Usina de Letras
Usina de Letras
18 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50669)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Portugal - Formação e Colonialismo -- 19/06/2003 - 21:05 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FORMAÇÃO DE PORTUGAL E COLONIALISMO PORTUGUÊS Prof. Edson Pereira Bueno Leal . Maio de 2003





Em 711 os árabes invadem a Península Ibérica então ocupada pelos Visigodos desde o século V . A conquista faz-se do sul pata o norte . A região das Asturias ( reino de Leão ) , tornou-se local de resistência ao invasor . Ocorreram tentativas esporádicas de expulsão nos séculos VIII ao X . No século XI formam-se os reinos cristãos de Leão , Castela , Navarra e Aragão e inicia-se o processo de reconquista .

No reinado de Afonso Vi de Leão, dois nobres franceses , recebem de recompensa , por serviços prestados como vassalos : Raimundo a mão de dona Urraca e o Condado de Galiza e Henrique a mão de dona Tereza e o Condado Portocalense .

O condado Portocalense apresenta tendências separatistas . Em 1130, D. Afonso Henriques , filho de Henrique funda a monarquia portuguesa , reconhecido depois por D. Afonso VII de Leão e pela Igreja , recebendo o título de D. Afonso I, dinastia de Borgonha ( 1139 a 1383) .

A guerra de reconquista levará a uma intensa centralização política nas mãos do rei . O soberano é chefe militar , supremo juiz e legislador , as instituições municipais estão a ele vinculadas , bem como as ordens militares ( Ordem de Cristo ) .

No século XIV com a Peste Negra e a Guerra dos Cem Anos ocorre crise . O consumo se retrai , valoriza-se a mão de obra e crescem as tensões sociais . Perigo das revoltas e falta de segurança nas estradas dão papel prioritário às rotas marítimas . A burguesia mercantil se fortalece e o êxodo rural enfraquece a nobreza .

REVOLUÇÃO DE AVIS 1383-1385

A morte de D. Fernando ( 1367-1383) cria um problema . Sua única filha era casada com D. João I , rei de Castela . Como não interessava para a burguesia esta união inicia-se guerra onde o Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro I, pai de D. Fernando é aclamado " regedor e defensor do reino" e em 1385 coroado como D. João I , após vencer a batalha de Aljubarrota , inaugurando a dinastia de Avis . O grupo mercantil urbano prevalece e Portugal de consolida como um Estado Moderno .

Com a Revolução de Avis Portugal parte para o desenvolvimento do comércio marítima , mas paradoxalmente não passou pelo Renascimento Intelectual . Escoto, Erígena , Abelardo , Roger Bacon , Guilherme de Ocan , pedro Hispano, Platão e partes importantes da obra de Aristóteles eram desconhecidos em pleno século XIII .

Portugal apesar da exuberância comercial não irá incorporar o racionalismo moderno . O país às vésperas da colonização do Brasil exibia um conservadorismo pragmático e fatalista . Segundo Sérgio Buarque de Holanda , este conservadorismo se deve à ausência de uma vontade normativa das novas elites dirigentes de Portugal , que se contentavam em arremedar os costumes e valores da antiga nobreza .

Em Portugal a propriedade do rei se confundia nos seus aspectos público e particular . As rendas do soberano, na sua maior parte , fluíam da terra . Conforma assinala Raymundo Faoro Portugal não conheceu o feudalismo . Não há uma camada entre o rei e o vassalo de senhores dotados de autonomia política . " A terra obedece a um regime patrimonial, doada sem a obrigação de serviço ao rei , não raro concedida com a expressa faculdade de aliená-la . O serviço militar , prestado em favor do rei, era pago. O domínio não compreendia, no seu titular , autoridade pública , monopólio real ou eminente do soberano. "

Faoro o define como um Estado Patrimonial , onde o rei se eleva sobre todos os súditos , senhor da riqueza territorial , dono do comércio , conduzindo a economia como se fosse empresa sua e prendendo os servidores em uma rede patriarcal na qual eles representam a extensão da casa do soberano.

