No que se refere à cultura popular, Gramsci analisa as diversas estruturas culturais das classes subalternas, em especial o conceito de folclore, que pode ser tanto interpretado como uma concepção de mundo ou como a facção da cultura hegemônica adaptada ao popular. Dentro dessa ótica, Gramsci ressalta que o folclore não é único sempre esteve ligado à cultura da classe dominante e ao seu modo e dela extraiu motivos que se inseriram em combinação com as tradições precedentes. Surge em meio a esta interpretação que a cultua popular é algo não sistematizado. Dentro dessa perspectiva, nasce o conceito de “senso comum”, que daria as massas uma identidade folclórica, sedimentada nas concepções de mundo e de vida que se sucederam na historia, o que define folclore a uma cultura supersticiosa, acrítica. É o que poderíamos chamar de materialismo popular, ou seja haverá sempre uma intrínseca ligação entre o senso comum (folclore) e a cultura hegemônica , de modo a impedir a criação de duas culturas diferentes por parte da classe dominante. Em contraposição a essa idéia, Gramsci apresenta o conceito Marxista de uma “reforma intelectual e moral” que tem como principio a filosofia da práxis, que discorda da idéia de folclore e dá subsídios para abolir esse materialismo vulgar infiltrado nas culturas populares.Com isso, a cultura deverá ser estudada nos meios científicos, sem no entanto deixar que idéias externas deformem a linguagem popular, sendo regido por um intelectual que os conduziriam a uma nova cultura , dentro de um mesmo bloco histórico. O advento de uma nova cultura implica portanto na transformação do “senso comum” em “bom senso” leia-se, uma atitude crítica que forma um senso comum, não aquele ligado a cultura hegemônica e sim a uma produção libertadora. Por outro lado Gramsci Conceitua a hegemonia dentro das culturas com um processo construído no seio da própia sociedade o bloco povo-nação só pode se concretizar através da consolidação da hegemonia. A análise de gramsciana neste caso, esta mais centrada em definir como se instaura as relações de dominação entre as classes. Esta ambigüidade traduz em Gramsci um pensamento de duplo sentido, que ressalta elementos positivos, progressistas, inovadores ou negativos de atraso cultural, cultura inferior, o que na realidade acaba o limitando, pois a cultura popular nem sempre é elaborada pelo povo ou para o povo. Esta pode está atrelada ao consumo de bens culturais, e não afirmar somente que a literatura comercial é aquela trazida de fora e a literatura nacional popular emergiria espontaneamente do texto.De forma a complementar ou contrapor-se a tais idéias, é de importância os estudos feitos pelo centro popular de culturas (CPCs) e o projeto do ISEB, que insere o conceito de alienação dentro da cultura que é produzida para as massas, seriam as “falsas culturas” Outro ponto analisa o conceito de hegemonia, no que se refere a cultura nacional e popular.Esta já nasceria alienada e não imposta, seria a “cultura oficial” Em contrapartida, Gramsci é feliz, quando afirma que a presença de uma literatura popular estrangeira incorporada a uma sociedade subalterna, não implica portanto numa perda do ser nacional, a questão relevante é a de se identificar como agem as forças hegemônicas e a que interesses elas servem.
