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Cronicas-->Uma loira pink e uma juventude de fracassados -- 04/11/2009 - 09:47 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA LOIRA PINK E UMA JUVENTUDE DE FRACASSADOS

Pablo Emmanuel (*)

A recente baderna generalizada que ocorreu na Universidade Bandeirante, ABC paulista, envolvendo de forma vexatória a estudante de Turismo G. A. expõe novamente a chaga cancerosa de uma juventude despreparada eticamente, quando a questão é o mau uso que se faz da liberdade.

[Liberdade, isto sim... Que palavra cara! Antes, vamos recordar que não há somente um limite tênue entre sanidade e loucura, mas também entre mundo cá fora e penitenciária, razoabilidade e barbárie.]

Dez anos atrás, talvez esses baderneiros fossem adolescentes para os quais suas palavras deveriam ser a ordem do dia, acatada sem nenhuma contestação, enquanto eles se divertiam com brincadeiras tecnológicas e consumiam coisas de gosto muito duvidoso. São muitos os responsáveis pela deformação deles, desde a família, as escolhas individuais, até a cultura de massa, que rende milhões àqueles que desejam nos ver engolindo seus dejetos.

A reação fascista, desproporcional e absurda de parlapatões despeitados, de mocréias e até de alguns professores, segundo foi informado, poderia ter levado o fato a uma situação de linchamento físico, não bastando o massacre moral contra a estudante que trajava um curto vestido Pink e usava maquiagem para festa. Até então, nada de mais. Particularmente, como espectador, não vi nada tão curto que pudesse levar ao despudor e a uma vaia tão cretina, visto que toda mulher gosta de se sentir desejada e admirada, mesmo (e sobretudo!) na universidade, onde as paqueras, os namoros e os casamentos são possíveis.

Se fóssemos espancar cada ser humano que não usa um traje adequado para o ambiente que frequenta (e que o ambiente exige), não haveria mais papel onde imprimir boletins de ocorrência. Até em algumas igrejas mais liberais, têm peitos deliciosos e tenros que só faltam saltar para a palma da mão dos homens, que agradeceriam a Deus, ali mesmo, se isto acontecesse.

Entre tantas hipóteses, quais as que podemos levantar? Teria sido despeito dos homens, porque não conseguiam levá-la para suas camas? Despeito das mulheres, porque ela chamava mais a atenção (e agora ainda mais, de fato) do que as outras? Teria sido mesmo um desvio ético de uma coletividade que demonstra sua pequenez deselegante e sua insolência sem medida? Talvez porque G. pinte o cabelo ou seus olhos claros sejam lentes? Hein?

Depois que o Youtube popularizou a possibilidade de se postar uma palhaçada qualquer, todo mundo tornou-se ávido por ter uma chance de humilhar os outros publicamente, com registros à revelia. Não há ninguém nesse mundo que não ande munido de telefone celular para gravar qualquer bobagem e postar na internet, mesmo que isso custe a desgraça de outro indivíduo, para a satisfação horrível de um capricho, de um prazer-relàmpago.

É o namorado que convida a namorada para uma transa em casa, quando o quarto está preparado com uma càmera. Ela chega e se deita. Para mostrar virilidade, ou para se vingar sabe-se lá do quê, lá vai ele para o Youtube ou para o e-mail a fim de exibir o troféu, ou seja, a única glória de sua vida amebóide.

É o estudante que, ao invés de gravar uma aula, deixa o aparelho ligado apenas com a intenção de captar qualquer deslize do seu professor. Depois, ele pinça dentro de um contexto uma coisa aqui e outra acolá, maximizando-as, e formando um quadro distorcido, corrupto, ao ponto de destruir inteiramente uma imagem. Por nada.

Essa é a geração que padece da "Síndrome do Zina": não tem nada a dizer, pronuncia vocábulos monossilábicos, sem nexo, quando tudo termina numa grande gargalhada. É por isso que o mau gosto sempre ganha dinheiro. Porque há quem dê ouvidos a ele e nele encontre alguma "base" em que se apoiar.

É o playboy que, embora viva de "baladas" e bebedeiras, dentro dos cordões das micaretas em Salvador ou nos grotescos bailes de funk, onde os sujeitos brigam como galos empinados e as mulheres se entregam de graça, não tem a capacidade nem a compaixão de aceitar que uma mulher se vista à sua maneira ou que ela não lhe dê chance. Como não consegue se satisfazer dela, precisa acabar com ela.

É a garota safada, classe média, de boca suja, sedenta por esperma e uma coxa peluda que lhe esfregue as polpas enquanto lhe dá encontrões sobre o colchão, que não suporta o sucesso de sua parceira de gênero.

Não há mais o que dizer. Basta. Eis uma juventude de fracassados. Enquanto o que se espera dela é que seja o "futuro", contentemo-nos em vê-la partícipe do passado e autora de bobagens inomináveis para o presente, usando muito mal a liberdade de que dispõe.

Vitória para a Loira Pink, e derrota para seus algozes, que se foderam.


(*) Pablo Emmanuel é professor no Distrito Federal





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