Por um punhado de utopia
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Bons tempos àqueles das bravatas.
Dizíamos as verdades e elas eram únicas. Usávamos, no nosso dia-a-dia, uma camiseta com os dizeres “Hoje eu não tou bom”. E era um recado contundente. Deixando bem clara a nossa atitude de rebeldia, de mudança, de insatisfação.
O Partido dos Trabalhadores era puro. Virgem de poder. Virgem de vitória. O PT tinha a pureza ideológica. Atualmente o que percebemos é um modo de fazer política que a cada dia que passa o PT perde um pouco de sua virgindade. (Talvez seja possível, em política, perder-se a virgindade aos poucos).
Fico em dúvida se éramos puros ou ingênuos. Aliás, que fim levou a pureza da utopia? Não sei se continuo puro, ingênuo ou com um pecado de origem, mas eu ainda quero, pelo menos, um punhado de utopia...
Hoje, quais são os verdadeiros petistas?
Os ditos radicais que estão na iminência de serem expulsos? A maioria que está no centro do governo Lula? Os trinta deputados que assinaram um documento pedindo crescimento econômico já? Ou quem sabe a base silenciosa do partido que até o presente momento não foi ouvida e não foi chamada para opinar?
Enfim, onde está o PT? Onde estão os petistas?
Será possível fazermos alguma transformação social nesse país quando vemos o PMDB indo de mala e cuia para o governo. Sendo recebidos da mesma maneira que foram por FHC, ou seja, em troca de cargos. Será possível que a política continua a mesma. Um exemplo dessa mesmice estava escrito em um jornal, entre vários e vários cargos negociados. “Duas diretorias da CEF (Sarney)”. Parece brincadeira de mau gosto. Não interessa quem é mas sabemos quem indicará.
Não sejamos hipócritas. No Rio Grande do Sul há três eleições que o PT polariza com o PMDB. Não há diálogo entre esses partidos. Um quer o pescoço do outro.
Como esperarmos as mudanças tão prometidas e como acreditarmos na esperança se o horizonte nos reserva os mesmos sóis de antes.
O poder nos modifica. Ou nos modificamos pelo poder. Fazíamos bravatas e éramos autênticos. Hoje, como sermos coerentes com o nosso passado? Como não renegarmos o que fomos?
Será tudo culpa das bravatas.
Se forem para melhorar a inserção social do governo... Viva as bravatas!!
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