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Cronicas-->manifesto: "Cê tá dominado?" -- 29/03/2001 - 12:58 (Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outro dia passando sob um viaduto no centro de São Paulo, involuntariamente lendo as pixações vi escrito "nasce" sem "S". Diante de tanta coisa que carece o ser humano de hoje, me dei a liberdade de respeitar a falta de um "s", sabendo que na verdade a falta do "s" simbolizava a falta de muitas outras coisas na vida daquele que "num momento de pixação" escreveu aquilo que eu ainda consegui decifrar. Mas fiquei pensando naquelas escavações empíricas que o ser humano, movido pelo desejo de conhecimento infinito, ainda hoje empreende em alguns lugares distantes do mundo e descobre sobre toneladas de cinzas manuscritos de um mundo antigo e através destes, estudam os hábitos e os costumes destas civilizações desaparecidas que se revelam através desses pequenos traços. Me dei o direito um dia de escrever uma carta e não conferir meus erros, atribuí-los involuntariamente a alguma flutuação da língua portuguesa do momento, deixando assim uma espécie de marca, de direção que as coisas poderiam estar tomando. Mas confesso que até hoje me irrito na internet quando com o computador não respeita meus insistentes acentos gráficos... Até aí tudo bem, se de repente não me desse conta da minha grande ilusão... Me veio na imagem a idéia de uma grande escavação, a cidade paulistana escondida sob as cinzas da poluição e aqueles homens do futuro com suas roupas brilhantes e suas máscaras de oxigênio, tentando decifrar as inúmeras pixações e descobrem o nasce sem "s", mas sou atirada do meio do meu devaneio apocalíptico pelo som da "música do momento", aquilo que toca em qualquer lugar, (olha que eu nem ligo o rádio e mais odeio do que amo a televisão) mas já estou "por dentro da nova onda". Já posso dizer que quase sei de cor a letra? Refrão? Não sei dizer...não tem definição... Aquilo que toca, toca? Não. Não toca. É enfiado pelos meus ouvidos. Está em todo lugar agora. Nos poucos segundos que ligo a tv, lá está ela, ou elas, se multiplicaram mais do que o mosquito da dengue... Ou vinham se multiplicando e eu que nao percebi... Mas eu sei que existe coisa melhor, eu sei! Porque cresci no tempo em que as coisas não eram únicas (olha que não sou tão velha assim) mas se tinha escolha. Se mudava de estação..., de canal..., fechava uma página e abria-se outra. Cresci tendo pelo menos a escolha no mínimo entre duas alternativas: o sim e o não... Mas tive escolha e com elas aprendi a escolher... Hoje vejo que o cidadão (se é que se pode chama-ló assim) que escreveu nasce sem "s" talvez não teve escolha. Talvez pela sua cabeça nunca passou a idéia de que nasce por um motivo estúpido qualquer tem um "S" no meio e que isso aparentemente não faz tanta falta assim, mas ele teve o direito de saber e de escolher e escrever do jeito que lhe convier e assim, através da escrita, simbolizar tudo o que sente e assim, também poder representar o seu mundo, da maneira que melhor achar manifestando para a civilização atual e futura seus sentimentos, seu mundo... Mas levada por aquela música fui entrando no mundo do nascer sem "S". O quê os homens do futuro vão pensar de nós na hora em que descobrirem uma gravação dessa música? Que "tava todo mundo dominado" ? Provavelmente... Mas eu sei que não está! Eu não estou! "Por que as pessoas que podiam escolher entre um "S" a mais ou a menos não se manifestaram, não disseram: "Não, não estou dominado, nós temos escolhas,nós podemos dizer, sou ou não sou a favor da divulgação pelas mídias desse tipo de música." Aqui não é um espaço da mídia para isso? As escavações futuras terão a escolha de dizer: "Não é bem assim, nem tudo tava dominado. Aqui tem nasce com "S", sim , existiam opções.." Ou será que vamos deixar que a cada falta de um "s" ou de outra letra qualquer por aí, simbolizando nossa acomodação, nossa dominação... O "S" sumprimindo coisas, um monte de coisas , coisas que fazem diferença na leitura do mundo de hoje (já estão fazendo muita falta, muita mesmo... estamos pagando um preço alto pela falta de um "s") e amanhã? Por isso eu manifesto, manifesto mesmo. Eu não tó dominado não e o que eu puder fazer para mostrar que nascer tem "S" meu filho, tem "s" ! Ainda tenho consciência de que nascer tem "s", ainda posso te passar isso, dentre as muitas coisas que aprendi e as muitas coisas que já esqueci (que foram dominadas pelo meu embotamento cultural, pelas muitas coisas que eu não tenho consciência de que escrevo errado, porque não tive escolha ou tava dominado...
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