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Artigos-->RUBEM FONSECA: O INFINITO DA FINITUDE -- 20/06/2003 - 23:45 (Wilson Coêlho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Toda vez que alguém chega me dizendo que sua vida dá um livro, confesso o esforço a que me dedico para não devolver a essa ingenuidade uma tremenda gargalhada. Qualquer coisa dá um livro, este, entendido como literatura, mas o ser ou não-ser do livro, muito mais do que uma história em si, depende do savoir-faire, a capacidade do homo erectus em saber-escrever.

Ai reside a maestria de Rubem Fonseca e, em especial, refiro-me aqui ao volume “Pequenas Criaturas”. Não fosse o sarcasmo, a ironia e a competência com que o autor desenvolve criativamente sua narrativa, fazendo com que os personagens oscilem entre a trivialidade do óbvio e a estupidez do inusitado, não haveria nada além de temas medíocres sobre situações vividas por pessoas mediocremente ídem.

Muito além desse “impulso criativo”, mediante um corte na realidade para nos mostrar as pequenas coisas que – por estarem ligadas às pequenas criaturas – se tornam grandes, Rubem Fonseca destila seu ceticismo. Não se pode dizer que haja aqui um ceticismo categórico ou ortodoxo, mas um ceticismo que se dá como possibilidade ao senso crítico. Tampouco podemos afirmar uma negação ao absoluto, pois esse absoluto basta-se apenas a si mesmo e não pode jamais interferir no infinito da finitude das pequenas criaturas, um pouco como o Uno de Aristóteles, o motor imóvel que tudo criou , inclusive, a si mesmo, mas já não interfere.

Outro aspecto que me pareceu bastante interessante e me agradou nessa obra foi a utilização de um recurso ao diálogo entre a realidade e a ficção, entre o escritor e o personagem: o livro dentro do livro, ou seja, o autor – de vez em quando e, ao lidar com personagens que também são escritores ou rodeiam a possível necessidade da escrita – questiona o próprio olho, como se colocasse em xeque a perspectiva do olhar, a verdade da mirada existencial-subjetiva versus a verdade a partir de uma espécie de Aleph borgiano ou o ponto do espaço de onde tudo se vê.

Wilson Coêlho é professor universitário, bacharel e licenciado em Filosofia

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