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cronicas-->PAGANDO OS PECADOS -- 25/03/2001 - 12:06 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PAGANDO OS PECADOS

Deus é mesmo um sujeito gozador, e vive pregando peças na gente... é como diz o velho ditado, aqui se faz, aqui se paga. Ou então, você colhe o que semeia. Ou ainda, quem com ferro fere... ah, deixa essas bobagens pra lá. O que me refiro é ao inusitado fato de eu estar exercendo mais uma atividade na minha lista: agora, além de engenheiro da Cambraia Engenharia, meia (boca) direita do glorioso Saldanha da Gama, cronista inusitado da SEMANA, piloto de caça espacial (já tirando a carteirinha de Jedi Knight), acumulo a função de professor no Colégio Paraguaçu, o Anglo daqui, dando aula de Geometria e Física para o colegial.
Estou gostando muito de dar essas aulas, pois além de ter Geometria e Física como coisas naturais pra mim, devo confessar que estou me divertindo bastante. Ser um professor é uma profissão belíssima, pois aprender é alimentar a alma (apesar de hoje em dia muita gente parece estar fazendo uma rigorosa dieta...). Mas a ironia do destino está mais relacionada com outro aspecto da minha situação: é que até pouco tempo atrás, eu estava do outro lado, ainda sentado ali na carteira. Ou seja, assoprando pedacinhos de borracha no tubo de bic, passando bilhetinhos e fazendo as piadinhas imbecis. Tudo bem, não faz tão pouco tempo assim, mas parece que foi ontem... ou melhor, semana passada... peraí, que ano que nós estamos mesmo?.
Estou sentindo que, na verdade, eu esteja já pagando os meus próprios pecados cometidos no meu colegial. Todas aquelas piadas que fazíamos e achávamos mortalmente engraçadas estão se voltando agora contra mim! E isso já começou no primeiro dia de aula, quando eu fazia a tradicional auto-apresentação dos alunos e um deles me diz um nome falso, tipo Licurgo, ou sei lá o que. Os outros quase morreram de rir, claro. E eu, parado ali, só conseguia me lembrar de um dia do ano de 89, quando eu estava no 3° colegial e uma professora nova fazia exatamente o mesmo procedimento de reconhecimento e eu, na minha vez de fazer a apresentação, disse que me chamava Barnabé. Achei o máximo, e todo mundo também riu da piadinha ridícula...
Outra coisa que me atacou como um flashback foi quando um aluno perguntava insistentemente o que era aquele "4 xis" (onde eu tinha escrito 4x, mas o "x" como sinal de vezes, como "4 vezes alguma coisa"), só pra encher o saco. Me lembrei instantaneamente de um dia que atazanávamos o grande professor de química Xavier, o Xaxá, e o Waldemar perguntou pra ele "que oxigênio era aquele no meio do benzeno?" (o símbolo do benzeno é um hexágono com um círculo no meio), só pra ver a cara dele de desespero...
Infelizmente, ainda não ouvi a mais clássica das clássicas piadinhas de sala, ou seja, dizer "presunto" ao invés de "presente". O Gambale era um mestre em responder "presunto", falando alto e muito seriamente. Era muito engraçado...
Outra coisa que ainda não acostumei, além de ser chamado de "senhor" pelos alunos, é tomar café na sala dos professores com os mesmos professores que deram aula pra mim. Ainda tenho a sensação de estar fazendo alguma coisa errada e de estar sendo levado injustamente para a diretoria (afinal, sempre fui um santo...).
Mas uma experiência interessantíssima é aplicar uma prova. É muito engraçado, o aluno tentando colar e pensa que o professor não está vendo! Ele acha que é o que? O homem-invisível? Ou o homem-borracha, que consegue esticar o pescoço até onde quiser? É patético...
De qualquer forma, a minha conclusão até agora é que as coisas realmente não mudaram quase nada desde o triênio 87-88-89. As piadinhas e brincadeiras na sala de aula continuam praticamente as mesmas, mudando somente um detalhe qualquer que esteja em evidência na mídia. A diferença é que naquele tempo eu quase me matava de rir, enquanto agora as piadas de sala já não são mais tão engraçadas. Coisa da idade. Deles e minha.

A SEMANA - 24/03/2k+1
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