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cronicas-->Parado! -- 07/12/2009 - 16:43 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Ei, cidadão, que tá fazendo parado aí?
Fazendo isso mesmo: tó parado aqui.
- Calma que a gente vai descer aí e acabar com a sua graça!
- Não estou fazendo graça, seu guarda. Só estou parado aqui. Isso é crime?
- Desce também, Farias. Olha, amigo, você ficar parado aqui pode ou não ser crime. Depende de qual que é a intenção.
- Sabe, seu guarda, eu não tenho intenção nenhuma. Só não tenho nada melhor para fazer e resolvi ficar parado aqui, olhando o movimento da estrada.
- Sei. O senhor mora aqui no condomínio detrás?
- Não, senhor. Quem me dera...Bonito lugar, né?
- O senhor tem documento?
- Tenho...Aqui.
- Checa aí, Farias: Plínio Barbosa Pinto. RG. 18.134.444-0.
- Positivo.
- O senhor não pode ficar parado aí, viu?
- Posso sim.
- O senhor tá incomodando a paz dos moradores do condomínio.
- Devo estar mesmo. Não sei de que jeito. Antes do senhor, já veio um carro de segurança e uma moto também. Queriam que eu saísse daqui.
- E o senhor não saiu por quê?
- Porque eu não quero sair agora. Mais tarde eu vou, que eu tenho um compromisso de família.
- Isso é vadiagem.
- Não é, seu guarda. Olha aqui minha carteira de trabalho. Tenho registro. Só estou de folga e gostei de ficar aqui neste lugar.
- Ai, meu Deus. E aí, Farias? Deu ficha?
- Tá tudo limpo, cabo.
- Caramba. Pensa bem, meu senhor, se coloca no lugar dos bam-bam-bam que moram aí. Eles morrem de medo de sequestro, assalto, violência. Tem gente muito abonada nesse lugar.
- Mas eu nem tó aí para eles. Eles estão lá dentro. Do muro pra lá é tudo deles. Aqui fora é a rua. É público. Nada me proíbe de ficar aqui, seu guarda.
- A gente pode dar um jeito de ser proibido, se o senhor não cooperar.
- Vou tentar explicar de outro jeito. Esse pessoal que mora nesse condomínio veio morar longe da cidade porque quis, né? Eles não perguntaram nem para mim nem para o senhor se eles deviam vir construir um condomínio de luxo no meio do nada. Antes de eles virem para cá, aqui era só mato. Não tinha asfalto, não tinha luz, não tinha água e não tinha esgoto. Agora eles moram lá dentro na mordomia. E o asfalto chegou até aqui, a luz também e o esgoto também.
- E daí?
- Daí que eles gastaram a grana deles lá dentro e eu não tenho nada com isso. Só que a luz, o esgoto, a água e esse asfalto que a gente tá pisando chegaram aqui com o dinheiro que a gente paga de imposto. No fim, eu ajudei, e o senhor também, a pagar o asfalto pra essa granfinada chegar até o castelo deles. Então, seu guarda, esse metro quadrado de asfalto aqui é meu também. Eu resolvi usar a parte que me cabe dele tudo de uma vez, ficando parado aqui, hoje, sem fazer nada, no meu asfalto. Isso é crime?
- Putz. Vou ter que falar com a Central...

*Publicitário e professor de língua portuguesa. Pensa: se socializam o ónus, que socializem o bónus!
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