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cronicas-->SEIS MENTIRAS SOBRE LUDWIG VAN BEETHOVEN -- 14/04/2001 - 01:40 (denison souza borges) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
seis mentiras sobre Ludwig Van Beethoven


1o - Beethoven nasceu em 16 de dezembro de 1770.
2o - Beethoven era um músico surdo que compunha.
3o - Beethoven foi um continuador da obra de Haydn e Mozart
4o - O pai da Música Romàntica é Beethoven.
5o - A Música de Beethoven é conhecida por muitas pessoas.
6o - Beethoven é o maior sinfonista da história.
1- O mestre de Bonn foi uma dessas raras pessoas que nascem entre as 23:59 hs de um dia e 00:00 hs do outro. Ele nasceu exatamente entre os dois minutos que procede entre o último momento do dia 16 e o primeiro momento do dia 17.
2- Beethoven não era um músico surdo que compunha. Isto é um mito espalhado por leigos! Beethoven era, sim, um músico que compunha que "foi ficando, aos poucos, surdo"; é diferente. Talvez muitas de suas obras não estariam entre nós se o músico não conhecesse o bastante os timbres e efeitos sonoros do instrumentos e modulações. Beethoven já tinha muita experiência, até mesmo sinfónica, quando ficou completamente surdo. Ele não era um surdo de nascença e ficou definitivamente doente quando já estava em alta idade adulta.
3- Beethoven não é um continuador da obra de Haydn e Mozart. Eles eram essencialmente clássicos e faziam parte de um contexto geográfico-histórico amplo. Beethoven é fruto, não desses mestres, mas da Revolução Francesa, da moda Strung und Drugs e da filosofia heróico-fraternal que o Humanismo estava plantando na História da Europa. Haydn e Mozart são símbolos de algo mais amplo e complexo, simplificações de todo um contexto histórico na arte musical onde participam diversos músicos contribuintes.
4- Beethoven era um compositor de música clássica. Suas sinfonias e obras nunca destruíram a estrutura rígida do Classicismo; abalaram bastante os alicerces, deram muitas variedades e novidades de expressão, mas não saíram do universo clássico; quando ocorreu algum elemento que fugia às regras, Beethoven apenas seguia as tendências da época. O Romantismo na música era um processo amplo que invadia a Europa, não obra de um Homem apenas. Assim como Haydn não foi o criador único da sinfonia ou do quarteto, é errado dizer que um homem foi o pioneiro nisso ou naquilo. Beethoven foi um ótimo catalizador das idéias do seu tempo.
5- A música de Beethoven é conhecida por muitas pessoas. Mentira!!! No geral, as pessoas apenas conhecem trechos de obras, árias, movimentos isolados e fragmentos das obras clássicas. Com Beethoven se dá o mesmo; o que as pessoas conhecem é o primeiro tema da peça para piano Fur Elise - ouvido numa caixa de música oriental ou numa espera telefónica; no geral as pessoas conhecem os quatro primeiros compassos do primeiro movimento da 5a Sinfonia; conhecem o tema da Ode à Alegria da Sinfonia Coral e pronto!!!
Os que se confessam amantes de Beethoven, também exageram em dizer que conhecem a música do mestre; apenas conhecem as 9 sinfonias, quatro ou cinco sonatas p/ piano ( geralmente as mais famosas Patética,
Ao luar,etc. ), conhecem dois ou três concertos e outras peças isoladas e dizem conhecer a música de Beethoven.
Comentarei a importància da audição de certas obras e mostrarei que raríssimos amantes beethovenianos conhecem de verdade o processo criador do mestre de Bonn.

Sonatas para piano: É de suma importància conhecer as 32 sonatas para piano, pois elas fizeram parte de seu processo criativo desde o começo até o fim e cada uma, ao seu modo, é um relato de seu desenvolvimento;temos de considerar também que Beethoven era pianista antes de tudo e as sonatas foram seu maior meio de expressão.

Outras obras p/ piano: É um absurdo conhecer apenas algumas sonatas e não conhecer outras obras escritas para o piano; duas de suas maiores obras primas em todos os gêneros estão no piano solo; as 33 variações sobre uma valsa de Anton Diabelli e as Bagatelas op.126 merecem mais atenção por parte de quem se diz amante da música de Ludwig Van Beethoven. O conjunto de variações tem como partida um tema vulgar e parte para as mais engenhosas transfigurações de tema da História; mesmo se tratando de Beethoven, a genialidade aqui é assustadora. Não menos genial são as seis milagrosas miniaturas do universo op. 126; mostra que Beethoven se sentia à vontade tanto com as obras de grande escala como também as miniaturas.

Sonatas p/ violino e piano: Ele escreveu dez delas e as Sonatas Primavera, Kreutzer e a Op. 96 são os maiores marcos de suas três fases distintas; a clássica, a heróica e a espiritual. A audição de todas elas é recomendada.

Càmara: Muitos conhecem e falam sobre os quartetos; realmente qualquer amante de Beethoven deve conhecer os primeiros quartetos op.18, os medianos e finalmente - aquilo que muitos acham ser sua maior obra - os últimos quartetos. Seus quartetos parecem querer formar uma orquestra completa e possuem nuances dignas de repetidas audições; são o melhor de sua música de càmara. Entretanto, é certo lembrar que Beethoven começou a compor música de càmara desde jovem com Trios ( seu op. 1 são três trios com piano ) e só deixou de compó-los aos 41 anos de idade, quando alcançou a perfeição com o trio Arquiduque. Outra questão a ser considerada é que os três trios do op. 9 foram sua primeira obra prima, a melhor obra escrita até então.
Quanto aos quintetos, tão pouco comentados ou ouvidos, o mestre fez uma 1a tentativa no op.4 e alcançou a perfeição na sua obra prima no gênero com o Quinteto op. 29; quantos fãs de Beethoven conhecem esta obra?
Considerando que só compós dois quintetos para cordas, vale conhecer os dois e perceber o desenvolvimento.
Quanto às sonatas para cello e piano é importante saber que o op. 5 é a primeira importante obra escrita para esta combinação de solistas na História; poucos tinham tentado a nova forma. Assim como acontece com as sonatas p/ violino, essas sonatas também são testemunhas das três fases do mestre, que desemboca no espirituoso op. 102 para cello e piano, com suas fugas e expressões nunca antes vista no gênero.

Concertos: Beethoven não era muito fã de concertos; na verdade era puramente vienense em sua atitude de artista. Temos de aceitar que certos instrumentos ou formas são mais de uma nação que de outra; portanto a flauta, o balé e a harpa pertencem mais aos franceses, o violino aos italianos, assim como a tradição coral, sacra, canto à capella e oratórios pertencem mais aos ingleses. Assim é com a ópera e os concertos, que são típicas da Itália. Neste sentido, com suas profundas influências operísticas, de melodias venezianas e sua tendência ao concerto e sua música italianizante, Mozart é menos austríaco do que Beethoven. O mestre de Bonn preferia os quartetos, as sinfonias, o Scherzo e o instrumento máximo de Viena: o piano.
Portanto sua primeira investida em concerto foi no piano; o de no 2 foi escrito primeiro. Só escreveu, como exceção, um concerto p/ violino e uma obra com falhas técnicas, mas muito bela e inventiva: o concerto tríplice, uma espécie de concerto grosso clássico. O conc. p/ violino é obra prima; é como se ele caprichasse logo no primeiro, pois sabia que não iria ter outro ( como Brahms o fez também ).
Depois do 2o concerto p/ piano, escreveu o 1o e foi se desenvolvendo até o maravilhoso 3o concerto.
Os dois últimos ( o 4o e o 5o"Imperador" ) são obras primas do gênero e modelos para o Romantismo; mas se não amasse tanto o piano, com certeza, só escreveria um concerto para ele, assim como fez com o violino.
Depois dos 39 anos parou de escrever concertos definitivamente, revelando seu verdadeiro espírito não-italiano.

Obras Sacras: Das poucas obras sacras podemos destacar o Oratório Jesus nas Oliveiras, pois é uma investida dramática e bela, apesar de algumas falhas de unidade, a Missa em C maior, que é uma primeira tentativa em entrar neste universo e um ensaio para a sua maior obra, segundo ele mesmo, que é a Missa Solemnis. Como aceitar que alguém diga conhecer Beethoven sem conhecer a sua Missa Solemnis em ré maior, obra de maturidade que lhe consumiu 5 cansativos anos?

Aberturas orquestrais: essas pequenas peças servem como "amostras de bolso" do potencial orquestral do mestre. Suas peças melhores são a Egmont e a Leonore III. Indispensável .

Ópera: As formas italianas, como já foi dito, não atraía muito à Beethoven e ele resolveu, com muita dificuldade, a dar apenas uma contribuição ao gênero; Fidélio saiu vitoriosa por ser uma ópera que trata dos caminhos da Revolução Francesa e foi escrita com muito cuidado e esmero.

As sinfonias:Finalmente ! Depois deste grande sinfonista , o gênero nunca mais foi o mesmo. O que Schubert é para a canção, Beethoven é para o gênero sinfónico . Nem mesmo as sinfonias de Mozart e Haydn eram temas para discussões intelectuais.
Suas sinfonias são o Corpus Artísticus mais célebre e coeso de toda a Arte Ocidental. Cada uma possui a sua graça particular, mas nada se compara ao Impacto Revolucionário da Sinfonia Eróica, à síntese da Quinta , à graça rítmica da Sétima e à intelectualidade cheia de espírito e solidariedade da Nona Sinfonia Coral. A coleção completa é essencial, porque - ao contrário de seus concertos p/ piano - as sinfonias não atravessam uma linha de desenvolvimento, mas cada uma, ao seu modo, possui a sua própria identidade.

6- Beethoven não é o maior sinfonista da História, como muitos dizem. Quanto à complexidade, Brahms pode igualá-lo, quanto à nobreza de intenções, Tchaikovsky está ao seu lado, Bruckner pode ser maior que ele, quanto à escala e, se considerármos a quantidade de recursos e tudo o mais que foi citado, Mahler, de longe, pode superá-lo; o que Beehoven fez pela sinfonia, quanto à expressão e ao crescimento da forma, será inesquecível; mas, também, o será Haydn, antes dele. Houve, com certeza, outros sinfonistas gigantes que circulam lado-a-lado com Beethoven.

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