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Infanto_Juvenil-->A Fada do Orvalho -- 12/07/2006 - 19:40 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FADA DO ORVALHO



Numa terra muito distante, tão distante onde sequer os raios de sol ali batiam, ficava um castelo cercado por uma densa bruma, protegido por um fosso profundo.



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As pessoas que ali viviam não conseguiam sentir a força da vida. Na verdade, nem mesmo sabiam sorrir.

As plantas também não cresciam e as flores jamais se abriam.

Perto dali, muito perto mesmo, no galho de uma frondosa árvore abrigada dos perigos da terra, morava uma linda fada. Sua aparência era de uma menina, mas o coração, muito grande.




Vivia inconformada com o destino das pessoas que viviam naquele sombrio castelo.

Via pessoas lindas e tristes. Mas muito tristes, mesmo.

Não entendia porque elas não podiam saborear as coisas que a vida lhes oferecia. Não compreendia porque os raios do sol não despontavam, porque as plantas não cresciam, as flores não se abriam e as pessoas não sorriam...

Queria adentrar naquele mundo esquisito e levar a beleza e a alegria. Queria distribuir todas as cores que conhecia.

Contudo, qualquer tentativa seria inútil. Não tinha força suficiente para transpassar a imensa e densa bruma. Sem falar, é claro, no perigo de cair no profundo fosso que rodeava aquele enorme e cinzento castelo.

Sentindo-se impotente para mudar o cenário decidiu sair em busca de qualquer espécie de ajuda.

Aquela cena não poderia permanecer como se estivesse congelada.

Aquelas pessoas mereciam um destino melhor.

Foi assim que partiu deixando para trás toda a segurança da sua morada.





Partiu para o desconhecido, a outra parte daquela terra. Parte que via sempre bem de longe, mas nunca se aventurara e tampouco tivera motivos para tal. Afinal, vivia feliz na sua árvore e se encantava com o que dali podia ver, sentir e abraçar.

Sua partida foi rápida, tanto quanto o vôo, pois tinha a velocidade do vento e os olhos de águia que tudo podia observar.

Transpôs um vale imenso cheio de perigos quando de repente... sentiu-se sugada por uma força desconhecida.





Caiu próximo a uma cachoeira. A força da queda d’água a assustou, pois nunca havia visto antes uma água cair.

A imagem era linda, mas atemorizante.

Exausta pela viagem e descobertas adormeceu. Seu pequeno corpo esparramou-se em meio às folhagens macias.

Acordou no momento em que a noite se despedia.

Já era madrugada. Uma gota de orvalho se equilibrava sobre sua têmpora.

Parecia um cristal. Guardou-a próximo ao seu coração.





A cachoeira, vendo aquela linda fada tão delicada para com uma gota de orvalho, disse-lhe:

- “Não tenha medo de mim. Se você entrar nas cavernas que escondo em minhas águas poderá encontrar um tesouro precioso.”






Por que lhe dizia isso aquele gigante que jorrava água?

- Que tesouro seria esse? Pensava ela.

Quem sabe não poderia encontrar lá a ajuda tão esperada!

Com a velocidade do vento atravessou as primeiras águas e, repentinamente, viu-se numa escura caverna.

Assustou-se, imaginando ter sido enganada.

Pôs-se a observar tudo ao seu redor com seus grandes e espertos olhos.





Surgiu, não tinha idéia donde, com postura de ataque mortal, uma figura tenebrosa: um alado avermelhado de dentes afiados.

Desviou rapidamente e caiu sobre uma rocha. Atordoada, rolou ainda diante do segundo ataque.

Do outro lado da pedra havia um buraco. Escondeu como pôde o seu corpo amedrontado.

O alado vinha com fúria, mas não conseguia atingi-la.

Sentiu-se frágil e acabou perdendo os seus dons. Não conseguia sair dali e enfrentar aquele monstro.

Acuada, pôs a mão sobre seu coração e falou para si mesma:





- “Gostaria de me transformar naquela gotinha de orvalho, pois assim ele não me daria importância e eu poderia continuar a busca do tesouro.”

Mal havia articulado essas palavras transformou-se na gotinha de orvalho. Assim, assim... como num passe mágico.





Rolou com muito cuidado para não partir-se e conseguiu atingir o fundo da caverna sem ser vista pelo negro alado.

No entanto, as ameaças não haviam cessado. Deparou-se ali mesmo com a gigantesca teia. Uma aranha monstruosa guardava em suas malhas a arca o tesouro, conforme a cachoeira havia lhe falado.





O medo tomou conta de novo de seu corpo e suas asas amoleceram. Sentiu-se presa pelas pernas nas finas linhas da teia.

Imediatamente colocou as mãos sobre seu coração. A gotinha ainda estava lá, quietinha, escondida.

Sentiu-se de novo dotada de uma força incomum.

Desprendeu-se da teia, enfrentou a aranha e a destruiu com seus olhos de águia que a transpassaram como uma flecha.





Após desembaraçar todos os fios que acobertavam a arca, viu-se frente ao tesouro.

Quantas pedras preciosas brilhavam ali!

Colocou-as sobre suas pequenas mãos e apropriou-se do brilho.

Contudo, não havia emoção dentre aquelas gélidas pedras.

Jamais a emoção que sentira com aquela pequena e brilhante gotinha de orvalho em sua têmpora!

Para que então enfrentara tantos desafios e lutas se esse tesouro não seria capaz de levar luz aos seus vizinhos do outro lado da terra?

Percebeu neste instante que a gotinha de orvalho estivera por perto nos momentos mais difíceis de seus enfrentamentos.

Percebeu que ela a tinha tornado mais forte e decidida.

Percebeu que ela tinha se doado, perdido seu tempo com ela nessa busca em terras desconhecidas.

Aquela pequenina gota de orvalho, simples e majestosa era o verdadeiro tesouro que procurava e havia se alojado exatamente próximo ao seu coração.





Havia sido sua verdadeira companheira e a tinha cativado para sempre.

No caminho de volta a cachoeira não mais lhe causava medo, mas admiração.

Ficou grata a ela pela oportunidade de conhecer o real valor das coisas e de posse dos seus talentos, retornou ao seu mundo e à sua estrondosa árvore.

Do alto, lançou seu último olhar àquele castelo cinzento.

Colocou a mão sobre seu coração e transpassou a densa bruma e o imenso fosso.

Levou luz e calor para o castelo.







As pessoas que ali viviam deslumbraram-se com os fachos de luz, pois na verdade, nunca os tinham visto.

Não sabiam exatamente o que fazer diante de tanta luminosidade, mas, instintivamente seguiram o ritmo da natureza e começaram a crescer e colorir todo o imenso castelo que até então misturava-se com as brumas.

A pequena fada via agora um outro quadro: reinava a alegria com todas as cores e todas as flores na mais perfeita harmonia.

A história se acabou. As sombras se foram e a alegria despertou.







E digo mais, uma tristeza compartilhada com outras pessoas se torna meia tristeza.

Mas, uma alegria se torna duas, mil vezes msis alegre!


Heleida, 2005
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