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Cronicas-->A UNIVERSIDADE DE BRASíLIA NA BIOGRAFIA DE CORA CORALINA -- 17/07/2010 - 03:06 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A UNIVERSIDADE DE BRASíLIA NA BIOGRAFIA DE CORA CORALINA
João Ferreira
Vila Boa de Goiás, 14 de julho de 2010


Visitei no dia 14 de julho de 2010 a casa Museu Cora Coralina, em Goiás. Uma alegria para mim. Ao visitar a nobre casa, não pude deixar de remexer a memória naquilo que me liga à querida escritora. Conheci Cora Coralina em 1978. Tinha ela 89 anos e compareceu à Universidade de Brasília, como convidada do Departamento de Letras e Linguística para autografar seu livro "Poemas dos Becos de Goiás e Estórias mais", publicado naquele ano pela Universidade Federal de Goiás, e fazer uma palestra para alunos e professores do Departamento de Letras e Linguística. Eu era, nessa altura, chefe do Departamento de Letras e Linguística e por sugestão do Professor Cassiano Nunes havia que abrir as portas da Universidade e superar preconceitos que circulavam em torno da figura de Cora Coralina, poetisa popular brilhante, mãe de família, lutadora exemplar, mulher do povo e doceira famosa que morava na Casa Velha Ponte na Vila Boa de Goiás, nas margens do Rio Vermelho, Cora era ao mesmo tempo não só uma poetisa e uma escritora popular, mas uma escritora talentosa e criativa a todos os títulos e por isso mesmo ao falar na Universidade deliciou a assembleia acadêmica formada por cerca de duzentas pessoas ali presentes. Falou num dos auditórios do Minhocão, bem pertinho da entrada sul, deu autógrafos e nos transmitiu sua sabedoria e sua alegria de viver.
Já lá vão 33 anos depois desssa sessão de autógrafos promovida pelo Departamento de Letras e Linguística da UnB. O ano de 1983 voltou a ser um ano importante que liga a biografia de Cora Coralina à Universidade de Brasília. Graças à mediação gentil do Prof. Paulo Sérgio Salles, neto de Cora Coralina e da pintora Joana Negreiros, sua amiga, a poetisa da Velha Casa da Ponte voltou à Universidade. Desta vez, proporcionando ao CALEL, Centro Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Brasília a oportunidade de organizar uma sessão especial e uma mesa-redonda em honra de Cora Coralina. O ponto importante da sessão realizada em 31 de agosto de 1983, num dos auditórios do Minhocão, passou a ser o lançamento do novo livro Vintém de Cobre (a primeira edição desta obra é exatamente do ano 1983) e ouvir a esplêndida conferência que a famosa poetisa-doceira de Goiás proferiu na Academia candanga. A sessão, presidida pelo professor João Ferreira, além do lançamento de Vintpém de cobre e da palestra de Cora, foi abrilhantada ainda pela saudação do escritor Cassiano Nunes, professor da UnB e velho amigo de Cora Coralina, que visitara na Vila Boa de Goiás, havia anos.A saudação feita por Cassiano, ainda inédita no arquivo pessoal do professor João Ferreira, seu antigo colega na UnB, a Cora Coralina, torna-se hoje uma peça importante quando historiamos a vinda de Cora Coralina a Brasília e à Universidade de Brasília. Nesse discurso, Cassiano historia sua visita à cidade de Goiás e enaltece a figura da mulher e da escritora Cora Coralina: "Cora Coralina, como poeta verídica que é, nos proporciona uma visão despojada e veraz de Goiás e do Brasil" - disse Cassiano nessa altura. Nessa sessão um dos destaques foi a mesa-redonda composta por Cassiano Nunes, João Ferreira e mais alguém cujo nome não lembramos neste momento. Foi organizada para dar a conhecer, avaliar e enaltecer o mererecimento literário de Cora Coralina. No auditório, além de muitos estudantes e professores da UnB, estiveram presentes também várias pessoas admiradoras da literatura e da figura lutadora de Cora Coralina. Entre os destaques conforme acima foi anotado, estava a figura do Prof. Paulo Sérgio Salles, neto de