Uma febre de paixões me perpassou
e me deixou o corpo entorpecido e a alma doída.
Mas retomei a razão.
Cessaram o desvario e o delírio.
Abortei do coração os embriões das fantasias desejadas,
que só deveriam povoar a minha mente.
Restaram somente os ecos surdos dos estrondos
das armas da defesa do assédio à frágil cidadela
e do fragor da destruição de algumas crenças,
aparentemente intangíveis,
e de poucas convicções, fracamente resistidas.
E aquela dor fininha e gelada que, agora eu sei,
nunca mais me deixará.
1998
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