Leitorzinho amado
O fato de você gostar de meus textos sob o título “I Love You” é que me fez dar continuidade ao tema, sempre inspirada nas críticas – construtivas ou não – que me chegam por e-mail.
Recentemente, um desses simplórios que não deve saber ler, muito menos interpretar o que vê, contemplou-me com a seguinte mensagem:
"Ei! Por que é que tu, ó merda, em vez de ficart escrevendo coisa que ninguém entende, não vai enfrentar um tanque de roupa (ele nem sabe que inventaram a máquina), heim? Ou pilotar um fogão? Sua piranha!!!”
É bem verdade que o “português dele” estava tão irreconhecível que tive de “milhorá” um pouquinho sem, contudo, sair do estilo da coisa. E os adjetivos com os quais me classifica? Que primor literário, não? Não me inveje, não, leitor amado, mas disso é feita a vida...
Sob o aspecto, tão seriamente abordado pela “coisa” – assim o chamarei, pois não merece outra identificação – fico a matutar no que pode passar-se na cabeça de muitos machos ( digo macho, não homem... este é o diferencial importantíssimo...) para acharem que lavar roupa e cozinhar deva ser algo que envergonhe, ou diminua o caráter.
Depois, quando afirmo que isso “só pode ser coisa de viado” certos espécimes acham-se no direito de ficar enfezados. Pode uma coisa dessas?!
Não nego que ficar lavando roupa, faxinando casa e cozinhando todos os dias é muito cansativo. Afinal, tanto o fogão como o tanque não se expressam por metáforas, nem sabem escrever poemas ou rimar versos; muito menos entendem de literatura, de pores-de-sol na praia, gaivotas vespertinas na mira do peixe preferido, luares, amanheceres, estrelas cadentes... E mais um montão de coisinhas idiotas que só os sensíveis e de certo nível construtivo sabem apreciar...
Mas... Ninguém é culpado por ser o que é.
A propósito, e só para simples ilustração do significado da palavra HOMEM... Tenho um filho que só vem para casa nos finais de semana, pois a Universidade e o Estágio não lhe permitem voltar, pela distância... Mora sozinho e quando lhe pergunto por que não traz a roupa para que eu lave, ele com simplicidade me responde, com uma pergunta:
- Para quê? Quando chego, ponho a roupa do dia de molho e, antes de sair, pela manhã, já ponho pra secar, sem torcer, no cabide... O vento do sexto andar é tão forte que nem preciso da secadora, ou de passar...
Sabe qual é, na realidade, a frustração do “coisa”? Não?!
Ah... É não ter uma mãe que escreva sobre ele, como eu faço agora...
Beijocas!
Um misto de Camões e Renato Russo |