Receita Caseira
Luís Gonçalves
A opção mais concreta que possuímos ainda é a velha sombra de uma mangueira. Mesmo depois do desentendimento ambiental. Além de generosa é a sombra mais adequada ao ritmo de vida de quem balança mais não cai.
Parece suspeito, mas a mangueira é a mãe dos grandes prazeres da vida. Para um simples mortal a sombra de uma mangueira é o único caminho para o repouso eterno.
Não sei o que levou os sábios doutores populares da nossa época saírem por aí a recomendar a pesca como medicina básica para acabar com o stress?! Mas, tudo bem.
Se todo mundo resolvesse pescar para espantar o nervoso nosso de cada dia assiste-ríamos o holocausto total dos peixes. As nossas águas ficariam infestadas de quê?
Deveria haver um campeonato de pesca somente entre pescadores esportivos. A galera iria fazer a maior farra com os marmanjos entortando a boca no anzol.
Nós precisamos livrar os nossos peixinhos dessa sina cruel. Temos que procurar outros meios.
Os peixes também são azarados pra caramba. Se não bastasse fazerem parte da nossa cadeia alimentar. O que não é nada fácil. É alvo da pesca predatória e agora aparecem como a bolinha da vez dos atletas nervosos.
Quanta responsabilidade. Têm alguns que perdem o olho, o dente, no desempenho do seu sinistro papel e não recebe sequer indenização pelo notável acidente de trabalho.
A maioria é ludibriada pelas iscas artificiais. Imagine só a criatura com um baita apetite; querendo matar aquele que está lhe matando e se vê pendurado num anzol somente para acalmar a vida de um eleitor arrependido?
Mas isso é a vida não comprometida. O peixe nasceu para morrer pela boca. Seja para matar a fome da comunidade ribeirinha ou para acalmar o ânimo do pescador desiludido.
O ser humano é tendencioso por capricho, tinhoso por opção e custoso por conseqüência. Fadado ao fracasso quando o assunto é preservação. Poderia dizer que o ser o humano é quase um assunto de degradação social.
Mas é o homem das causas impossíveis. Nasceu para importunar. Vive quebrando paradigmas. Por isso não se entende com o meio ambiente que combina com a preservação.
Sem dúvida a destruição é algo fascinante. Curte uma provocação desmedida pelo novo por isso é quase sem memória. Faz questão de jogar a culpa na saúde decadente.
Adora medir o umbigo alheio. É por isso que não funciona essa circunferência prosaica da mentalidade humana. Todo mundo joga na diferença. Pior que acerta.
Gosta da arruaça da construção. Ou desconstrução própria. Que contamina o óbvio. Envolve tanto com o progresso pouco construtivo. Mais esporádico.
Costuma lembrar apenas de seu lazer predileto. Aquela famosa mania de espalhar dor ao vento. Por isso confunde velocidade com bala de canhão.
No momento estamos assistindo a autodestruição política de vários segmentos tendenciosos. O bombardeio de vítimas e vitimados é tão grande que se o eleitor bobear um pouquinho, já dançou. Por isso fique ligado.
Tem uma: para buscar aquele tal equilíbrio psicológico não entre nessa de sair por aí a judiar dos peixes. Eles não têm nada a ver com isso.
A dica é: vá ali no Limpo Grande e adquira a legítima rede várzea-grandense. Que a turma insiste em falar que é cuiabana. Bem, pelo menos o PT está livre dessa.
Procure a boa sombra da mangueira e deixe as coisas no balanço do mar. Para quem teve a infelicidade de votar pela suposta mudança ainda há um consolo: 2006 vêm aí.
Não adianta querer subir num prédio de dez andares e se jogar. Não se esqueça: quem criou asas foram eles. Quem votou ganhou apenas um par de orelhas para ouvir o bafafá.
Pode esquecer aquela velha ladainha de que eles vão acabar com a fome do País. Depois do X-bagunça servido pelo Ibama, o resto é só salada de fruta vencida.
Olhe, fique na sua. Esqueça aquele sonho maluco de trocar o certo pelo duvidoso. Pense nessas pessoas que estão com a vida inviabilizada por causa do sistema.
Se você não pensar neles quem vai pensar? O cara que você votou nele está preocupado com o “mensalão”; nas horas vagas administra a crise interna.
Agora por favor, tome cuidado com o Curupira esse bicho é pra lá de destruidor. Quem será que teve a infeliz idéia de ressuscitar mais esse pesadelo?
Para quem viveu numa Pátria de chuteira, sempre empurrando pra frente Brasil, agora ter que sacrificar os até os inofensivos peixinhos em busca de paz, realmente a coisa mudou e muito.
