308 usuários online |
| |
|
Poesias-->Noites de Solidão -- 23/09/2001 - 09:25 (Antônio Paim) |
|
|
| |
Noites da Solidão
Ali está o corpo da mulher
Linda, se confunde com fragmentos de um poema,
Com os passos de uma bailarina.
As mãos gesticulam, as pernas contornam a alma.
O riso de Andaluzia
percorre a sala em passadas na dança frenesi
Do açoite da chuva fria
A madrugada respinga no fogo que se mistura ao incenso.
Ali está a noite dos sonhos compartilhados
Entre loucos, tristezas, vozes sobre o nada.
Ali está o tecido da vida
Cobrindo as diferenças das desilusões,
Queimando o dorso da dança na pele
A faísca da voz como cello que se perde
Entre os olhares do vento que desnuda o vazio.
Ali está quem nos espia, fera solitária, que foge da solidão
Embebida no vinho que escorre corpo adentro
Feito esperma.
Ali está a mulher
Linda, feito noites de Andaluzia
Percorre a sala em sua dança,
Corta o fogo e o silêncio falando da infância.
Com suas pernas de poesia silênciosa
Que decifram os olhos da chuva fria, ali está a mulher.
Ali está a noite dividindo o fogo,
Um pouco da solidão, o vinho entre os dedos
Que mancha com as vozes a fumaça do incenso.
Ali estão seus passos vagos como o riso
Que espia a precisão das palavras da poesia
Ali está o vento soturno
Dando trégua a todos que se cruzam em noites bêbadas.
Ali está o som, as quebras e as partes
Rasgando nossas vidas como facas
Que imolam as tristezas no sapateado
Da mulher que ali está.
Antônio Paim
|
|