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cronicas-->Amor Infinito -- 10/04/2001 - 02:45 (Martha Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMOR INFINITO!

Este texto é para um navegante cujo galeão considero meu segundo lar.


Lentamente como se emergindo da mais absoluta felicidade, uma mulher toma forma contra a luz do amanhecer que se apresenta ao dia que nasce através da janela aberta para a rua.
Ela se dirige para lá, o corpo está nú, nada entre ela e a luz do sol... Nada não, muito amor, uma aura que ofusca todas as cores que se possam imaginar.
Os pés nem tocam o solo, flutuam, como se a sensação de perda de peso se espalhasse e tomasse conta de todo o seu corpo de forma avassaladora, uma realidade deliciosa, um sonho feito realidade desde o início da noite anunciada. Uma verdadeira loucura de amor e desejo, agora satisfeitos, melhor ainda, saciados completamente.
A mulher na janela gira o corpo e observa a penumbra, resgata o vulto no fundo da retina de seus olhos, olhos de gata, jeito felino como se tivesse e soubesse de todos os segredos da noite. E ela descobriu que sabe, que conhece e que sabe o que fazer com eles.
Aproxima-se lentamente da cama, fica parada, assiste o despertar daquele homem com o olhar extasiado de paixão, de carinho, de amor, de amizade, afinal, eles são cúmplices de muitas eras. Esta não é a primeira vez que se encontram numa vida terrena, mas poderá ser a última. As forças da natureza fazem desse amor algo muito especial, especialíssimo para dizer a verdade.
Desde a maneira como começou até este momento que ela define como sublime ao fixar os olhos naquele olhar amado, que acorda preguiçoso e sorridente, que a provoca com beijos jogados de longe, que a chama de volta para seus braços, que a quer novamente com o desejo acendendo cada parte do corpo, tudo nesta relação foi premeditado em outro plano, foi tramado para acontecer assim: doce e selvagem como deve ser um grande e imenso amor.
Foram poucos segundos, poucos instantes na roda do tempo, mas que geraram uma corrente elétrica de milhares ve volts, um estouro fenomenal mas não real, um choque que se propagou pelo ar na direção dos dois.
A sensação maravilhosa de não saber quem era realmente, de ouvir suas queixas e dores, de presenciar seu sofrimento na alma imortal, foi uma experiência única e indescritível. De imediato surgiu o sentimento de posse, de querer para si, de saber que estava escrito.
Sim ela sabia, as suas cartas do tarot nunca a decepcionaram, sempre lhe deram respostas, sempre mostraram o caminho mesmo que o mais difícil. As cartas avisaram, elas foram amigas, mas que importavam? O que ela queria já estava decidido, queria aquele homem, ali, onde agora ele estava e todo seu.
Mas ainda havia algo a ser resolvido, um ponto apenas na imensidão daquele amor todo. Ela precisava contar a ele que não poderia ser para sempre, que era a hora agora, e depois fim. Estava escrito que voltariam a encontrar, como em todas as outras vidas seus destinos estavam fadados a encontrar-se, a existir como um só, e novamente a partir separados. Ela sabia que ele sabia, mas os dois eram covardes nesta hora como haviam sido em todas as outras vidas, eram covardes demais para partirem sozinhos com seus destinos.
A pergunta se repetia incessante em sua cabeça: porque tenho que deixá-lo? Porque se ele vai ser meu novamente em outra vida? Eu sei que é isso que vai voltar a acontecer. Porque não continuar agora?
Firme, inalterada, ela se curva na cama e ajoelha ao lado dele, precisa falar, precisa lembrar, precisam viver cada segundo deste encontro marcado pelo destino e repetido de forma eterna. Sorri, e as lágrimas começam a rolar, um choro silencioso que é imediatamente acompanhado pelo dele.
