Suas costas deslizam
da parede até o chão.
O cansaço de toda uma vida
se resume em um suspiro.
Olha para o relógio:
ninguém mais virá te buscar.
Apenas o vazio de tua cama
acompanhará tua solidão.
Prepara teu corpo combalido,
se entregue de vez aos teus sonos.
Não, nem mesmo a sonhos
tens direito.; é teu calvário.
É tua sina estar sempre a esperar.
Esperas a chance de vencer,
esperas que alguém lhe dê filhos,
esperas o dia em que irás, de vez, morrer.
Mas não, nem a morte cedo terás.
O tempo é teu carrasco.
Olha para o relógio:
durma, meu anjo, durma.
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