27 usuários online |
| |
|
Poesias-->O MAIS E O MENOS -- 03/04/2000 - 04:09 (Luís Sérgio Santos) |
|
|
| |
O MAIS E O MENOS
Desvendada
a inconstância
dos números
se aprende o - menos
se acende o - mais.
Menos:
a manhã salina sem pátio
na sombra das grades no chão.
Mais:
a saudade da árvore
num rosto sem sombra.
Menos:
o ruído da despedida
de gastar os braços.
Mais:
membros acenando
aos caminhos.
Menos:
o lavrador e a enxada
cavando as pedras.
Mais:
o trator como um grilo
sobre os olhos das plantas.
Menos:
pés nus
pisando ventos.
Mais:
o caminho da chuva
nos riscos do chão.
Menos:
o chão bebendo o rio
os peixes sem rumos.
Mais:
o rio parindo águas
entre pedras e cachoeiras.
Menos:
a fuga dos ponteiros
no esquecer de uma e outra hora.
Mais:
o tempo não parando
por escutar um relógio.
Menos:
os pombos
sem espanto nas praças.
Mais:
o banho das chuvas
sobre os animais.
Menos:
a morte de um pássaro
em vôo noturno.
Mais:
a revoada para céus
de segura ecologia.
Menos:
a mulher sem filhos
na varanda entre azulejos.
Mais:
várias crianças
desenhando sobre as paredes.
Menos:
o filme já deposto
sobre o branco da tela.
Mais:
a paisagem
devolvida a própria rua.
Menos:
a inconstância dos números
sem vozes no ar.
Mais:
a permanência dos símbolos
como uma tatuagem.
|
|