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Artigos-->1920: A ESCRITA AUTOMÁTICA DOS SURREALISTAS (uma tradução) -- 14/06/2001 - 21:05 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
[Assim se inicia "La Glace sans tain", o texto que abre "Les Champs magnétiques", volume publicado por Breton e Soupault em 1920.]



Trad.: zé pedro antunes





Prisioneiros de gotas d’água, nós não passamos de animais perpétuos. Correndo, atravessamos essas cidades sem ruídos, e já não nos tocam os cartazes encantados. Para que servem esses grandes entusiasmos frágeis, esses pulos de alegria dessecados? Não mais que os astros mortos, é tudo o que sabemos; observamos as fisionomias; e suspiramos de prazer. Nossa boca, mais seca do que as praias perdidas; nossos olhos gravitam a esmo, sem esperança. Nada além dos cafés onde nos reunimos para ingerir bebidas frescas, esses destilados fortes diluídos, e as mesas, mais pegajosas do que as calçadas, sobre as quais tombaram, da véspera, as nossas sombras mortas.



Com suas grandes mãos frias o vento às vezes nos circunda, e nos põe colados às árvores pelo sol desfolhadas. Rimos, nós todos, cantamos, mas já ninguém mais sente o coração a bater. A febre nos abandona.



As gares maravilhosas nunca mais abrigam: nos metem medo os longos corredores. Mais ainda há que sufocar, assim, para viver estes minutos planos, estes séculos em molambos. Outrora haveríamos de amar esses sóis de fim de ano, como às planícies estreitas por onde fluíam os nossos olhos, feito os rios impetuosos da nossa infância. Reflexos não há mais, nesses bosques repovoados de animais absurdos, com suas plantas conhecidas.



As cidades, às quais não amamos, elas estão mortas. Olhai ao redor de vós: não há mais que o céu, que esses grandes terrenos baldios que certamente acabaremos detestando. Tocamos com os dedos as estrelas que povoam os nossos sonhos. Lá, nos disseram que havia vales prodigiosos: cavalgadas para sempre perdidas nesse far west aborrecido que só um museu.



Os grandes pássaros, sem um grito, levantam vôo de partida, e aos seus apelos já não faz eco o grande céu estriado. Sobrevoam lagos, pântanos férteis; asas que afastam nuvens demasiado langorosas. Já não permitem que nós nos assentemos: prontamente se levantam risos, e bate uma vontade de gritar bem alto todos os pecados.



_______________________________



No site, o leitor vai encontrar ainda duas traduções que fiz de textos de Peter Wollen: "Entre marxismo e surrealismo" (em ensaios ) e "A vitória amarga do surrealismo" (em artigos ). Neste, o ensaísta inglês aponta a apropriação, por parte do capitalismo avançado, da técnica surrealista da escrita automática, com a criação do assim chamado "brain-storming".



Se o leitor quiser saber sobre as relações entre o movimento punk e o surrealismo, mediadas pelo situacionismo (Guy Débord, anos 60), confira "Uma das melhores idéias do século XX" (em artigos ).



Indicaria ainda as traduções que fiz de poemas do

único dadaísta alemão, Kurt Schwitters: "ELA XUXA COM XUXAS" e "DOZE" (em poesias ).

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