente nocivos, e temo que possam vir a ocasionar a morte do paciente - leia-se, dos nossos clubes -.


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