Os braços se estendem, as mãos se procuram, os olhos se enfrentam, e sem palavras os corpos se encontram, uma febre louca, um calor que incendeia tudo, que é banhado pela luz da manhã que surge, que abençoa, que limpa, que colore de todos os matizes que o Grande Criador do Universo pode misturar.
Nada há para dizer, apenas sorrisos, beijos, toques, carinho, entrega.
Mas depois de tudo, enquanto ele dorme, tranquilo, perdido no sonho e no sono, ela senta e começa a escrever, vai dizer-lhe desta forma simples: hora de partir meu amor, chegou a hora de cumprir o destino determinado, não podemos evitar. E novamente as lágrimas rolam, manchando tudo na folha branca recém-escrita.
Ela teimosa recomeça a escrever, seca as lágrimas, e retoma a escrita, diz ainda que se não o fizerem eles serão castigados sabem disso, conhecem as regras. Hora de partir, de ir ao encontro da outra metade de vida que lhes resta, repetindo novamente os desígnios já vividos em outros planos.
Só tem um detalhe que ela não sabe, mais alguém está ali naquele quarto iluminado pela manhã e pelo amor, um ser etéreo, que espera pacientemente sua protegida terminar sua tarefa tão dolorosa, cumprida durante tantas passagens de forma igual agora. Sim, porque cabe a ela dizer ao homem que é hora de separar-se, de partir em rumos diferentes. De cumprir a sina que lhes foi imposta em represália a um amor que eles juraram há muitos séculos não renunciar. E assim o fizeram, e por isso foram castigados.
O anjo parado atrás da mulher coloca uma das mãos sobre seu ombro assim que ela acaba de escrever, chorando desesperadamente.
Assustada ela sente a presença e o toque e se levanta, enfrentando aquele ser que há muito não lhe era permitido olhar. Sorri agora, sabe que algo vai acontecer, pressente como sempre quando algo vai mudar em sua vida. E espera quieta pelo que ele dirá.
Como que tocado pelo mesmo gesto o homem salta da cama e vem ao encontro deles, encara o anjo e questiona o tempo que ainda resta a eles dois, eles sabem que termina com a nova aurora que vai nascer, eles ainda tem 24 horas para viver, e grita para que ele se vá e os deixe.
O anjo sorri, toca a mulher no coração, toca a cabeça do homem, e diz baixinho: acabou, não mais estarão separados, serão a emoção e a razão, reunidos finalmente para transformar a humanidade nessa que os mortais preconizam como Era de Aquários. A responsabilidade é de vocês dois de agora em diante, precisam aceitar, só depois serão liberados.
Eles se olham sem acreditar, é a chance de ser feliz para sempre, sem medo de separação, sem mais partidas solitárias ao amanhecer. É o que sempre quiseram, aquilo pelo qual sempre esperaram.
A resposta foi única: Sim.
O anjo sorri e diz a eles que no conselho de anjos guardiães houve um impasse, e eles decidiram juntos o impasse. O destino agora é deles, a pedido do homem, que na última partida implorou ao Criador uma chance de ser feliz. A chance estava dada. Ele conseguira mudar os destinos dos dois, reunindo-os num só, juntos finalmente.
O abraço é longo, desesperado, incertos ainda do que foi dito e ouvido. Eles não acreditam, riem e choram ao mesmo tempo como se loucos fossem. Mas é a verdade, eles estão juntos nesta vida, não vão se separar, vão cumprir o mesmo destino de amor e vida num único projeto.
Deus, pensa ela com a carta nas mãos, quanta dor ali escrita, quanta saudade sentida em cada letra, e quanta felicidade estampada nos olhos do seu amado, ele a chama para seus braços, para a sua vida, para o seu destino, sorrindo sem parar ele beija aquele rosto amado e sempre esperado. Felicidade, este rosto estará em sua vida para sempre.
Abraçados eles ficam durante muito tempo deitados, até adormecer, sem medo, um nos braços do outro, para sempre mesmo. Para sempre. Nunca mais um sonho. Agora, sempre na luz da madrugada.
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