Ele ainda estava inconformado com a separação. Ele ainda esperava que os dois retornassem ao que era antes. Ele ainda alimentava esperanças. Esperanças essas que não mais existiam, a não ser na sua própria imaginação.
Era duro admitir que ela não voltaria. Ele não sentiria mais o frescor da sua pele e o gosto dos seus beijos. Agora, ela pertencia a outro. Era duro admitir, mas ela pertencia a outro.
Bêbado e carente, ele fantasiava. Ele a queria em seus braços novamente. No álcool, ele encontrava o consolo que tanto sonhava – tê-la novamente, nem que fosse por uma noite apenas.
Ele havia sofrido por muitos anos. Embora tivesse tentado reatar, ela não dava notícias, fazia questão de torturá-lo pedindo aos amigos em comum que dissessem a ele que ela havia morrido.
Ele havia percorrido todos os cemitérios da cidade em busca do túmulo dela para redimir-se. Enquanto isso, ela regozijava-se quando recebia notícias de que ele estava sofrendo.
No íntimo, ele sabia que essa história de morte era só para fazê-lo sofrer. Como não a encontrava, buscava-a nas esquinas, entre as prostitutas, e não se satisfazia.
Ele se arrependera profundamente de não ter tido um filho com ela. Talvez tenha sido essa a causa de tanto ódio da parte dela. Mas o que ela não sabia é que nos momentos mais íntimos, ele tivera muitas experiências místicas que o aproximaram da Consciência Universal.
Fria, ela nunca entendera isso, nunca parara para refletir sobre isso. Ele ficava triste. Ambos se amavam, porém um era água, outro era óleo.