O rei é o órgão centralizador que conduz as operações comerciais e a "atividade industrial, quando emerge , decorre de estímulos , favores , privilégios , sem que a empresa individual , baseada racionalmente no cálculo , incólume às intervenções governamentais , ganhe incremento autônomo. " ( Faoro , Raymundo . Os Donos do Poder , vol 1 , Publifolha 2000, p. 24 a 27 )

Mesmo com a expansão marítima Portugal não modificou-se substancialmente . "A burguesia comercial , dependente do rei , continuou presa aos vínculos tradicionais , subjugada ao papel de órgão delegado do supremo mercador , o rei em pessoa ... Ao praticar o mercantilismo , o português não pensou dentro dos moldes da realidade, permaneceu encarcerado nas idéias medievais , adversas ao tráfico de dinheiro e ao comércio . Os interesses econômicos se subordinavam à salvação da alma , verdadeiro fim da vida , entendida a atividade econômica como integrante da conduta moral , ditada pela moral teológica ... A ética medieval sobreviveu , no pensamento dos letrados e da corte , estranhamente contemporânea da aventura ultramarina " . ( Faoro , Raymundo . Os Donos do Poder , vol 1 , Publifolha 2000, p. 67-68 )

Portugal irá organizar uma exploração comercial burocrática e centralizada , preocupando-se apenas com o comercialismo , sem a fixação interna de fontes de produção exportáveis . O provimento dos cargos públicos será feito sem levar em conta a linhagem e o merecimento , mas mais à custa da intriga e da articulação. O governo acompanhará o comércio , com uma estrutura superdimensionada onde irá predominar o desperdício e o ócio , gerando despesas elevadas que consumiam o Estado . A Revolução Industrial inexistirá em Portugal , que permaneceu atrelado ao lucro fácil e transitório das especulações ultramarinas. Desenvolveu-se o preconceito de que o trabalho manual , em uma fábrica , em uma oficina eram atividades impróprias , quase um símbolo servil.

COLONIZAÇÃO PORTUGUESA:

As possibilidades de ganhos com o comércio de especiarias foi um dos principais motivos que estimularam as navegações portuguesas. A venda de especiarias - pimenta, cravo, canela, gengibre era um negócio altamente rentável . As especiarias viraram “moda” na Europa . As refeições da aristocracia as usavam abundantemente , pois eram sinônimos de luxo, sofisticação . Conforme Jean-Louis Flandrin e Massimo Montanari em “História da Alimentação” , apenas o luxo e não a utilidade explicam o fascínio pelas especiarias , pois não eram usadas na conservação de carnes, para o qual se utilizava o sal. Somente com a queda nos preços a partir das navegações, o povo também começou a utilizá-las.

Durante toda a Idade Média os italianos monopolizaram este comércio pelo Mediterrâneo. O comércio nesta época era quase unicamente terrestre e limitado por via marítima a uma navegação costeira . Rota comercial ligava o Mediterrâneo ao Mar do Norte por terra , passando pelas Repúblicas italianas , os cantões suiços , empórios do Reno e cidades flamengas . No século XIV rota marítima passou a contornar o continente pelo estreito de Gibraltar .

Agora, no século XV , havia a possibilidade de encontrar uma rota alternativa ao Mediterrâneo. A tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453 colaborou para aumentar mais ainda o interesse na localização desta nova rota pois as especiarias ficaram mais caras a partir daí, pois a rota ficou mais complicada. Elas iam de navio até Jedah na Arábia, em camelos para Damasco na Síria e de lá para Alexandria ou Beirute onde eram embarcadas para Veneza. As compras alcançavam a 10 toneladas por ano..

Portugal estava em uma localização privilegiada na Europa e havia desenvolvido a tecnologia de navegação em alto mar. A existência da Escola de Sagres hoje é contestada pelos historiadores portugueses que a consideram um mito “criado por poetas românticos do século XIX.. O ditador Antônio Salazar (1889-1970) difundiu-a para enaltecer as descobertas portuguesas”(Prof. Francisco Contente Domingues , Universidade de Lisboa em Superinteressante; julho de 1997 , p. 64). A expansão marítima, na verdade, desenvolveu-se a partir do porto de Lagos, no sudoeste de Portugal.

Havia ainda a necessidade de obtenção de trigo, bem como o interesse pela busca de metais preciosos. O comércio com o Oriente , drenava os metais , tornando necessário o encontro de novas fontes de produção. Portugal teve uma precoce centralização política e mantinha o espírito cruzadístico em função da expulsão dos muçulmanos, associado à intenção de expansão da fé cristã, estimulada pela Igreja.

“Os Portugueses , possuíam espingardas semi automáticas de vários tiros e , no século XV, estavam os seus navios já equipados com artilharia pesada, o que não acontecia em qualquer outro país, por supor-se que a embarcação se voltaria com o coice do disparo”. (Macedo, Jorge Borges; Revista Humanidades, p 52).

Portugal eram um país pequeno e com pouca população. Em 1520 tinha perto de 1,4 milhão de habitantes , contra cerca de 7 milhões na Espanha, 16 milhões da França e 11 milhões da Itália . Destes, em torno de 2.000 saíam em média por ano para singrar os mares .

Os navios portugueses singravam os mares com a bandeira da Ordem de Cristo, que foi herdeira da dos Templários. Fundada em 1119, a Ordem dos Templários recebeu em 1159 de Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, as terras de Ceras, às quais mais tarde se juntaram as de Almoroul e Pombal. No ano seguinte, dom Gauldim Pais fundou um castelo, do qual surgiu posteriormente o Convento do Cristo em Tomar que se tornou a sede da ordem. O nome tomar , foi emprestado do vocabulário árabe, significando o rio Nabão, que banha a cidade. Suprimida em 1314, na França, em 1317 em Portugal o rei D. Diniz, com a argumentação de que os templários não haviam cometido crime em Portugal transferiu os bens dos Templários para a Ordem de Cristo . Portugal tornou-se desta forma, refúgio para os membros da ordem que acorreram de toda a Europa, carregando o que podiam. Em 1319 o papa João XXII reconheceu a Ordem, que será a herdeira dos segredos dos templários e que irá exercer papel decisivo na exploração marítima.

A Ordem estabeleceu estaleiros em Lisboa, fazendo contratos de manutenção de navios ,” aproveitando o conhecimento adquirido no transporte marítimo de peregrinos entre a Europa e o Oriente Médio durante as cruzadas...Em 1416 , quando assumiu o cargo de grão mestre, d. Henrique lancou-se à diplomacia...em 1418 , o Infante consegue do papa o aval ...do papa Martinho V, na bula Sane Charíssimus, que deu caráter de cruzada ao empreendimento. As terras tomadas aos infiéis, passariam à Ordem de Cristo que teria sobre elas tanto o poder temporal, de administração civil quanto o espiritual, isto é, o controle religioso e a cobrança de impostos eclesiásticos... Daí por diante , cada avanço para o sul e para o oeste será seguido de negociação de novos direitos”.(Superinteressante, fevereiro de 1998, pp.38-42).

A Igreja Católica desde o início controlou e sancionou os feitos de Portugal . “A cada avanço, nos espaços atlânticos e nas costas africanas correspondia um novo documento da diplomacia vaticana”.(Almeida, Paulo Roberto; Leitura, 11.10.1992, p.8). Foram onze bulas papais em um século, privilegiando a Ordem de Cristo com monopólios de navegação na África, posse de terras, isenção de impostos eclesiásticos, etc. A expansão ultramarina por esta razão , tem também um caráter de cruzada contra os muçulmanos , explicada pela própria formação histórica de Portugal.

Bibliografia : Daehnhardt, Rainer; A Missão Templária nos Descobrimentos ; Nova Acrópole , Lisboa, 1993.

Em 1385 com a tomada de poder por D. João, início da dinastia de Avis, ligado a interesses mercantis, Portugal já mantinha relações comerciais com a Inglaterra, Flandres e cidades italianas . O reinado de D. Henrique “O navegador” , será fundamental para o início da expansão ultramarina.

FUVEST 96 - A que se pode atribuir a primazia portuguesa nos descobrimentos e na expansão marítima moderna?

No século XIV teve início a primeira fase da expansão com a tomada de Ceuta já em 1415. A tomada de Ceuta tinha por objetivo o controle das rotas comerciais do norte da África e transaarianas . Ceuta era um importante entreposto comercial situado no Norte da África em frente ao Estreito de Gibraltar e de onde partiam os navios árabes que atacavam no Mediterrâneo . A posição de Ceuta permitia a repressão à pirataria mourisca nos países vizinhos.

Depois a conquista seguiu , com o controle das ilhas de Madeiras( 1425), Açores (1427) em busca de trigo e cana de açúcar. O ouro da Guiné foi o primeiro grande incentivo da expansão lusa no norte da África. Os escravos foram o segundo.

Em 1434 o navegador da Ordem de Cristo Gil Eanes, passou o Cabo Bojador, ao sul das ilhas Canárias, desmontando uma mitologia milenar. “Acreditava-se que depois do cabo, localizado no que é hoje o Saara Ocidental, começava o Mar Tenebroso, onde a água fumegaria sob o Sol, [ a ponto de queimar as embarcações ] , imensas serpentes comeriam os desgraçados que caíssem no oceano, o ar seria envenenado, os brancos virariam pretos, haveria cobras com rostos humanos, gigantes, dragões e canibais, com a cabeça embutida no ventre.” (Superinteressante, fevereiro de 1998, p. 39). Os navegadores encontrariam ainda homens sem cabeça com os pés virados para trás , seres bissexuados, demônios , canibais , redemoinhos.

Em 1445 chegaram a Cabo Verde . A partir daí , todo ano pelo menos 25 caravelas aportavam pela costa conhecida da África .

Em 1453 os turcos tomaram Constantinopla , e com isso foi sensivelmente reduzida a atividade das cidades italianas , particularmente Gênova . Além de trazer a perspectiva de substituir os italianos no comércio através de uma nova rota pela África , Portugal e Espanha passaram a contar com a oferta de navegadores italianos experientes disponíveis entre eles Cristovão Colombo e Américo Vespúcio.

A rota Portugal-Açores tinha sido mapeada , permitindo que os navios voltassem em segurança por uma verdadeira auto-estrada marítima , formada pelos ventos variáveis e os ventos dominantes de Sudoeste , quando antes , sem esta rota definida havia o risco dos navios se perderem no litoral africano da zona sahelo-saariana , dominada por inimigos muçulmanos .

Em 1450 no Senegal e em 1460 Serra Leoa . Em 1487 Bartolomeu Dias dobrou o maior de todos os desafios , o Cabo das Tormentas, no extremo sul da África. Seu feito ocorreu por puro acaso , pois seus navios foram jogados longe do litoral por uma tempestade. Quando passou o mau tempo, Bartolomeu Dias navegou para o norte e viu que a costa africana estava à sua esquerda e não à direita, como era de se esperar , indicando que havia contornado o extremo sul da África.

O domínio dos territórios na África foi uma etapa fundamental para a expansão comercial e religiosa de Portugal.

Em 1492, com a descoberta do Novo Mundo , surgiu a questão sobre o direito de posse das terras récem descobertas .

Em 1494 Portugal e Espanha dividiram as novas terras entre si , com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, deixando de lado as demais potências européias. O rei francês Francisco I , a respeito de referido tratado comentou: “Eu não vi no testamento de Adão que só Portugal e Espanha tenham direito ao Novo Mundo”. O tratado todavia é historicamente significativo por representar uma primeira tentativa de partilha do mundo. O tratado representou ainda uma vitória diplomática de Portugal pois , antes dele, em 1493 , a bula Inter Coetera, feita pelo papa Alexandre VI , tinha dado aos espanhóis o direito ás terras situadas mais de 100 léguas a oeste e sul da ilha dos Açores e Cabo Verde e com Tordesilhas esta linha foi esticada para 370 léguas, espaço que incluía o Brasil, revelando que os portugueses já tinham conhecimento da região, antes da descoberta oficial de Cabral. O argumento usado pelos portugueses era de que a rota para as Índias exigia espaço de manobra para as naus, devido á impossibilidade de navegação costeira .

Segundo Fernando Novais Tordesilhas foi um acordo político num mundo onde a diplomacia não existia . Portanto foi um ato precursor das relações internacionais . A presença do papa como árbitro do acordo era uma atitude tipicamente medieval, num momento em que , se estabeleciam novas formas de relações entre os Estados europeus .

No século XVI e meados do XVII ocorreu a expansão em direção ao oriente em busca de especiarias iniciando com Vasco da Gama em 1497, que chegou a Calicute em 1498.

A expansão do império colonial português se deve a Afonso de Albuquerque ( 1453-1515), brilhante estrategista .

Portugal de 1515 a 1530 conseguiu o monopólio de especiarias com a conquista de Ormuz (1515) no Golfo Pérsico, que dificultava o envio de especiarias via Mediterrâneo. Os portugueses se instalaram em Goa(1507), que se tornou o quartel general do governo português no Oriente, Diu e Cochim .

Em 1515 D Afonso de Albuquerque tomou a cidade de Malaca na Malásia, lá construindo uma fortaleza “A famosa” que só foi tomada em 1641 pelos holandeses .Malaca fica no estreito que liga o Oceano Índico ao sul da China . Chegaram na costa da China em 1517 e foram recebidos em Pequim em 1520 o que lhes permitiu comerciar com Cantão estabelecendo o Império Colonial Português no Oriente.

Goa na Índia , Malaca na Indonésia e Ormuz no Golfo Pérsico. Faltou apenas tomar Aden que fecharia a rota árabe do comércio pelo Mar vermelho o que teria tornado o Índico um “mare nostrun” português.

Os portugueses instalaram mais de 50 fortes e feitorias ( pontos de comércio sem o objetivo de colonização), na rota entre Sofala e Nagasaki. .

Os portugueses chegaram ao estuário do rio Pearl em 1513 e por iniciativa dos mercadores de Malaca fundaram Macau em 1557 , ponto forte entre o mar do Sul da China e a baía de Bengala, posição estratégica entre Goa e o Japão e a 130 km de Guang Zhou , grande entreposto comercial de seda, porcelana e outros produtos do sul da China . Para se Ter uma idéia a distância entre Macau e Lisboa variava entre 16 e 24 mil km.

Os portugueses não conseguiram impor um monopólio, nem controlar a rota comercial, mas seu poderio foi suficiente para canalizar a maior parte do comércio do Índico pelos portos sob seu controle e cobrar taxas das embarcações locais, ameaçando afundar ou saquear as que não pagassem.

No Brasil os portugueses começaram a fixar povoamento somente em 1530. A Bahia tornou-se capital administrativa em 1549.Entre 1575 e 1600 a costa brasileira tornou-se a maior produtora de açúcar do Ocidente, atraindo imigrantes de Portugal e Açores. A demanda brasileira por trabalho escravo impulsionou os mercados portugueses na África Ocidental e levou os mercadores de escravos a estender operações da Guiné até Angola ao Sul. (Luanda, vila portuguesa e depósito de escravos foi fundada em 1575).

A América Portuguesa era formada por um arquipélago de zonas econômicas dispersa no Estado do Brasil e no Estado do Maranhão , com pouca ou nenhuma comunicação entre si , não existindo na verdade um país chamado Brasil . Esta integração territorial só vai surgir com a mineração.

Em comum com os espanhóis os portugueses mantiveram o controle estatal rigoroso , por monopólios e com a utilização de capitais particulares associados à Coroa.

Conforme assinala Luiz Felipe de Alencastro , as receitas de além mar já em 1520 representavam um terço dos tributos recolhidos na metrópole pelo Erário Régio. A estas receitas se somaram a venda de concessões de comércio e a arrematação tributária nos domínios de ultramar . Desta forma, ao estimular a expansão marítima , a realeza consegue aumentar seus ganhos, sem prejudicar poderes e funções dos grupos sociais privilegiados do Antigo Regime.

Por outro lado , "frequentemente de origem judaica , a burguesia mercantil portuguesa estava impedida - pelo veto inquisitorial - de adquirir títulos , terras , encargos e funções administrativas ou honoríficas . Desse modo não podia desviar seus capitais do circuito comercial e bancário para esterilizá-los em atividades improdutivas e de prestigio , a exemplo do que sucedia com as burguesias mercantis de outros países europeus , daí , a burguesia portuguesa permaneceu, no século 17 , uma burguesia de negócios ,muito mais ativa do que as outras burguesias mediterrâneas ou européias " . ( F S P Mais ,17.05.98 , p. 5-8) .

UNIÃO IBÉRICA

Com a morte de D. Henrique em 1580 , que era cardeal e não tinha filhos , o trono de Portugal sem herdeiros foi unificado por Filipe II ao trono espanhol . A unificação perdurou até 1640. A Espanha em guerra com a França e a Suécia e com uma revolta na Catalunha não pode conter a oposição portuguesa e com a expulsão dos espanhóis foi restaurada a independência de Portugal, sendo nomeado rei o duque de Borgonha , como D. João IV .

