Usina de Letras
Usina de Letras
134 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50586)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Infanto_Juvenil-->Uma aventura nas águas da chuva -- 03/09/2006 - 15:54 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Soldadinho de chumbo:
preso no laço da história, solto no jeito de contar


O céu fica quase negro pelas inesperadas nuvens que o acobertam. Repentinamente torna-se arrogante, audacioso. Esbraveja pelos quatro cantos. Só se abranda depois de muito choro.

O menino brinca junto à lareira com seus soldadinhos de chumbo.

Por vezes, observa a chuva agressiva que começa a cair. Não gosta do seu olhar. “Ela bem que poderia jorrar água de forma mais mansa”, pensa ele.

É evidente que logo depois vem a calmaria. A chuva não fica para sempre, assim como os nossos problemas, as nossas dores... Ela vem, assusta e vai embora com a cara mais lavada desse mundo.

O menino olha novamente através da vidraça. As águas dão forma àquele pequeno rio que há pouco não existia e corre agora junto à calçada.

“Quem nunca brincou num rio parecido com este, não tem idéia do tempo bom que perdeu.”, penso, enquanto conto este conto.

As águas o convidam para a aventura. Faz rapidamente um barquinho de papel e coloca o seu soldadinho de chumbo predileto para que navegue e conheça um pouco da vida.

Afinal, ele mora numa caixa de madeira há quatro anos. Deseja sim, que seu brinquedo participe de uma pequena viagem para que possa olhar mais de perto, ouvir novos sons, tocar texturas diferentes, sentir outras emoções.

Entusiasmado, o soldadinho se joga no embalo das curvas com um medo danado, mas sorrindo de lado a lado.

O soldadinho é pesado. Pois não é de chumbo?

O barco é leve. Pois não é de papel?

Cada qual faz a sua mágica para manter o equilíbrio. O soldadinho arrisca tudo para não perder a pose de um bom soldado, contudo, acaba por cair dentro de um bueiro. Uma de suas pernas se desprende do corpo e segue solitária, na correnteza.

O menino havia tentado desesperadamente salvá-lo, mas em vão.

Retorna arrasado para casa. Carrega não mais seu amigo, mas o vazio nas mãos.

Por outro lado, a aventura continua mesmo contra a vontade do bravo soldadinho que há muito havia jogado o sorriso dentre as águas do parco rio.

As curvas chegam abruptamente. Busca o equilíbrio, mas é jogado de um lado para o outro como um perfeito joão-bobo.

Que falta lhe faz a outra perna!

Depois de muitos sustos o soldadinho cai finalmente nas águas do imenso mar.

Nem chega a conhecer sua beleza! É engolido por um grande peixe guloso.

As águas parecem escuras. Não vê mais o começo nem o fim. A esperança não está mais ali.

Teria ficado no barquinho?

Na história que conto, não sei para onde foi a esperança, mas sei do destino do peixe guloso: foi pescado e vendido bem barato no mercado da rua Capitão Fortunato.

Quem é que o compra? Veja se adivinha.

Claro! A mãe do menino, dono do soldadinho.

Ao cortar a barriga do peixe, quem está ali encolhido e injuriado?

- O valente brinquedo vestido de farda e sem uma das pernas.

O menino fica desnorteado com o ocorrido, mas feliz.

Pega o soldadinho machucado e dá-lhe um bom banho. Ninguém há de querer um soldadinho aleijado cheirando à peixe!

Faz um curativo em sua perna e o deixa descansar. Ele não parece disposto para brincadeiras...

Um dia se adiciona ao outro até que o soldadinho abre os olhos, espreguiça o corpo e desperta.

O menino pede desculpas por não ter conseguido salvá-lo da queda no bueiro e o abraça com afeto de irmão.

O soldadinho fala de sua aventura. Sua, porque poderia ter escolhido NÃO ir. Mas ele desejou aventurar-se.

O menino pergunta-lhe então, sobre sua perna. Como pôde suportar a viagem?

O bravo soldadinho fala que a necessidade de lutar para sobreviver faz qualquer um esquecer da perna que lhe falta.

“Quando não dá para ser de um jeito, a coragem nos oferece um outro jeito”, continua ele.

Na realidade, conclui o bonequinho de chumbo, uma perna é mais do que suficiente para que eu possa fazer a marcha que vai me conduzir aonde almejo chegar.

O menino escuta e não entende. Contudo, compreende que a história da perna não tem mais nenhuma importância...


(adaptação do conto de Hans Christian Andersen)
Referência: site http://dennis.d.zip.net/)
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui