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Infanto_Juvenil-->CHAPEUZINHO ENCARNADO, um outro jeito de contar... -- 01/11/2006 - 10:01 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



fonte da gravura: http://xavierilustrador.blogspot.com/2005/10/chapeuzinho-vermelho-com-estrelinha-do.html



Chapeuzinho Encarnado


Na aldeia que havia crescido sob a sombra de uma grande floresta morava Luiza, uma linda menina de cabelos dourados e cacheados, a maior alegria de sua mãe e avó.

Fazia três anos que seu pai partira em busca de ouro nas minas da montanha da Luz e nunca mais dera notícias...

Os cabelos de Luiza tinham a cor e brilho do sol e costumavam ser alvo de muita inveja... Assim falava sua avó enquanto tecia um chapeuzinho encarnado para lhe proteger de quaisquer males.

Tão logo vestiu o chapéu, nunca mais o tirou. Por esta razão, todos passaram a chamá-la de Encarnada. Seu nome pareceu evaporar-se dentre as brumas da aldeia. Seus sonhos eram a sua realidade.

- Encarnada, como você fica linda com este chapéu, diziam costumeiramente sua mãe e avó.

Um dia, sua mãe estava atrapalhada com os afazeres domésticos e com os bolinhos que fazia e vendia para o sustento das três, pediu-lhe que levasse pão,vinho e frutas à avó, uma vez que ela estava enfraquecida pela forte gripe que a acometera na semana anterior.

Orientou Encarnada que não saísse de forma alguma, do caminho indicado.

Pela estrada afora, ela seguiu sozinha balançando a cesta nas mãos e cantarolando feliz.

Não demorou muito a ouvir um assovio estranho.

Colou seus ouvidos no vento, para ver se apreendia qualquer som. Silêncio...

Mais uns passos e novamente... Psiu!

Virou-se para o lado e nada!

Prosseguiu mais um tanto, cantando: “Pela estrada afora, eu vou bem alegre levar esta cesta para vovozinha. Ela mora longe daqui e não posso nem pensar em ir por aquele atalho logo ali, para onde correu a lebre que há pouco vi...”

- Psiu! Olhe aqui, linda menina! Aonde você vai cantando essa melodia tão suave?

A voz vinha por detrás do grande carvalho à beira da estrada.

O que ela mais gostava de ouvir eram palavras doces. A menina estufou o peito e disse delicadamente todas as palavras que a tentação oculta precisava ouvir:

- Levo guloseimas para minha avó que mora no casebre amarelo junto à clareira da floresta...

A figura do Mal que vestia a pele de um lobo de fala mansa continuou contracenando com a ingênua menina, insistindo que colhesse flores frescas para levar para a velhinha adoentada.

Tanto insistiu que ela acabou por dar-lhe atenção desviando seu caminho para descobrir as tais flores novas dentre os galhos da grande floresta.

Aquela voz lhe garantia novidades pelo atalho verdejante, que poderia ser, inclusive, mais curto.

E assim, Encarnada, apesar de ter sido aconselhada pela mãe seguiu pelo atalho repleto de árvores e flores amealhando diversidades para levar para a avó.

Enquanto isso, um cântico rouco é ouvido bem distante: “Eu sou o lobo esperto, lobo esperto... Eu só engano menininhas mimadas, ingênuas e vaidosas que têm o destino incerto.”

O lobo era astuto e sabia que seria necessário ter muita precisão para não ser pego pelos lenhadores ou caçadores que sempre circulavam pela floresta. Seria fatal!

As notas cessaram tão logo adentrou à casa da avó e a engoliu rapidamente antes que a neta apontasse.

Encarnada finalmente chegou ao casebre. Irradiante, coberta de flores silvestres bateu à porta. Estranhou encontrá-la semi-aberta.

Com cuidado para não perturbar a avó, entrou passo a passo. Logo viu uma figura disforme sobre a cama. Ingenuamente indagou:

- Ah, minha avó, seus olhos estão esbugalhados. Assustam-me. O que houve com eles? Suas orelhas e nariz também estão estranhos. E sua boca, o que houve com ela?

- Sabe, neta minha, faz tempo que não me vê de óculos. Quase não os uso. Esta é a razão de meus olhos estarem parecendo estranhos. Quanto as orelhas, um dia ouvi dizer que com a velhice os sons se vão... e as orelhas crescem para irem atrás deles. Também o nariz se alonga para poder abocanhar melhor os cheiros. Quanto à boca, quando fico faminta, como estou agora, eles ficam com essa aparência. Não se assuste, neta minha, a vida é assim ingrata, na velhice.

Chegue mais perto para constatar por si mesma que o que eu digo é a mais pura verdade. Eu estou muito fraca para me levantar.

Descuidada, por mais uma vez Encarnada expõe-se ao perigo. Aproxima-se e sequer chega a sentir dor. As trevas cobriram-na numa só golfada.

Do lado de fora, caçadores ouviram barulhos estranhos vindo da choupana. Acercaram-se para verificar se a velha senhora precisava de alguma ajuda.

Defrontaram-se com a grotesca figura estufada do lobo, o qual, ludibriado pela gula tinha ficado bem menos esperto.

Percebendo a atrocidade cometida pelo animal, ao invés de lhe dar um tiro, pegaram a tesoura e abriram-lhe a barriga.

Aliviada, Encarnada saiu primeiro, dizendo ter ficado com muito medo do escuro. A avó, mal respirava. Custou a recuperar o fôlego.

Na volta, os caçadores e Encarnada cantarolavam pelas trilhas da floresta. Os pássaros voejavam livres do medo, assim com as borboletas...


Moral da História:

A floresta pode significar a representação de desvios e perigos a que estamos sujeitos neste mundo. Portanto, vale ficar esperto, pois nem sempre termina assim a história de uma menina vaidosa e ingênua que se deixa seduzir pela tentação de uma novidade traiçoeira.



Heleida, 2005

Um outro jeito de contar o conto "Chapeuzinho Vermelho"
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