A separação , não aceita pelos espanhóis , iniciando-se guerra entre os dois países até 1668 , na qual dois terços da marinha portuguesa foram destruídos. Enfrentando a Espanha e a Holanda , os portugueses uniram-se aos ingleses, assinando 3 tratados entre 1642 e 1661 .

A União Ibérica trouxe imensos prejuízos para Portugal. Em 1639 os portugueses foram expulsos do Japão pondo fim ao lucrativo comércio. “O senado de Macau enviou uma delegação para pedir aos japoneses que revertessem sua decisão . Como declaração final de que estavam falando sério , os japoneses executaram 61 dos delegados , só os criados foram poupados para levar a mensagem de volta a Macau” (Maxwell , Kenneth, F.S.P. 16.01.2000 , Mais , p. 8). Macau foi devolvida à China por Portugal , em 1999 .

Em 1641, Málaca foi tomada pelos holandeses. Declarado rebelde pela coroa espanhola , o Portugal de d. João IV é assaltado por terra e mar . Dois terços da marinha portuguesa são destruídos entre 1640 e 1649 . O Alentejo continua até 1668 sendo teatro do conflito entre os dois países .

Guerreado por Madri e pela Holanda , posto em quarentena pela Santa Sé , Portugal busca apoio da Inglaterra . As negociações globais entre Lisboa e Londres são seladas por três pactos bilaterais . O primeiro , de 1642 , funda a " dependência econômica e política de Portugal " ( S. Sideri) . O segundo - "um diktat " ( C R Boxer - assinado em 1654 , transforma o país em " um vassalo comercial da Inglaterra " . ( A . K. Manchester ) . O terceiro , datado de 1661 , marca o "ponto mínimo " da soberania lusitana . ( Alçencastro , Luiz Felipe de . In F S P Mais 17.05.98 , p. 5-8) . A aliança luso-britânica permitiu a paz com os espanhóis em 1668 , a normalização das relações com a Santa Sé e manteve a soberania portuguesa no Brasil e em algumas regiões da África e enclaves no Oriente, embora boa parte da Ásia tenha sido perdida.

UNICAMP 1999 – Entre 1580 e 1640 , Portugal enfrentou uma delicada situação política : de um lado , passou a pertencer à União Ibérica e, de outro , viu os holandeses dominarem Pernambuco , através da Companhia das Índias Ocidentais , a partir de 1630 .

a) O que foi a União Ibérica ?

b) Dê três motivos para a invasão holandesa no Brasil.

Esta pergunta da UNICAMP trabalha com tema de História Geral e do Brasil. A resposta correta ao item a exigia definir o que foi a União Ibérica e porque ela se formou.

Razões da curta duração da supremacia portuguesa:

1. O aumento das despesas para custear o império, levou a Coroa a recorrer a empréstimos de banqueiros flamengos e italianos e aumentar os impostos;

2. A costa a ser protegida era muito longa e os barcos além de serem caros não resistiam à muitas viagens;

3. O deslocamento de homens para as colônias gerou queda na mão de obra disponível para a agricultura e Portugal passou a importar produtos;

4. Os lucros com o Império eram gastos em obras suntuosas e no pagamento de pensões à aristocracia decadente, em detrimento da burguesia mercantil;

5. A morte do rei D. Sebastião em uma batalha no Marrocos, sem deixar herdeiros, levou o trono português para a Espanha de Filipe II . Em 1588 os espanhóis organizaram a maior frota naval de todos os tempos denominada Invencível Armada. Porém ao enfrentar os ingleses a frota foi derrotada e com ela naufragaram os melhores navios portugueses .As colônias portuguesas foram ocupadas pelos adversários dos habsburgos espanhóis - Holanda e Inglaterra. Portugal jamais voltou a dominar os oceanos.

6. Os portugueses nunca conseguiram montar uma organização comercial completa com a de Veneza, e muito menos uma organização bancária eficiente , dependendo para comercialização de outros países e com isso logo perderam o controle das vendas e tiveram seus lucros reduzidos.

VASCO DA GAMA

Vasco da Gama foi o navegador português responsável por Portugal conseguir chegar à Índia por um caminho alternativo.

A rota até o Cabo da Boa Esperança no extremo sul da África tinha sido traçada por Bartolomeu Dias em 1487. Porém os portugueses hesitavam entre seguir este caminho ou fazer o mesmo caminho feito pela Espanha pelo Ocidente. A descoberta de Colombo em 1492 e a necessidade de obter recursos atrasaram a continuidade da exploração.

