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Contos-->Adamastor, o inútil (a saga de Jack, cap 2) -- 13/08/2001 - 12:03 (Flavio Costa Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Adamastor sempre foi um aluno fraco, com muita dificuldade para aprender qualquer matéria, tanto que quase rodou no jardim de infância. Completou o 1º grau com muito esforço, após repetir várias vezes de ano. Sua mãe sempre que ia receber o boletim procurava sair sem ser notada, mas os coleguinhas de turma do Adamastor sempre se lembravam dele nesta hora, diga-se de passagem, uma das únicas vezes que lembravam-se dele, as outras vezes é quando queriam alguém para pagar um mico, e Adamastor caia sempre em qualquer brincadeira, talvez pela sua grande ingenuidade, talvez por sempre achar que podia confiar nos outros.

Como Adamastor estava bastante atrasado na escola, ao terminar o 1º grau iniciou a trabalhar, mas como sempre fora perseverante, passou a cursar o 2º grau a noite. Como nunca fora lá muito inteligente, o emprego que conseguiu foi de estafeta em uma empresa decadente, graças a um tio que o indicou, e que passara a cobrar este favor toda vez que via a mãe de Adamastor. Como Adamastor tinha o raciocínio lento, passou anos até conseguir uma promoção para escriturário.

Em um belo dia, Adamastor passeava em uma praça quando conheceu uma bela moça, para ser sincero não era tão bela assim, para ser realmentre sincero era bem feinha, mas Adamastor estava longe de ser um Adonis, e como foi a primeira garota que olhou duas vezes para ele na vida, e ainda por cima sorriu, Adamastor encheu-se de coragem e tentou iniciar um diálogo com ela, diálogo aliás não era o forte de Adamastor. Voltando a ser sincero, o forte de Adamastor eram suas bolas foras, se alguém podia falar o que não devia, para a pessoa errada e na pior hora possível, era Adamastor, dom este que ele carregou desde os primeiros anos de sua difícil vida. Sua mãe sempre lembrava o dia que seu pai conseguira uma promoção, e devido ao fato convidara seu chefe para o aniversário de Adamastor, e quando este chegara Adamastor falou, ao ser apresentado ao Dr. Siqueira:

- Pai, este é o careca sovina que o senhor sempre fala mal quando chega em casa.

Tempos difíceis se passaram depois daquela frase, seu pai penara quase 6 meses para conseguir outro emprego. E em todos os seus aniversários a partir deste sua mãe, pai, irmãos e qualquer pessoa que não tinha nada a ver com o assunto comentava a maldita frase. Isto em todos os seus aniversários, e mesmo depois de repetir a estória pelo menos vinte vezes na mesma noite, todos riam de Adamator. Não precisa ser dito que Adamastor detestava quando chegava a data de seu aniversário, mas como era de índole muito boa e pacata, jamais respondeu asperamente para quem quer que fosse, pelo contrário, baixava a cabeça e esboçava um triste sorriso no canto da boca.

Mas neste dia parecia que as coisas iriam mudar, uma garota estava sorrindo para ele, ao invér de rir dele que era o habitual. Após horas conversando com ela. Ops... desculpe a nossa falha, mas a garota tinha um nome, chamava-se Orondina, nome este em homenagem a sua bisavó. Diga-se por sinal que o nome dela combinava com o resto. Mas Adamastor não ligava para mais nada, até mesmo quando uma pomba liberou sua sujeira na cabeça dele foi motivo de alegria e risos, afinal conseguira uma namorada.

Orondina tinha uma pose de fidalga, se ela tinha alguma coisa de imponente era sua pose, parecia que pertencia a nobreza. Como já estava ficando tarde, Adamastor ofereceu-se para levar Orondina em casa e, ao estacionar na frente da residência dela, uma rua escura e um tanto deserta, Orondina beijou Adamastor sem que este pudesse esboçar nenhuma reação, tal sua surpresa.

Aqui cabe um parenteses, Adamastor nunca havia beijado uma mulher antes, refiro-me aquele tipo de beijo, totalmente desnecessário dizer que ele era virgem.

Mas Orondina foi além, após o beijo baixou as calças de Adamastor, levantou seu vestido e a virgindade de Adamastor foi para o espaço. Após o ato que durou menos de um minuto, Adamastor via o Sol brilhando, apesar de ser noite, nem ele acreditava no que havia acontecido, foi tudo tão maravilhoso que ele queria que aqueles poucos segundos não acabassem mais. Orondina desceu então do carro, e antes de entrar em casa convidou Adamastor para visitá-la no Sábado, quando seria apresentado aos pais dela.

Adamastor não cabia mais em si, olhava o relógio a cada minuto esperando que o Sábado finalmente chegasse. E o grande dia chegou, Adamastor de terno, buquê de rosas na mão e pronto, apitara na campainha. O pai de Orondina atendeu com cara de poucos amigos e foi logo falando:

- Já sei que voce desonrou minha filha Orondina, e agora quero uma decisão sua, vai casar ou não?

Adamastor podia distinguir a silhueta de um revólver por baixo da camisa de seu Antenor, e não teve outra saída a não ser dizer sim.

Aqui cabe outro parenteses para explicar um detalhe, Orondina tinha um namorado chamado Paulo, e quando este descobriu que ela estava grávida, sumiu rapidamente, e Orondina necessitava urgentemente de um otário para assumir sua gravidez. Como Adamastor era muito ingênuo, não desconfiara de nada.

Após o casamento, veio o filho logo em seguida, Orondina pusera o nome de Paulo, por ironia e estranha coincidência o nome do verdadeiro pai da criança. O tempo passou e a vida de Adamastor nunca melhorou, a bem da verdade só piorava, seu salário era baixo, sua mulher além de tratá-lo como um vassalo, jogava todos os dias em sua cara que ele não passava de um fracassado, um inútil. Todas as noites Adamastor tinha que aturar o ataque histérico de Orondina.

As coisas não podiam piorar mais, pensava Adamastor, mas podiam. Seu sogro morreu e sua sogra passou a morar com eles. Agora não era uma avacalhando com ele, mas duas. Sua sogra tinha predileção por jogar na cara de Adamastor que seu filho era um vencedor, e que ele ao contrário era um Zé-Ninguém. As vezes que seu cunhado aparecia, as coisas pioravam mais ainda, pois o esporte preferido de Roberval era implicar e caçoar de Adamastor.

Mas a vida continuava, a filha de Roberval Augusta, ou “princesinha”como ele gostava de chamá-la era sempre a primeira aluna da aula, além de ser a mais bonita também. Já Paulo seguira os passos do pai, o verdadeiro, vagabundo, inconsequente e ainda por cima passara a envolver-se com drogas.

Adamastor, que vivia eternamente sozinho resolveu comprar um cachorro, mas não um cachorro comum, comprara um PitchBull. Agora, pensava ele, quero ver quem vai rir de mim com esta fera do lado. Adamastor pusera o nome de Sadan no PitchBull, e sonhava todas as noites quem seria o primeiro a ser mordido pelo cachorro, sua sogra? não, sua mulher? não, tinha que ser seu cunhado. E Adamastor sonhava feliz todas as noites, tanto que uma vez Orondina teve que acordá-lo, pois este gargalhava tão alto que esta não podia dormir. Adamastor sonhara que Sadan havia arrasado com o gato premiado de seu cunhado, motivo de orgulho para este.

Mas como havia dito antes, a vida não era fácil para Adamastor. Sadan cresceu, e seu primeiro ataque foi justamente contra Adamastor. Desesperançado quis desfazer-se do cachorro, mas este havia virado herói para sua sogra e amigo inseparável de Paulo.

Assim passou a vida de Adamastor, explorado pelo seu chefe no escritório, humilhado em casa pela mulher e sogra, seu filho o desrespeitava sem o menor remorso, e ainda tinha que aturar Sadan rosnando para ele. Um dia, Adamastor sentiu-se mal e fora levado as pressas ao hospital, havia sofrido um derrame. As consequências foram terríveis, Adamastor perdera a maior parte de sua coordenação motora, dependia dos outros para tudo.

Depois de alguns meses, Adamastor conversava, ou melhor, exigia explicações de Deus do porque daquela doença. Sua vida não tinha sido nada fácil, mas aquela doença era insuportável. Em meio ao diálogo com o Divino, este ficou com pena de Adamastor e enviou um anjo para conversar com ele, era o Jack.

Chegando lá, Jack perguntou a Adamastor o que ele mais desejava, podia pedir qualquer coisa que seria atendido, desde que o pedido fosse razoável. Adamastor nem pensou e disse que queria sua saúde de volta, para poder voltar a sua vida normal.

Jack respondeu então que tudo bem, Adamastor voltaria a recuperar sua coordenação motora e poderia voltar a sua bela vida normal de novo, a convivência com sua sogra, sua maravilhosa esposa, seu agradável cunhado, etc ...

Adamastor parou, pensou e perguntou se podia mudar o pedido. Jack consentiu afirmativamente com a cabeça, e Adamastor desejou morrer.

* * * * * * * * * *


Como o caminho até o céu era longo, Adamastor tentou armar um diálogo com Jack e falou:

- Nunca poderia imaginar que o meu cunhado Roberval no fundo gostava tanto de mim, estava inconsolável no velório tendo crises de choro, foi necessário até aplicar-lhe um calmante.

Jack respondeu:

- Não seja precipitado, com a sua morte sua mulher perdera a casa, pois a prestação atrasada. Como ele não podia deixar a própria mãe na rua, foi obrigado a levá-la para sua casa, porém ela falou que não iria sem Orondina, que por sua vez não podia abandonar o filho Paulo, que nem adimitia a hipótese de desfazer-se de Sadan. Quando os quatro chegaram, ainda tiveram tempo de dar adeus a esposa, ou deveria dizer ex-esposa de Roberval, que não admitia dividir a mesma casa com a megera da sogra. Além disso, Sadan foi direto no gato premiado de Roberval, coitadinho, não teve a menor chance e, para encerrar a estória, o maconheiro do seu filho estava azarando a “princesinha”.

Adamastor não falou mais nada, apenas continuou caminhando ao lado de Jack, porém com um leve sorriso de satisfação no rosto.

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