Desde pequena que aquele costume maldito vinha sendo cumprido diuturnamente. Sua falecida avó sempre dizia: Vou lhe contar a história do crime que foi descoberto porque o Delegado observou este mínimo detalhe. Mas até hoje, mesmo com a idade avançada ela repete todos os dias o mesmo ato. Quebra o palito em diversas partes após usá-lo.
A história que sua avó contava era assim:
Um homem matou o outro antes de chegar à cidade. Na hora da morte a vítima ainda disse estas palavras:
"_ Não existe crime perfeito, eu vou te seguir até que a Polícia te prenda!"
O Delegado ao chegar ao local do crime observou tudo, sabe-se que o morto fala, basta que o perito observe bem os detalhes, assim foi.
Após observação direta o Delegado viu que um palito de fósforo tinha sido usado e quebrado em várias partes. Cautelosamente juntou os pedaços e colocou num saco pequeno para perícia.
Por diversos dias ele andou nos bares, nas pousadas, nos locais mais frequentados porque sabia que o assassino não era da localidade.
Certo dia estando almoçando em um restaurante observou que um homem fumava e após usar o fósforo o quebrava em diversas partes e colocava ao lado. Fumou quase uma carteira, mesmo assim, após o indivíduo sair o Delegado juntou cada palito e os colocou em sacos e passou a seguir o elemento mais de perto.
Agora ele já sabia onde o assassino estava hospedado e a cada ato de acender um cigarro, ele juntava os pedaços do palito.
Ao Delegado não havia mais dúvidas de que o assassino era aquele homem e lhe deu voz de prisão.
O homem meio assustado perguntou ao Delegado se ele tinha provas de que realmente ele era o assassino, pois nem da cidade ele era e qual era a prova.
O Delegado junto com os policiais e nestas alturas acompanhado por uma multidão se dirigiram ao local do crime, lá o homem fumou uns dois cigarros e a cada ato repetia o velho hábito de quebrar o palito.
O Delegado juntou os pedaços e disse: _Eis a prova do crime. No local encontrei o primeiro palito que me chamou a atenção e assim comecei a observar quem tinha o costume de fazer isto.
Venho lhe seguindo por vários dias.
Diante das evidências o homem confessou o crime. Falou das palavras da vítima antes de morrer. A vingança estava feita. Não existe crime perfeito.
Esta história lhe fora contada há quase setenta anos. E aquela menina hoje, já em idade avançada, continua quebrando qualquer palito, da mesma forma que aquele homem fazia. Costumes malditos.
Londrina-PR, 23.02.2010
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