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Contos-->O fotógrafo -- 14/08/2001 - 00:27 (Eduardo Henrique Américo dos Reis) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No começo não era tão fácil. Ainda não sabia muito bem como fazer as combinações de velocidade do obturador e a abertura do diafragma, sem falar nas lentes, flashs, filtros e nos fotômetros e seus fluxos de luz.
Conforme o tempo foi passando, me acostumei e acabei pegando gosto pela coisa e por todos aqueles balangandãs que faziam parte dela. A fotografia sempre me proporcionou muitos prazeres, mas o dinheiro que eu possuía não era o suficiente para manter este meu hobby.
Num destes fins de semana chuvosos, aproveitei para revelar umas fotos em meu laboratório. O laboratório é um banheiro com a luz vermelha igual ao que aparece na novela das sete de vez em quando.
Voltando ao assunto, lá estava eu trancafiado dentro do meu laboratório, mergulhado no cheiro de acido acético e na escuridão quando pintou uma brilhante idéia. Uma maneira de ganhar dinheiro e, principalmente, fazer com que a fotografia me proporcionasse mais prazeres.
Ao cair da noite, vesti meu jaquetão, coloquei meu gorro, acendi um cigarro e caminhei até a loja de conveniências. Mês de Julho, fazia um frio de doer os ossos. Distraído, pensando em pôr minhas idéias em prática e observando o reflexo das luzes dos postes na rua ainda molhada pela chuva, fui abordado por uma garota, bonita, quase nua.
Tas afins de um pograminha pra esquentá essa noite fria? Putz, como é horrível ver uma pessoa ignorante querendo falar bonito. Mas isso não vem ao caso agora. Fiquei parado olhando para a puta que tentava fazer uma cara, ridícula, de mulher sensual. Travei, só fiquei olhando. Os deuses, orixás, espíritos bons ou seja lá quem forem estavam me iluminando naquele momento.
Continuei parado até ela perguntar delicadamente: Você é retardado? Ignorei a pergunta e fiz outra, já de total e único interesse meu. Tem vontade de ser modelo? Aí foi a vez dela ficar parada. Foi quando ajeitou a bola para eu chutar para o gol e descontar a agressão que tinha me feito, perguntei delicadamente: E você é retardada? A puta sorriu e respondeu que aquele era seu sonho desde menina virgem e pura.
Pronto, confirmado que minha idéia tinha de tudo para dar certo. Tirei umas moedas do bolso e joguei no pé da prostituta que ainda sorria. Virei as costas e saí andando enquanto ela me cobria de agressões verbais.
Na loja de conveniências comprei uma lata de achocolatado e um conhaque. Cheguei em casa, fiz um chocolate quente com conhaque, coloquei num dos canais da TV por assinatura e fiquei a me masturbar mentalmente pensando em colocar minha idéia em ação.
No outro dia saí cedo, comprei um terno e cortei o cabelo. Numa locadora de carros passei um cheque voador. Isso, é aquele ali! Aquele importado! Com o meu novo jeito de boa pinta, o vendedor nem quis maiores informações sobre o meu extrato bancário.
Comprei uns filmes de ISO 200 e 400, daqueles novos com a quarta camada de cor. Limpei a casa. A sala virou um estúdio fotográfico impecável. Flashes e panos de fundo em seus devidos lugares, prontos para trabalhar.
Depois de tudo preparado fiz um pacote de pipoca e assisti um enlatado americano. Até que era bem divertido. Algo sobre um casal de lésbicas que moram juntas e se apaixonam por uma garçonete de boate de strip-tease. Tomei um banho, vesti meus trajes novos e imprimi algumas cópias do meu cartão de visitas.
A noite estava fria, nem tanto como a noite passada, mas dava para fumar um cigarro apagado. Dei umas voltas com o carro alugado até achar minha primeira cliente. Uma morena, com as coxas de fora. Tremia de frio. Parei o carro junto da calçada e ela caminhou em minha direção.
Juntei meus dedões como se estivesse medindo e fazendo um enquadramento do rosto dela. Antes mesmo dela cuspir alguma palavra para cima de mim... Já pensou em ser modelo? Há,há! Feita a primeira vítima. Entreguei o meu cartão de visitas com o nome falso e disse que era fotógrafo duma revista européia de moda. O olho da puta brilhava.
O resto da história ela mesmo inventou com um monte de perguntas tolas. Você tá fazendo uma matéria sobre as mulher brasileiras? Ãham. Eu respondia estourando o flash na cara da analfabeta. Você num é aquele fotógrafo que tirou as foto da princesa peladona na piscina? Putz, nessa ela viajou. É claro que sou eu! Mas aquilo foi numa época ruim que eu fazia bicos numas revistas de fofoca. Putz, me superei.
Não demorou muito para irmos pra cama.
No dia seguinte vendi as fotos da puta prum site de sacanagem na internet. Deu uma graninha.
O interessante é que a minha cobaia me procurou só uma vez depois daquele dia. Me levou uns presentes e disse que queria conhecer a Europa. Eu disse que estava apaixonado, mas que não tinha lugar fixo para morar. E prometi que quando voltasse ao Brasil... “eu te procuro, meu amor!”
Em um mês eu fiz a média de vinte “clientes”. Prefiro chamá-las assim, é menos vulgar. Comi todas, é claro! Comecei a cobrar sete reais por foto. Pelas minhas contas, só no primeiro mês de trabalho, lucrei uns dois mil reais. Com o tempo foi melhorando. Entrei num esquema forte de publicações de fotos de adolescentes. A velharada é doida por menininhas.
No sexto ou sétimo mês, quando meus cheques já tinham fundos e eu não tinha só um terno, uma das putas apareceu no meu apartamento chorando e dizendo que sabia o que eu estava fazendo. Tinha visto uma foto dela mesma num site de pedofilia.
Eu fui rápido. O sangue subiu para a minha cabeça, então liberei um jab bem dado no queixo dela. Cena digna de uma bela foto, capa de jornal. Taison derruba Holyfield.
Quando vi a puta caída no chão desmaiada com a boca cheia de sangue, não pensei duas vezes. Peguei a minha Canon EOS 30, coloquei um filtro vermelho para dar uma palidez no tom da pele da moça e rasguei a roupa dela. Estourei dois filmes PB até ela acordar.
Assim que levantou, lambeu o próprio sangue, que já tinha coagulado a, pelo menos, vinte minutos. E tirando a roupa veio em minha direção. Click. Click. Click. Aquilo me excitava. Deixei a máquina de lado e transamos ali no chão mesmo.
De manhã, após o café, arrumei minhas malas calmamente. Eu precisava sair dali. Peguei um ônibus e segui para o litoral. A viagem durou umas seis horas mais ou menos.
Ao pisar na rodoviária um policial me abordou com muita agressividade. O senhor está preso por estupro, abuso de menores, falsidade ideológica e publicação ilegal de imagens de sexo. Só deu tempo de eu dizer “mas...” que um tapão fez meu ouvido doer.
Até aquela hora meus dias se passaram rápido. Ao contrário de agora, que vejo o sol nascer quadrado, lavo roupas sujas, tenho as pernas depiladas, a virilha queimada com ferro quente, uso uma calcinha de renda preta, tenho uma tatuagem escrito “estupro” e tenho que chamar todo mundo de... meu amor.
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