A VIÚVA E O SACRISTÃO. (DE UM A DEZ)
Ana Zélia
A viúva desde criança sempre teve idéias que as usa até hoje.
A idade mágica aos adolescentes começa sempre na quinta série, a partir daí começa a ter vários professores, para cada matéria um diferente. A “tia” das outras séries fica para trás. São coleguinhas com cabeças diabólicas, sadias, professores sem assunto, ridículos, sem estímulos, com raras exceções.
Com os novos amigos aprendem o bom e o essencial pra vida. Foi lá que a viúva aprendeu o que vai contar agora.
Os números de chapa branca dos carros nos dão respostas urgentes e nos angustiam, ou nos alegram.
Vejam. Somam-se os números das chapas. Se o resultado for um (01), de certeza você encontrará alguém.
Se dois (02) dará tudo certo. Se três (3) dará tudo errado, é número azarento e só o sete (7) corta o malefício.
Se o resultado for quatro (4) verás quem te ama. O difícil é se saber quem nos ama.
Se for cinco (5) verás que tu amas. Ai o coração bate forte e acredite você verá de certeza ou falará com ele.
Se for seis (6) ciúme. O amor de sua vida passará em sua frente com alguém e você morderá a corda.
Se for sete (7) este é o número da sorte, corta os maléficos e nos diz que o dia será feliz.
Se oito (8) Surpresa, alguma coisa pode ser boa ou ruim, você verá acontecer.
Se for o nove (9), novidade. É tudo de bom.
São coisas que pode durar uma eternidade, aprendizagem com mais de meio século e dá certo até hoje.
A viúva se indagava: O que mudou nas escolas, nas fórmulas de ensino, de aprendizagem?
Destruíram as Escolas Normais do país, escolas que formavam professores, hoje os jovens que estudavam para a obtenção do primeiro emprego, como auxiliar de ensino, regentes de ensino, professores normalistas acabou. Não temos mais opção para a mão-de-obra da juventude que sonhava, sonhava.
Ouvi de viva voz de um menino de 7 anos que fugia da escola para soltar papagaios na rua,
desesperada a mãe foi ao Conselho Tutelar e pediu ajuda. A televisão ouviu o garoto que soltava pipa na rua com outros colegas,
este ao ser indagado porque fugia das aulas. Respondeu:
Não encontro nada naquela sala que me estimule a ir todos os dias da minha vida, lá tem uma senhora que só grita, vive de mau humor,
reclama a toda hora do dinheiro que ganha para nos ensinar. Qual será o meu futuro.
Na rua aprendo artes, soltar pipa é uma arte, jogo bolinhas, caroço de tucumã, luto, aprendo a me defender,
jogo bola, xadrez que estimula a inteligência. Aqui tenho tudo, só não devo me juntar aos meninos maus,
àqueles que usam drogas, roubam, matam. Por que ir à escola? Aqui tenho a melhor escola.
Sinceramente, a viúva teve vergonha de ter sido mestra de crianças entre quatro e seis anos, lecionar para os adultos.
Realmente falta estímulo aos professores, desde salário, acompanhamento psicológico e estudo.
Foi-se a época de magistério ser vocação. Ninguém vive disto. Precisam-se receber salários dignos. Coisas da vida.
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Londrina-PR, 03 de março de 2010.
Nota da autora- Quando criança era o satanás em figura de gente. Tenho um lado meio curvado de tanto carregar sacos de bolinhas de gude,
caroços de tucumã, tinha um tal de um “abofita” isto é, joga-se todas as petecas num círculo e
de repente havia um corre ao centro e tirava-se aquelas bolas que se desejava.
A brincadeira acabava, mas criança esquece rápido e logo, logo tudo voltava ao normal.
Tempos idos que não retornam.
Pobres crianças.
Repensem a escola, principalmente senhores Deputados, senadores, governantes deste País sem futuro. Ana Zélia
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