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cronicas-->A violência no futebol - Parte II -- 03/08/2009 - 11:47 (Carlos Claudinei Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A violência no futebol - parte II
Carlos Claudinei Talli


Nos países desenvolvidos, aparentemente, as causas da violência no futebol parecem diferentes daquelas que ocorrem nos países mais pobres.

Como a maioria dos problemas materiais já foi solucionada, a ausência de sentido para as vidas das pessoas é o motivo principal. É uma sequela, em outra dimensão, da mesma perda de identidade que a sociedade de consumo impõe a todos os seres humanos. Quando o possuir passa a valer mais do que a pessoa, fatalmente é isso o que acontece.

Nos países do 1º mundo, vive-se para trabalhar, trabalha-se para consumir, sempre mais, sempre mais, e chega-se ao hedonismo - o culto ao prazer - e ao individualismo. E perdem-se as ligações familiares e o próprio sentido da vida. E quando esse comportamento torna-se um fim em si mesmo, estamos próximos da infelicidade e, em decorrência, da violência!

Então, o que sobra nessas sociedades para combater esse estado de coisas é o aperfeiçoamento das legislações para aumentar a punição em relação aos crimes cometidos.

Esse fato ficou caracterizado na verdadeira matança que ocorreu em 20 de maio de 1985, na Bélgica, no jogo Juventus 1 x Liverpool 0, pela final da Liga dos Clubes Campeões da Uefa. Nessa ocasião, 39 torcedores, a maioria da Juventus de Turim, foram brutalmente assassinados pelos hooligans ingleses do Liverpool, de uma maneira premeditada.

Depois daquele desastre, os times ingleses foram banidos por mais de 10 anos das competições internacionais, e as leis inglesas se tornaram mais duras em relação a tais crimes.

Atualmente, dentro da Inglaterra, a coisa está relativamente controlada. Além da mudança na legislação, os estádios foram remodelados para que os potenciais praticantes de atos indesejáveis sejam identificados com rapidez e possam ser punidos - càmeras de televisão monitoram o comportamento das torcidas durante todo o tempo -.

Uma punição interessante, quando o crime não tem muitas consequências, é obrigar o transgressor a comparecer a uma delegacia de polícia exatamente no momento em que o seu time está jogando, e lá permanecer até o término da partida. E, isso, por alguns anos. Quando os crimes são graves, medidas penais compatíveis são tomadas.

Porém, ainda hoje, toda vez que os hooligans ingleses saem do país, alguma confusão eles aprontam, justamente porque se sentem mais livres em relação à possibilidade de punição. Há poucos anos, quando de um jogo Portugal x Inglaterra, em Lisboa, dois torcedores ingleses foram presos por promoverem arruaças. Inclusive, em todas as Copas do Mundo com a presença da Inglaterra, medidas extras de segurança são tomadas para evitar que esses torcedores provoquem problemas. Mesmo assim, algo desagradável sempre acontece.

Percebe-se com clareza que, interiormente, no àmago de cada indivíduo, nada mudou, e eles apenas se comportam socialmente quando enxergam que punições exemplares podem ser tomadas. Porém, essa censura interior cria uma verdadeira panela de pressão, que pode estourar a qualquer momento.

Nota-se que mesmo nos países desenvolvidos, apenas medidas de repressão foram tomadas, entretanto, nada se fez em relação às causas que levam as pessoas a ter esse tipo de comportamento anti-social. Muito pelo contrário, o chamamento ao consumo e ao individualismo, exercido pela mídia, está assumindo proporções exponenciais.

É lógico que quando os poderes constituídos estão prestes a perder - ou já perderam - o domínio da situação e a violência entra numa espiral crescente incontrolável, a repressão tem que ser exercida no curto prazo de uma maneira ostensiva. No entanto, há a necessidade de se ter em mente que a raiz do problema não foi tocada e, portanto, a solução definitiva não foi encaminhada.

Nos países pobres, essa solução definitiva e de longo prazo, como vimos no artigo anterior, passa pela inserção da maioria excluída na vida normal da sociedade, através do crescimento económico sustentável e de políticas sociais que promovam a melhoria do saneamento básico, da saúde e da educação para a maioria desassistida, e também por uma distribuição de renda mais equitativa.

Nos países desenvolvidos, que já conseguiram esse direcionamento inclusivo e distributivo, deve-se desenvolver uma preocupação maior com o bem estar psicológico das pessoas, que só é atingido quando elas conseguem sair do individualismo e do hedonismo, e passam a se preocupar com os problemas de todos os seres humanos, e não apenas com o seu próprio umbigo material.

A percepção de que a maioria dos seres humanos está vivendo com decência e esperança faz um bem danado para a identidade e dignidade das pessoas mais abastadas. Podem crer nisso!

Se conseguirmos chegar nesse estágio, certamente a maioria das formas de violência tenderá a diminuir e, em consequência, a do futebol em todos os países, também.
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