Cora Coralina e a da pintora brasiliense Joana Negreiros, companhia de honra de Cora em todos os seus deslocamentos culturais. A mediação de Paulo Sérgio e Joana Negreiros foi muito importante para que esta sessão e a mesa-redonda se tivesse realizado com tanto sucesso. Coralina que estivera na UnB em 1978, a convite do Departamento de Letras e Linguística, comparecia agora mais uma vez para gáudio de todos os seus admiradores universitários e leitores e admiradores candangos. O que nós, pessoas de Letras, sempre admiramos no discurso de Cora foi o recorte gramatical preciso e a veia estilística clássica que a dominava. Rigorosamente, Cora Coralina havia frequentado em menina, apenas até à terceira classe primária, a escola de Mestra Silvina. Era uma "escola antiga de antiga mestra", como ela diz, "repartida em dois períodos para a mesma meninada[...] Nem recreio nem exames nem notas nem férias... sem cànticos, sem merenda...Digo mal - sempre havia distribuídos alguns bolos de palmatória[...] A mestra era boa, velha, cansada, aposentada, tinha já ensinado uma geração antes da minha". São palavras que encontramos em "Poemas dos Becos de Goiás". Cora Coralina tudo superou e fez valer sua talentosa vontade de se cultivar mais ainda, para além dos limites. Os discursos que ouvimos nas suas visitas à UnB em 1978 e 1983 eram singularmente discursos corretos com todos os requisitos retóricos exigidos pelos mestres clássicos mais rigorosos. Em 1978 Cora Coralina ainda era uma poetisa e escritora do Goiás. Mas agora, em 1983, sua notoriedade nacional eclodia tanto nos jornais quanto nas livarias. Não era ainda uma celebridade na TV mas tinha um padrinho forte que chamou a atenção do Brasil inteiro para este fenómeno literário de Goiás. Este padrinho era nada mais nada menos que Carlos Drummond de Andrade. No Jornal do Brasil, caderno B, com data de 27-12-1980, Carlos Drummond de Andrade escrevia a crónica "Cora Coralina de Goiás" - para ele, Cora Coralina, "diamante goiano cintilando na solidão", é a pessoa mais importante de Goiás. Um dia Drummond irá conhecê-la pessoalmente. Ela irá até ao Rio de Janeiro acompanhada de sua amiga brasiliense, a pintora Joana Negreiros, levar seus livros. Drummond publicará uma carta à amiga Cora Coralina em 7 de outubro de 1983, onde já fala de "Vintém de cobre" que para ele é "moeda de ouro", "poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado". A voz de Drummond se tornou nacional e a vontade de ler e homenagear a grande mulher poetisa, exemplo de luta de vida e de sabedoria começou a tornar-se voz dominadora no Brasil. Cora passou a ser, a partir de agosto de 1983, membro da Academia Goiana de Letras por aclamação. Era um título para os de fora. Os de dentro já a conheciam e aclamavam desde há muitos anos, desde 1965 pelo menos quando publicou, aos 76 anos, sua primeira obra: Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais. Drummond foi fundamental para que todos os brasileiros soubessem que tinham uma escritora que era uma mulher de muita fibra. Mas a Universidade Federal de Goiás que lhe publicou os "Poemas dos Becos de Goiás" em 1977-1978 e a Universidade de Brasília que a acolheu e lhe ofereceu os auditórios do Minhocão onde ela póde lançar seus livros e enviar suas mensagens aos estudantes acadêmicos e à população em geral, foram também fundamentais. Cassiano Nunes, a pintora Joana Negreiros, o neto de Cora Coralina prof. Paulo Sérgio Salles e outros brasilienses deram a ela o apoio que era justo para que sua mensagem atingisse o Brasil.Na crónica de Cora Coralina na Universidade de Brasília e na capital do Brasil caberão ainda outras muitas informações. A saudação-discurso de Cassiano Nunes, na sessão do CALEL em 31 de agosto de 1983, será publicada na Internet, a qualquer momento. João Ferreira.
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