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cronicas-->Velho fogão vermelho -- 28/11/2009 - 23:10 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Hoje é dia 28 de novembro de 2009. Não é um dia de aniversário, porém de uma despedida. O velho fogão vermelho foi embora depois de vinte anos de bons serviços prestados a nossa família.
Usando como combustível a lenha, produto natural obtido em vários cantos do Paraná, aqueceu a casa branca durante muito tempo, trazendo conforto aos meus filhos, irmãos e sobrinhos, além de meus pais.
A comida feita num fogo de lenha exigia um pouco mais de atenção. Nada de ferver leite. Isso sempre causava certo frisson, pois limpar chapa de ferro com leite derramado é uma tarefa muito chata. O fogão também aquecia através de uma serpentina banhos, lavagens de louças, trabalhos domésticos diversificados. Sem falar na barba com água quente, deixando a pele mais macia.
Os rigores do inverno sulista sempre pareceram menores com o velho aquecedor. Vermelho porque era uma cor quente. Minha mãe gremista gostava do fogão, mas detestava o Inter. Acho que acendia o fogão como se estivesse pegando fogo no pé dos colorados. Aí vinha um chimarrão e conversas familiares, saudades do sul e planos para o futuro. O velho de metal assistia o desenvolvimento da família, a chegada da garotada a adolescência e os novos casais formados pelas emancipações decorrentes.
Tantos anos, tantos pratos, pinhão assado na chapa, calor que esquentava praticamente a totalidade dos recintos. Foram bons serviços.
O tempo foi passando. Mudou a dona da casa. O velho fogão vermelho foi ficando de lado. Virou depósito de pequenas coisas. Numa recente limpeza tirei os últimos paus de lenha para alimentar um churrasco. Ainda assim vi que havia pouca utilidade. Um camundongo sem vergonha resolveu ser inquilino do móvel metálico.
Diante de tanto abandono a solução foi encaminhá-lo para a adoção em outro lar, onde vai seguir seu caminho até os últimos dias, quando algum desavisado ache que deve ser derretido para dar lugar a pregos e quinquilharias burguesas. Se levar mais sorte entra numa construção civil misturado com aço.
Vai o fogão, com ele uma parte do coração da família. Seus bons serviços aqueceram corpos e almas. Com ele as lembranças de uma mulher forte que gostava de coisas vermelhas.
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