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Cartas-->OLÁ QUERIDA -- 27/06/2005 - 13:59 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olá querida,

Fico sem palavras diante de um lamento como esse que você faz. Não entendo bem porque, mas ouço muitos deles, e meu coração fica dolorido por não poder fazer nada... Tenho uma dor como um peso por ver que são inúmeras as pessoas que passam por essa agonia (e eu me vejo longe dela), mas não tenho palavras para descrever o que vejo...

Já disse pra você (como pra outras pessoas), que vivo num paraíso, e não é com vanglória que o digo, porque não dependeu de mim para que estivesse nele. Fui trazido por mãos invisíveis, por sentimentos elevados, e por providência do mesmo naipe que nem de longe podem ser consideradas qualidades que possam ser aprendidas e praticadas por humano querer. Nem de longe eu penso que tenho algo especial para merecer isso, e portanto novamente digo que não entendo porque é que estou aqui...

Não é o lugar, nem o que tenho à volta porque tudo aqui seria motivo para um viver infeliz. Já me faltaram coisas essenciais à vida humana nesse lugar, e nem por isso eu quis sair dele. Já tive momentos de desespero quando também fui descartado como lixo, ou perseguido como um demônio visível, mas nem por isso eu deixei de ver o que vejo, sentir o que sinto, e querer o que quero... Por isso determinei também talvez não por minha força, que continuaria, e continuei, e continuo, na esperança de que tenha meus dias perpetuados nesse elevado caminho que ando sem saber bem dizer o que é...

Quando tento mostrar esse lugar onde vivo todos os que me ouvem pensam que estou falando de algo digamos, físico. E muitos ao mesmo tempo começam lamentar apontando para a agonia do lugar onde elas vivem, e com isso mostram a mim que não entendem o que falo, como se minha língua fosse estranha... Por isso não tenho como traduzir para a linguagem de todos o que é que se passa comigo. Porque vivo em um mundo à parte de tudo isso que se vê.

Porém se pudesse faria com que outras pessoas vivessem o mesmo. Já até tentei, mas se deu justamente o contrário, porque não é pra perto de mim que devem andar quando quiserem que seus pés povoem os caminhos elevados nos quais tive o privilégio imerecido de colocar os pés da minha alma... Quando tento, por exemplo, mostrar a riqueza que tenho as pessoas que vêem pensam que as jóias que mostro são bijuterias, e acabo passando por agonias iguais até que consiga desvencilhar do que me mostram como se fossem valores iguais... Outros pensam que minto, e francamente não sei o que fazer...

Gostaria de saber para dizer a você. Gostaria de ter conselhos para encaminhar quem quisesse o que vivo, mas não tenho infelizmente. Quando falo de Deus, as pessoas entendem o que ouviram das suas religiões, mas não tem nada a ver o que falo com o que ouviram. Pelo que eu sei nenhuma delas levou alguém a tão grandes alturas.

Não sei de muitas coisas que você fala. Pra mim é indiferente o sistema de governo, quem governa ou deixa de governar. Não sei nada de impostos, nem importa quantos crimes ou assaltos cometeram nesse último mês. Quando escuto as notícias de que falam tanto ouço outras tantas também inexplicáveis, e me aborreço de que me contem, mas francamente nem sei porque. E prefiro mil vezes o que ouço porque esse eco faz com que a paz reina em meu coração.

Também não é pelo cântico dos pássaros que vivem ao meu redor. Aliás, só presto atenção a eles quando alguém me chama para isso a atenção pensando que é por esse motivo que vivo no paraíso. Pensam que é por causa do silêncio ao meu redor que eu tenho paz, mas desculpe é justamente o contrário. Alguém que não esteja acostumado morreria de tédio sem ter os movimentos ao seu redor. E embora eu me aborreça com os barulhos, deixo de ouvi-los para prestar mais atenção no que tenho soando dentro do meu peito.

Desculpe. Ás vezes me excedo...

Beijos,
AS
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