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Infanto_Juvenil-->O milagre de uma folha -- 29/07/2006 - 18:26 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O milagre de uma folha




imagem:http://tkfiles.storage.msn.com



Receosa de que sua mãe a abandone como o pai o fez , quando se separaram há três anos, Zazita mergulha nas profundas águas salgadas de sua tristeza.

Pela primeira vez, permite que a avó sente-se na beirada de sua cama e a cubra como uma balinha enrolada (como ela costumava fazer quando sua mãe era pequena).

Acariciando suas mãos, a avó conta-lhe uma história:

“Quando eu era ainda menina, caminhava com meu irmão pelo campo quando avistamos um enorme formigueiro. Observamos bem de perto o quanto as formigas eram organizadas. Não paravam de carregar coisas. Uma infinidade delas. Uma atrás da outra...

Seguimos atentamente a fina e negra trilha que formavam sobre a terra carregando cada qual o seu peso nas costas.

Eu estava admirada pelo esforço que elas faziam para levar uma simples e pequena folha para dentro do formigueiro.

Enquanto me concentrava no que via, meu irmão chutou fortemente a montanha fofa de terra vermelha.

Imaginei ver sua grosseira botina ficar sem cor tal a covardia.

Tudo desmoronou numa fração de segundos...

Não existia mais nenhuma trilha organizada. As minúsculas formigas estavam espalhadas, desnorteadas, sem nenhum caminho a seguir.

Naquele exato momento compreendi o significado do desmoronamento de uma casa, de uma família. Tanto trabalho para nada...

Fiquei inconformada com a maldade do meu irmão.

Quando retornei àquele campo, após meses, meu pai assinalou o novo formigueiro que havia se formado no mesmo lugar.

Foi assim que aprendi, que aconteça o que acontecer, existe uma força interior desmedida em cada ser criado neste mundo - o impulso que o faz levantar-se do chão para começar tudo de novo”.

- “É o que a sua mãe arrisca fazer”, disse ela para Zazita. “A cada novo dia ela espera o sol nascer, joga no lixo uma folha de dor, junta mais uma folha de amor e a traz para dentro de casa. É desta forma que pretende recuperar a sua auto-estima, o equilíbrio de sua família. Você, minha neta, é o centro de tudo, a melhor parte, a jóia mais preciosa que seu pai deixou, quando partiu.”

Duas grossas lágrimas, as últimas daquela noite, caíram sobre o macio lençol de algodão, antes que oferecesse o rosto e um abraço para receber o afetuoso beijo da avó.

Na manhã seguinte Zazita acorda com o barulho dos pingos de chuva ainda batendo na vidraça. Coloca os óculos e vê claramente: não são lamentos, são cristais do céu. Tudo brilha lá fora com os reflexos multicores.


Heleida Nobrega Metello
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