Véspera de natal, frio, neve, muita neve. Eu olho pela janela, de súbito tenho uma idéia.. corro até a cozinha pego uma cenoura, duas ameixas, vou até o armário de costura pego alguns botões, um pedaço de pano para servir de gravata e vou fazer um boneco de neve.
Primeiro o corpo, bem grandão e redondo, encho vários carrinhos-de-mão de neve e vou amontoando e dano forma hora com a mão ora com um rodo, pronto! Está pronto deve ter uns 3 metros de altura por uns dois de largura, é isso vou fazer o maior homem de neve que já existiu!
Com a ajuda de uma escada, que peguei dentro de casa, começo a moldar a cabeça com mais alguns carros-de-mão de neve, ela fica bem arredondada mas também muito grande. Enfio a cenoura no local onde deveria ser o nariz, as ameixas onde deveriam ser os olhos e o pano em forma de gravata no pescoço. À medida que vou descendo a escada vou espalhando os botões em linha reta descendente como se estivesse usando uma camisa.
Desço e olho para minha criação... está linda, mas falta alguma coisa ... o que será?
Ah!! A boca! E o que eu poderia usar como boca?
Em um estalo desço até a oficina e pego uma velha armadilha de caçar ursos que meu pai tem, subindo novamente a escada, coloco-a onde deveria ser a boca. Desço, e mais uma vez contemplo minha obra-prima, que agora além de ser o maior boneco de neve era também o mais assustador.
Espero meu irmão e meus pais chegarem ao verem o meu boneco todos tem um misto de admiração e espanto e me perguntam como consegui tal proeza, respondo-lhes com orgulho que foi em um lapso de inspiração.
A ceia de natal se aproximava, eu já havia tomado meu banho e estava com minhas roupas novas esperando dar meia-noite e fiz um desafio a Papai Noel:
- Se é que você existe me realize apenas esse desejo: Dê vida ao meu boneco!
Quando bateram 5 minutos para a meia noite eu fechei meus olhos para me concentrar melhor no meu pedido e só abri quando deram 0 horas e eu pude ouvir os gritos.
Mas... estranho! Os gritos não eram de feliz natal, mas sim de pânico, dor e horror.
Olhei pela janela e vi meu monstruoso homem de neve engolir meus familiares que gritavam em seus últimos segundos de vida.
Saí correndo para ver se conseguia salva-los, tarde demais e agora o monstro corria atrás de mim ele queria me pegar também.
E agora estou aqui em casa preso com o aquecimento ligado no máximo, morrendo de calor nesse frio. E o monstro está lá fora a minha espera.
Não sei quanto tempo vou durar mas sei de uma coisa, nunca desafie Papai Noel!