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Textos_Religiosos-->Identidade católica no campo da saúde -- 28/04/2008 - 16:50 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
É preciso manter a identidade católica no campo da saúde

Entrevista com o professor Pietro Quatrrochi

Por Marta Lago

ROMA, quinta-feira, 24 de abril de 2008

ZENIT.org

Manter e afirmar a identidade católica e trabalhar unidos para tutelar o direito de acesso aos meios de saúde como direito humano: são chaves que indicam a urgência de concretizar um tipo de federação mundial da qual está sendo expressão – dentro do Pontifício Conselho para a no Campo da Pastoral da Saúde – a Associação Internacional das Instituições Sanitárias Católicas (AISAC).

Ela foi a promotora, no Vaticano – de 3 a 5 de maio passado – do III Congresso Mundial dos Hospitais Católicos. «A atualização no ministério dos hospitais católicos» foi o tema da convocatória, para a qual o dicastério convidou mais de cem participantes de quarenta países.

A apresentação das atas do congresso, na quinta-feira passada, relançou aquele evento e seus chamados, esta vez com o tema «Hospitais católicos, qual o futuro?», em uma mesa-redonda realizada em Roma por iniciativa do Pontifício Conselho e sob a presidência de seu secretário, o bispo José Luis Redrado.

Membro da Secretaria da AISAC, o professor Pietro Quatrocchi se encarregou na quinta-feira de apresentar e sintetizar as atas do Congresso Mundial, de cujos pontos sobressalentes fala nesta entrevista concedida a Zenit. Ele é sacerdote, teólogo, professor de Bioética e presidente do Comitê Ético do Hospital da romana Ilha Tiberina da Ordem Hospitaleira de São João de Deus.

–Como começo a AISAC? Quais são suas dimensões e seus objetivos?

–Professor Quattrocchi: Historicamente, já nos anos 80 havia-se sentido a necessidade de pôr em comunicação as diversas estruturas católicas, não só as que os religiosos conduzem, mas também os bispos. Este projeto, que se chamava de «federação», não se moveu, ainda que tinha a atenção tanto da Santa Sé como do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde.

No final dos anos 90, retomou-se aquele projeto, mas sem fazer estatutos formais, por conselho das autoridades da Igreja, da Secretaria de Estado, como um convite a continuar, a pensar, a formular, dentro do Pontifício Conselho, um grupo de trabalho que realizasse um projeto de rede dos hospitais católicos. E se pôs em andamento um Comitê com representantes continentais – nomeados pelos bispos das Conferências Episcopais – que se reúnem duas vezes ao ano para analisar como estruturar tal rede que vincule planos, inovações, necessidades, soluções e, sobretudo, trabalhe para ajudar na manutenção da identidade católica.

Neste momento, existe o desejo de realizar esta unidade, como se ouviu nesta mesa-redonda, mas ainda continua sendo um projeto dentro do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, dado que carece de uma configuração jurídica e de autonomia.

–Então a AISAC existe de fato, não de direito...

–Prof. Quattrocchi: Exatamente. Tem voz, mas ainda não pode atuar autonomamente com um programa próprio. Como se expressou no debate [da quinta-feira passada], há muitas entidades e associações que reconhecem a necessidade de unir forças e estão dispostas a iniciar uma nova fase da evangelização da saúde, buscando os pontos comuns, também sob novas formas jurídicas e de acordo com os próprios bispos. Sobretudo, como disse o bispo José Luis Redrado e o bispo Sergio Pintor (consultor do dicastério, foi diretor do Departamento de Pastoral da Saúde da Conferência Episcopal Italiana N. do R.), se tomou consciência da dimensão de universalidade que reveste a problemática da saúde católica. A Igreja se constrói através da solicitude pela atenção do sofrimento e celebra sua visão sobrenatural do homem redimido através do ministério da morte e ressurreição de Jesus. Precisamente segundo a lição da «Salvifici Doloris», de João Paulo II, que evidenciou o valor cristão do sofrimento e a coerência ética que deve ser característica típica do estilo assistencial dos hospitais católicos.

–Qual é o vínculo concreto com o dicastério para a Pastoral no Campo da Saúde?

–Professor Quattrocchi: A AISAC continua sendo parte do programa do Pontifício Conselho, mas não uma Associação autônoma de leigos que realiza seu próprio projeto. Faz ainda «intelligence», investigação.

–Quem está representado?

–Prof. Quattrocchi: Há representantes da Ásia, Oceania, África, Filipinas, Europa, Canadá, América. O diretor da AISAC é americano, o Pe. Michael D. Place.

–Que passo se espera para concretizar este projeto?

–Prof. Quattrocchi: A formulação de um estatuto de Organização Não-Governamental adequada às diretrizes da Santa Sé, a fim de poder lançar uma entidade nova com estatutos próprios e com projeto próprio. Uma entidade juridicamente nova que seja capaz de programar intervenções concretas no campo da saúde católica com projetos compartilhados.

–Quais são os pontos prioritários para a AISAC?

–Prof. Quattrocchi: No congresso mundial de maio passado, viu-se vital em todos os continentes – para superar a secularização, para vencer a batalha da saúde católica – o fato de manter a própria identidade católica, não perdê-la: mantê-la e afirmá-la fortemente com o sentido de pertença dos agentes de saúde, com os valores das origens e do Magistério da Igreja Católica para a ética tanto administrativo-financeiro como de saúde.

O outro ponto é que se nós não trabalharmos unidos a todo o mundo para tutelar o direito de acesso aos meios de saúde para todos como direito humano, de partida perdemos.

