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Contos-->O baile das figuras de linguagem -- 16/03/2021 - 22:56 (Carlos Alê) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O escritor conversava com a inspiração:



- Você desaparece e me deixa sem ter o que escrever.

- Você nem sempre me procura nos lugares certos.

- Sempre pensei que poderia a encontrar em qualquer lugar.

- E por que você não espera que eu o procure?

- Estou pensando em escrever algo sobre as figuras de linguagem... Vamos para a Cidade da Conotação?



Concordando em partir, embarcaram no trem do impulso criativo e logo chegaram na Cidade da Conotação.



- Onde mora a metáfora? Essa ilumina qualquer texto e não pode faltar.

- No Bairro das Figuras de Linguagem. É logo depois do Bairro dos Recursos Expressivos.

- Quem mora nesse outro bairro?

- A Metalinguagem, a Plurissignificação, a Intertextualidade, a Subjetividade, a Coesão, a Clareza, a Concisão...



Chegando no Bairro das Figuras de Linguagem, avistaram o Clichê recostado na janela da sua casa. Depois de se cumprimentarem a inspiração perguntou-lhe:



- Você sabe onde mora a Metáfora? O escritor quer escrever um conto e precisa dela.

- Não sei onde ela mora. Mas sei que é muito fácil encontrá-la. Todos na cidade a conhecem. Quanto a esse conto, eu gostaria de participar. Sem falsa modéstia, sou indispensável.

- Por quê?

- Eu ilumino qualquer texto!



O escritor ficou embaraçado com esta afirmação, mas deu o troco:



- Se eu escrever um texto de humor você será lembrado...



Antes de se despedirem, ainda foram convidados a entrar para beber um copo de “precioso líquido”. Agradeceram a hospitalidade e continuaram sua busca, passando nas ruas por figuras como o Glossema, a Epixeuxe, a Símploce, a Apofonia, a Paradiástole, o Quiasmo, a Histerologia, a Tapinose, a Parataxe, a Apodioxe... O escritor não costumava usar nenhuma daquelas figuras nos seus textos. Então encontraram uma antiga paixão dele: a Alegoria.



- Você quer falar com a Alegoria? - perguntou a inspiração.

- Não... Ainda não estou preparado. Não sei expressar tudo o que sinto por ela.



Dessa vez foi a Inspiração que desconfiou de algo nas entrelinhas, mas reconheceu que não era hora para uma declaração de amor. Seguindo adiante encontraram as irmãs Prosopopéia e Personificação. Foram convidados para uma festa que elas dariam em sua casa à noite. Ali estava a grande oportunidade de encontrar a Metáfora e as outras figuras que apareceriam no texto do escritor.



Naquela noite a casa das irmãs Prosopopéia e Personificação ficou cheia de convidados ilustres: lá estava a Hipálage envolvida num vaidoso echarpe; a Metonímia de azul; a Hendíadis com seu vestido de rendas e seda; a Hipérbole numa elegância nunca antes vista ou sequer imaginada por alguém; a Antonomásia, figura dos nomes, se divertindo muito; a Comparação, linda como uma flor aberta no sol da primavera; a Antítese, ora extrovertida, ora acanhada... E muitas outras presenças...



Mas também estavam presentes o Solecismo, o Preciosismo, a Cacofonia, o Eco, a Colisão, a Anfibologia, o Pleonasmo...



- Olha quantos penetras! O Pleonasmo ainda poderia mostrar requinte se tivesse mais fineza...



A Sinestesia cantava exalando toda a doçura de sua voz macia. A Diáfora escutava o canto num canto da sala. Era gracioso o vestido por ela vestido. O Poliptoto convidou uma convidada para dançar, a qual não recusou o convite. Era a Assonância, que já andava ansiosa pela chance de mostrar sua performance na dança. O Circunlóquio e a Perífrase, abraçados, rodavam por todo salão no ritmo da música, com passos sincronizados. O Epânodo não cantou nem dançou: não cantou por estar afônico e não dançou por causa de um calo no pé. A Antimetábole, que tinha ido ao baile apenas para marcar presença, era na opinião de todos uma presença marcante. A Aliteração foi flagrada feliz na festa. Já o Símbolo era um Narciso em sua vaidade. Disputava as atenções com o Paradoxo, que quanto mais discreto, tanto mais cativante. O Eufemismo mostrava a simplicidade de sempre. O Lítotes não fazia feio. E todos concordavam que o Oxímoro era uma visível ausência.



Então chegou a Metáfora vestida de encanto.



- Estão quase todos aqui. A idéia é narrar tudo que aconteceu nesta noite. Um nome interessante para o conto seria “O baile das figuras de linguagem”.



 



 



 


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