Finalmente optou-se pela rota da África . No dia 8 de julho de 1497 partir a frota com 2 naus ( S Gabriel e S Rafael ) , uma caravela ( Berrio ) e um navio de mantimentos com aproximadamente 160 homens , sob o comando da nau capitânia São Gabriel, de 90 toneladas, tendo voltado apenas 2 navios .

Vasco da Gama na partida “era um obscuro fidalgo de Sines, no Alentejo, ligado a um grupo de cortesãos em baixa na corte de D. Manuel. Ele foi escolhido para a viagem ás Índias sobretudo porque seus inimigos não acreditavam no sucesso da expedição. Preferiram deixar o fracasso por conta de um desafeto. “ (Revista Veja; 9.7.1997 p. 68).

Apesar de Portugal contar com o melhor da tecnologia disponível na época em termos de cartas de navegação e a viagem contar com o melhor piloto do mundo de então Pero de Alenquer , a viagem foi muito atribulada. Dos 160 homens que deixaram Lisboa, voltaram apenas 55, sendo a maioria dos mortos em razão do escorbuto, causado pela falta de Vitamina C. Por falta de marinheiros Vasco da Gama abandonou a nau São Rafael, queimando-a na costa da África

7. Depois de ultrapassar o Cabo da Boa Esperança em 25.11.1497 os portugueses desmontaram a nau de mantimentos e guardaram o madeirame nos porões dos outros navios. “O primeiro contato com a civilização oriental foi no Porto de Moçambique, (em março de 1498)então um importante centro comercial dominado por mercadores árabes... Vasco da Gama bombardeou o porto até obrigar o Sultão a fornecer-lhe água potável e dois pilotos para guiá-los pela costa. Não satisfeito, saqueou dois navios cheios de mercadorias...Este comportamento é significativo para demonstrar que o interesse português não era estabelecer relações amigáveis com os povos visitados. Era a diplomacia do canhão . Em Melinde , na costa do atual Quênia, o navegador trocou um refém nobre por um piloto árabe, Malemo Canaqua , que conduziria a frota em segurança a Calicute. ”(Revista Veja, op.cit. p. 70).A chegada deu-se em 20.05.1498. Vasco da Gama permaneceu por três meses na região O retorno a Portugal começou em 1499 . Morreram tantos marinheiros de escorbuto que outro navio foi abandonado. Em setembro de 1499 o que restou da frota e dos marinheiros entrou de novo no Tejo. Metade dos marinheiros havia morrido na viagem, inclusive o irmão de Vasco , Paulo da Gama .

Vasco da Gama foi recebido como herói nacional. Tornou-se almirante e passou a receber uma generosa pensão do Estado. Três anos depois, em 1502, retornou à Índia com uma esquadra de quinze navios. Enriqueceu pilhando mercadores árabes e indianos, quase destruiu a cidade de Quiloa na África, incendiou um barco de peregrinos árabes e bombardeou Calicute. Era extremamente cruel com seus prisioneiros tendo o costume de enviar cestos com as cabeças decepadas dos mesmos às suas famílias.

Retornou com 1600 toneladas de especiarias(Cabral tinha voltado com 100 toneladas e os venezianos compravam apenas 10 toneladas por ano). Foi nomeado Conde de Vidigueiras e Vice Governador das índias, morrendo três meses depois de assumir o cargo ,em Cochim na Índia.

UNICAMP 1999 – Leia com atenção os dois comentários abaixo sobre colonização:

A colonização foi um meio de consolidação da dominação romana e a única medida político social de longo alcance com que o estado romano conseguiu atenuar os desequilíbrios que afetavam o seu corpo social . (Adaptado de M. Weber, História Agrária Romana, Martins Fontes , 1994 )

O esforço de colonização dos portugueses distingue-se principalmente pela predominância do seu caráter de exploração comercial antes de tudo litorânea e tropical . (Adaptado de S. Buarque de Hollanda, Raízes do Brasil, 1936)

a) Quais os principais objetivos da colonização romana?

b) Compare o processo de colonização portuguesa com o processo de colonização romana, apontando as diferenças .

