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Contos-->O dia do sol -- 13/08/2001 - 00:26 (Eduardo Henrique Américo dos Reis) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A tarde nasceu como faz todos os dias após as manhãs. As nuvens dançavam no céu azul do mesmo modo que dança a imaginação de uma criança levada. E ali, próximo ao horizonte, tocava a sinfonia das ondas do mar. As pessoas transitavam sem perceber o prazer de um belo trago de ar puro. Transitavam, até mesmo, sem notar elas mesmas.
Caminhando sem destino, um rapaz parece triste. Vê brotar todas as manhãs um novo dia, semelhante ao anterior. Um passeio pelas calçadas. Buzinas nos sinais. A voz gritada dos vendedores. Crianças a chorar. Cachorros dormindo ou vagando feito vagabundos. Os sorrisos amarelados. As pinturas sem lápis de cor. O cheiro sujo nas enchorradas. E a vida que corre parecendo estar parada.
Cada passo dado era um suspiro na esperança de chegar àlgum lugar, pensava o lado otimista do rapaz. Um homem dormia cansado na sombra abaixo do banco da praça. Foi quando o jovem se pôs a chorar. Pensou em lhe dar um abrigo, talvez uma roupa nova, talvez só um copo de refresco, um cãozinho amigo, talvez ele não pudesse fazer nada. E foi isso que fez.
Como é estranha essa tal vida. Como é estranho esse tal ser humano. A capacidade de raciocínio não vale de nada. Segundos são disperdiçados, centavos são valorizados e neurônios são aposentados e acabam perdendo o valor. Assim como os nossos avós, perdem o valor. Simplesmente perdem o que já não tinham.
Em lentos passos segue o rapaz com medo da própria sombra. Indagando a própria vida, a própria existência e também a existência de Deus. E crendo na forte presença do espírito maléfico de um anjo das trevas ou algo que o valha.
Caminhava em uma única direção enquanto seus pensamentos se perdiam entre idéias e visões. Ao chegar na areia da praia, encontrou o maior dos consolos, o mar. Tirou seus calçados e sentou-se no chão. Abriu um belo sorriso quando sentiu a areia molhada passando pelos vãos dos dedos. Observou como tudo poderia ser lindo, bastava querer. Esfregou as mãos sujas de areia no rosto, para, através do tato, provar desta que possui o mesmo nome do que o planeta.
Viu as nuvens que dançavam no céu do mesmo modo que dança a imaginação de uma criança levada. E ali, bem diante dos seus olhos, tocava a sinfonia das ondas do mar. Pais e mães sorriam ao ver os filhos levantando seus imponentes castelos de areia. Lá no céu o mais famoso dos astros brilhava como se fosse o próprio Deus. Como o criador de todas as vidas e de toda a felicidade. Poderoso, esbanjava vaidade fazendo os oceanos de espelhos que refletem a sua beleza.
Sim, bastava querer. E é isso o que o rapaz queria, nada mais do que alguns momentos de paz. Nada mais do que poder sentir-se vivo e fazer os segundos ao invés de esperá-los passar. Gozar com os deliciosos sorrisos das crianças felizes. Admirar a beleza das meninas faladeiras e dos garotos esportistas. Se divertir com os adultos e lembranças. Sentir-se vivo. E ter a certeza de que essa é a finalidade da vida, simplesmente sentir-se vivo.
Deitado na areia de olhos fechados, o rapaz curtia toda a imensidão do mundo. Conforme o tempo passava, o jovem relaxava. Em pouco tempo pregou os olhos e dormiu ali mesmo.
Enquanto dormia, o mar soprava a sua brisa, cada vez mais fria e forte. As nuvens, antes bailarinas, gritavam negras com seus trovões. As pessoas correram para as suas casas. A chuva veio congelada. Ele ali na areia, dormia como uma bebê limpo e sem fome. O vento ruidoso arrastava carros. O Sol perdeu sua força e beleza, perdeu todo o seu calor. Os seres que possuiam vida congelaram, igual a seus corações. Era tudo tão frio e triste. O Sol, a Lua e a Terra, agora, estavam iguais. Sem vida. Sem razão de ser. Sem Deus ou Diabo. Sem céu e inferno.
Na praia, coberta por uma fina camada de gelo, o rapaz acorda. Abrindo os olhos cheios de preguiça sente o frio dominando o calor do sangue que corre em suas veias. Ao olhar para o céu consegue ver apenas uma bola de neve gigante estacionada no espaço. Aquela mesma bola que ele jurava ser uma fonte de calor.
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