Temos de representar o homem, devemos lutar pelo homem, para que o direito à saúde seja considerado de verdade na base da tutela da pessoa. Em particular lutando contra a exclusão, com a criatividade de programas integrados, com a defesa de mulheres e crianças, com a educação na compaixão como modelo de convivência inspirado no cristianismo.

–No Congresso de maio, que foi uma reflexão mundial, surgiram alertas, mas também soluções…

–Prof. Quattrocchi: O mais importante que se põe de manifesto é que as pessoas com mais necessidades são as que desenvolvem mais soluções, não no âmbito de sistemas de grandes hospitais, mas no âmbito de saúde de território na Ásia e América Latina. Por exemplo, a Ásia consegue realizar projetos dedicados à saúde básica dividindo o território em pequenos setores e confiando-os aos profissionais de saúde, não só médicos, também enfermeiros, auxiliares, obstetras, etc. assim se conseguem cobrir as necessidades de 80% da população.

O grande problema que persiste é a sobrevivência dos grandes hospitais católicos: na América, inclusive América Latina, e na Europa. Os hospitais têm dificuldade para manter sua missão e sua sobrevivência, a sustentabilidade econômica e a identidade. Por exemplo, nos Estados Unidos, no Canadá, também na Ásia e África, e na América Latina devem somar-se a outras realidades, públicas ou privadas; devem realizar fusões, ainda que mantendo a própria identidade. A Europa está vivendo este problema: vender ou requalificar-se ou unir-se a outros.

Lamentavelmente alguns já fecharam. Quem quer manter um hospital católico grande deve unir-se a outros, mas sempre mantendo a identidade católica com a defesa do direito à saúde. Não com fim de lucro: deve seguir sendo um projeto social sem fins lucrativos.

–Nem todos percebem do mesmo modo o conceito «direito à saúde». Também poderia ser oportuno recordar o que se entende por «identidade católica»...

–Prof. Quattrocchi: A identidade católica consiste na garantia de manter fidelidade ao Magistério da Igreja – se presta particular atenção à ética – e assegurar a todos – agentes de saúde e pacientes – a assistência religiosa para expressar as próprias necessidades espirituais não como resíduo cultural, mas como estrutura antropológica que define o próprio homem.

Por outro lado, falamos do direito de acesso à saúde, de garantir a possibilidade real de que as pessoas sejam atendidas, de que se lhes garanta o básico a todos como homens. Assim, o importante é o «direito de acesso», não o «direito à saúde», que é algo abstrato que também não existe sobretudo se se diz «direito à saúde» ligado à disponibilidade financeira. Nós não dizemos isto. Dizemos: direito de acesso às instituições de saúde para tutelar a dignidade da pessoa humana.

–Sublinhou a identidade católica aludindo à ética. O que se pode e o que não se pode fazer em um hospital católico?

–Prof. Quattrocchi: O essencial é o respeito à vida: não se pode interromper a vida, portanto: não ao aborto. O homem é tal desde a concepção até o final natural de sua vida. Não se podem aceitar transplantes com animais. Não se pode praticar a eutanásia. Não se pode praticar a obstinação terapêutica. Não se pode fazer «experimentos» sem o consentimento da pessoa. Não se pode abandonar o enfermo psiquiátrico. Não se pode abandonar a pessoa anciã considerando-a em estado de caducidade. Trata-se do respeito total da pessoa em toda fase de sua existência. Também para nós é uma opção fundamental garantir o processo natural do nascimento, da geração da vida humana: que uma criança nasça de dois progenitores, pai e mãe, que esteja claro que é a relação de amor a que gera o filho – é uma pessoa, não um produto – e que portanto se possa ajudar ao máximo esta relação dentro do matrimônio.

–Que outras emergências se identificaram no congresso de maio?

–Prof. Quattrocchi: O outro problema importante é o da saúde comunitária. A Oceania, por exemplo, tem este grande problema, uma emergência: saúde mental, alcoolismo, depressão.

Igualmente o desafio da África é enorme, porque à falta de recursos, à difundida pobreza, à chaga da aids, se acrescenta que o continente deve converter-se em sujeito de decisão nas coisas que o afetam. O desafio da Igreja na África é reconhecer a capacidade dos africanos que estão substituindo os religiosos estrangeiros nas obras, e dos leigos que devem assumir responsabilidades. Concretamente, o desafio da África é a formação de novos gestores e de novos religiosos, tudo isso com meios extremamente restringidos. Portanto, a questão é trasladar o modelo de saúde dos territórios asiáticos ou da América Latina, mas com pessoas formadas. Agora a África está passando a tomar em sua mão seu próprio destino, e aqui a formação é tarefa do bispo.

–De uma perspectiva positiva, também a globalização parece reclamar interdependência aos hospitais católicos do mundo. Como considera que se pode aproveitar este impulso?

–Prof. Quattrocchi: Antes de tudo é importante a comunicação, e temos esta carência. E mais, dentro do mesmo continente não se difundem as soluções para problemas análogos. Assim, é muito importante criar uma federação com uma coordenação estrutural e tecer uma rede para comunicar; isto começa a ajudar a selecionar os serviços e as necessidades. Em segundo lugar, instituir serviços centralizados, alentar projetos comuns e comunicáveis e sair do isolamento, porque os católicos frequentemente estão isolados. Juntos, os católicos podem exercer a tutela dos enfermos e necessitados testemunhando os próprios valores e respondendo à missão de curar confiada aos bispos pelo próprio Jesus.


Obs.: Aborto: aborte essa idéia assassina! (F.M.)




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