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Humor-->O convite -- 16/02/2007 - 15:28 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O convite

Esta é mais uma história do Ari Marques. Em 1964, quando se instalou a ditadura militar no Brasil, o sindicalismo passou a ser considerado coisa de comunistas. Nesse tempo, o enfermeiro Ari Marques, que era um homem elegante, franzino e pálido, exercia uma das diretorias do sindicato da sua categoria em Taubaté. Carregava consigo aonde quer que fosse uma seringa de vidro, equipada com agulha enorme. Segundo ele, era para retirar sangue dos cadáveres nas autópsias que fazia. Certo dia encontrei-me com ele no Litoral, em São Sebastião, e me convidou para assistir a uma de suas macabras experiências. Besta que sou, fui e desmaiei. Mas isto é outra história.
Em virtude da sua condição de sindicalista, o Ari andava desconfiado com algumas coisas suspeitas que passaram a acontecer na sua modesta vida. O salário não vinha mais no dia certo e seu saldo bancário diminuía misteriosamente; no trabalho, recebia constantes ameaças de demissão; era despertado altas horas para atender a telefonemas misteriosos. Outras coisas suspeitas aconteciam e tudo parecia muito estranho. O Ari pensava até mesmo em se mudar de Taubaté para bem longe.
Um dia ele estava lendo o seu jornal na porta do Banco do Brasil, aguardando a hora de o banco abrir para conferir seu sempre minguado saldo, quando viu se aproximar o seu jardineiro, um homem simples e humilde a quem o Ari devia uma boa quantia. Como sabia que o homem certamente lhe cobraria o atrasado, precisou agir rápido para escapar dele. Na urgência do momento, inventou uma história para impressionar e botar medo no jardineiro. Levou o dedo na boca, fêz sinal característico de quem pede silêncio e disse, sussurrando: “Abaixe a voz. Não faça nenhum movimento suspeito. Estou estudando um jeito de assaltar esse banco!... Se você quiser participar, me procure em casa hoje às oito da noite... Tem um monte de dinheiro na parada...”
Claro que o Ari não pretendia assaltar banco nenhum, era homem de paz, apenas vivia na maior dureza e estava apenas dando um jeito de assustar o jardineiro para se livrar do pagamento. O homem ouviu tudo, arregalou os olhos e sumiu. A desculpa do Ari funcionara bem mais do que o esperado. Para quem andava na maior dureza, a idéia do assalto ao banco fora um alívio, uma jogada de gênio. O pobre jardineiro e credor, assustadíssimo, rápido desapareceu.
À noite, porém, quando o Ari assistia ao Jornal Nacional, bateram na porta. O Ari foi atender e levou um baita susto. Era o seu jardineiro que estava de volta: viera dizer que aceitara o convite do Ari e topava o convite para assaltarem o banco do Brasil...

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