Esta questão mostra a preocupação no vestibular da UNICAMP da comparação de fenômenos similares em períodos históricos diferentes , no caso a colonização. Mostra também a importância em respostas discursivas da leitura acurada do enunciado , que no caso respondia à pergunta . Para o item a, bastava reproduzir o texto de Weber. O processo de colonização portuguesa , marcadamente mercantil , estava caracterizado no texto de Sérgio Buarque de Holanda.

CARTOGRAFIA

A cartografia na Idade Média era baseada na "Geografia " de Ptolomeu , feita no século II ªC. e composta de 27 mapas dos países mediterrâneos . Nesse momento os europeus conheciam apenas um terço da superfície terrestre , a Europa, o oriente Médio e o Norte da África .

No final do século XV os portugueses começaram a se destacar na elaboração de mapas e passaram a ser considerados portadores de segredos de Estado . O mais conhecido foi Diogo Ribeiro que entre 1525 e 1529 elaborou os primeiros planisférios.

Porém foram os holandeses Mercator ( nome latino de Gerhard Kramer ) e Abraham Ornelius que fizeram , no século XVI o primeiro atlas moderno do mundo.

Este trabalho se aperfeiçoou em 1773 com a publicação dos mapas criados pelo navegador inglês James Cook .

COLONIALISMO PORTUGUÊS – TESTES

1. FUVEST 91 – No processo de expansão mercantil européia dos séculos XV e XVI, Portugal teve importante papel chegando a exercer durante algum tempo a supremacia comercial na Europa . Todavia, “ em meio da aparente prosperidade, a nação empobrecia, Podiam os empreendimentos da Coroa ser de vantagem para alguns particulares “ (...) (AZEVEDO, J.L. DE : Épocas de Portugal Econômico ; Livraria Clássica Editora, p. 180). Ao analisarmos o processo de expansão mercantil de Portugal concluímos que:

a) a falta de unidade política e econômica em Portugal, determinava a fragilidade econômica interna

b) a expansão do império determinava crescentes despesas para o Estado, queda de produtividade, agrícola, diminuição da mão de obra , falta de investimentos industriais, afetando a economia nacional

c) a luta para expulsar os muçulmanos do reino português que durou até o final do século XV, empobreceu a economia nacional que ficou carente de capitais

d) a liberdade comercial praticada pelo Estado português , no século XV, levou ao escoamento dos lucros para a Espanha, impedindo seu reinvestimento em Portugal

o empreendimento marítimo português revelou-se tímido permanecendo Veneza como o principal centro redistribuidor dos produtos asiáticos, durante todo o século XVI .

2. UNESP 99 – “A conquista de Ceuta foi o primeiro passo na execução dum vasto plano, a um tempo religioso , político e econômico. A posição de Ceuta facilitava a repressão da pirataria mourisca nos mares vizinhos , e sua posse, seguida de outras áreas marroquinas, permitia aos portugueses desafiar os ataques muçulmanos á cristandade da Península Ibérica “ ( João Lúcio de Azevedo . Época de Portugal econômico : esboços históricos ) , De acordo com o texto , é correto afirmar que:

a) a expansão marítima portuguesa teve como objetivo expulsar os muçulmanos da Península Ibérica

b) a influência do poder econômico marroquino foi decisiva para o desenvolvimento das navegações portuguesas

c) o domínio dos portugueses sobre Ceuta era parte de um vasto plano para expulsar os muçulmanos do comércio africano e indiano

d) a expansão marítima ibérica visava cristianizar o mundo muçulmano para dominar as rotas comerciais africanas

o domínio de territórios ao norte da África foi uma etapa fundamental para a expansão comercial e religiosa de Portugal

3. Tendo em vista o quadro geral de expansão portuguesa na África e no oriente , nos séculos XV e XVI, podemos tirar as seguintes conclusões:

a) os portugueses interessados apenas na Ásia , por causa das “especiarias “ , não se preocuparam com a África

b) os portugueses assentaram suas conquistas no domínio exclusivo do mar

c) dirigindo-se pára o Oriente os portugueses pretendiam na realidade chegar á América, através do Pacífico

d) os estabelecimentos mercantis e os militares obedeceram a fatores puramente causais , sem traduzirem um plano definido

a ocupação sistemática do litoral africano e a chegada a Calicute , na Índia , eram partes integrantes da empresa mercantil lusitana





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui