Aposentadoria
Adilton Arão de Medeiros
Quando pequeno, era uma criança responsável, estudiosa e educada. Desde cedo, para ganhar um dinheirinho, trabalhava fazendo carreto no mercado com um carrinho de mão. Não era um menino muito disposto a aventuras, aliás, era muito medroso. Da praia então nem se fala, quase morreu afogado. Até hoje tem trauma de água. Até pra se lavar, é um trabalho. Gostava muito de estudar. Comia muito peixe, pois diziam que tornava as pessoas mais inteligentes, e ele acreditava. Com o passar dos tempos foi estudando, se formou no científico, e foi estudar Engenharia Mecànica em Joinville.
Longe de casa, sem muita experiência, foi se virando até se formar, tornando-se o filho do seu "Arão", o Engenheiro. Nesta época eram poucos na cidade com essa profissão, por isso também era motivo de orgulho para a família. Conseguiu emprego na Empresa de distribuição de Energia do Estado.
Daquela criança medrosa, tornou-se um homem desbravador, conhecendo todos, ou quase todos os municípios do nosso Estado, encarando picadas, morros, rios, tempestades, de tudo que se possa imaginar. Com seu primeiro salário comprou um carro pro seu pai, antes mesmo de ter o seu, demonstrando toda sua gratidão ao progenitor, financiador e incentivador do estudo. Durante todo tempo que trabalhou nessa empresa, viajou muito e nem póde acompanhar o crescimento dos seus três filhos. Só vinha para casa nos finais de semana e, Ã s vezes, nem neles. Mas seu sacrifício era para poder dar todo conforto para a família: dar estudo nos melhores colégios para os filhos e construir uma bela casa para abrigá-los e ter de tudo dentro dela. Sua vida profissional foi carregada de muitas aventuras, amizades, histórias e estórias, cansaços, desafios, estradas, etc. Agora no final de sua vida profissional, irá se aposentar em alguns dias. Com 50 e poucos anos de vida, tem muitas dúvidas do que vai fazer na vida.
Uma coisa é certa, vai curtir muito os netos, como não curtiu os filhos, devido à s viagens de trabalho. Pensa em fazer alguma coisa como voluntário, mas ainda não sabe o que. Eu, como seu irmão, gostaria de dizer-te coisas bonitas, mas lembre-se que o escritor da família és tu, porém quero que saibas o quanto és admirado por todos.
Muitos te acham um pouco chato, mas é intriga da oposição. Uns nem gostam de jogar canastra contigo, exiges demais. Eu, porém, acredito que fazemos uma ótima dupla, mesmo quando está um mil e novecentos a zero contra, somos capazes de revertermos e sairmos vitoriosos. Mano, quero que descanses e curta muito a tua vida e tua família, faça algo que te dê prazer, que valha a pena. Não deixes o tempo passar, passe por ele, seja feliz.
Parabéns pela aposentadoria...
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