Os 25 anos da Cesma
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Escrever sobre os 25 anos da Cesma é aprazível e emocionante, pois nos provoca um infinito sentimento de solidariedade e algumas saudades perdidas. Aprazível porque a Cesma faz parte da vida e do cotidiano da gente. E emocionante porque nossas reminiscências passarão pelas imagens de companheiros que já não estão entre nós, mas que foram fundamentais na construção dessa cooperativa que tanto nos orgulha.
E quando nos repontamos ao ano de 1978, obrigatoriamente, devemos fazer uma reflexão acerca daqueles tempos de chumbo e sonhos utópicos. Nas passeatas exigíamos a democracia e nos panfletos pedíamos a anistia. Utopia era uma palavra muito usada naquela época. Mas foram os abnegados estudantes da UFSM que sonharam juntos e partiram em busca de uma utopia cooperativista.
Aqui cabem duas perguntas. Como dimensionamos uma utopia? Qual a realidade de um sonho? Talvez a Cesma faça parte de um pouco dessas respostas. Podemos afirmar com certeza que foram sonhadores e corajosos os universitários que fundaram a Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria há 25 anos.
Naqueles anos, as reuniões de estudantes eram vigiadas. Havia uma ditadura no país que perseguia e amedrontava. Qualquer manifestação estudantil era considerada subversiva.
Por isso as reuniões eram clandestinas. E, na clandestinidade, foi preparada e planejada a assembléia que viria fundar a Cooperativa dos Estudantes.
Na gélida noite de 16 de junho de 1978 foi convocada a assembléia de fundação. Nascia ali uma das maiores e bem-sucedidas cooperativas do Brasil. Uma cooperativa a serviço da cultura.
Uma entidade associativa fruto da cooperação, da dedicação e de muito trabalho. Podemos enumerar várias pessoas que simbolizam essa trajetória cooperativista. Mas são tantas e não há um nome que caracterize essa idealização. A Cesma nasceu devido a persistência e criatividade de muitos. Hoje, são mais de trinta mil associados que ainda constroem a Cooperativa dos Estudantes.
Se a Cooperativa dos Estudantes nasceu no Diretório Acadêmico da Agronomia, ocupando uma minúscula sala, hoje, ao comemorarmos o seu vigésimo quinto aniversário, podemos ver a concretização de um sonho no prédio que abrigará o Centro Cultural Cesma. Ironicamente, uma sigla (CCC) que foi muito utilizada pela ditadura militar.
Os cooperativistas que administram a Cesma e os que virão administrá-la, têm a responsabilidade de levar adiante o sonho dos estudantes que tinham a alma no mundo e os olhos postos no futuro.
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