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Cronicas-->O jardim -- 18/08/2010 - 16:53 (Sandra Daher) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
       O ar é sensivelmente mais úmido para quem ultrapassa o portão que se abre ao caminho de pedras, ladeado por formações vegetais variadas, não muito altas, naquele início, mas já avolumadas e criando um clima sombrio, que vai se intensificando à medida que o veículo avança. A claridade do dia se intimida e a manhã fica mais escura sob as árvores e arbustos densos, plantados naquela área. Assim, na entrada silenciosa e não muito clara, um certo suspense é propiciado ao visitante desavisado, devido a uma sensação de mistério e à impressão que ele experimenta de poder assustar-se a qualquer momento.

       Mais à frente, a visão se abre numa clareira quase circular no terreno enorme, ciliado por árvores frondosas mais ao fundo e em um dos lados; à esquerda, a vegetação cede quase todo o lugar à casa , como uma ocupação secundária- embora necessária- de maneira que, extraída a área do jardim, ela tenha retirado dele a onipresença na propriedade. Nesse ponto, menos oprimido pelo cerceamento da vegetação, que agora está mais afastada e tem suas copas bem alteadas por troncos fortes , respira-se um ar mais aliviado à vista da varanda que antecipa o estar da moradia, de aspecto amigável e acolhedor.

       A casa também se move numa atmosfera suave, composta ainda por uma música lenta e de pouco volume, soando mesmo como um fundo à presença de quem frequenta a residência durante um tempo já calculado, normalmente inferior a uma hora. Tudo e todos ali refletem a tranquilidade do proprietário, que faz o jardim e por ele é feito, no que recebe os fluidos benfazejos das plantas e se alimenta daquela paz que uma área ajardinada com esse esmero pode oferecer. Flores, que normalmente trazem encantamento ao olhar, são pouco frequentes nessa paisagem; ela ganha majestade e vigor no verde mesmo, com a folhagem cerrada, aos tufos, em certos cantos, e com a variedade de recortes de suas folhas, dada pelos diferentes tipos e espécies dos vegetais selecionados para habitar o santuário.

       O momento da poda é solene e requer concentração. Daí que o dono cuida de seu jardim em silêncio e se alguém, por estar distante, usa um tom mais alto para falar e ser ouvido, ele, num gesto, exige sua aproximação e concede-lhe uma resposta quase sussurrante, pois a hora é de criação: há que perceber as intervenções de que necessita a planta para só então imprimir-lhe o corte. Não vá um desatento afastá-lo de sua atividade delicada e gentil: a mão que retira excessos e redireciona a forma vegetal para reaver-lhe o viço não deve ser submetida a uma tensão que lhe vá comprometer a habilidade dos dedos e o prumo... Além disso, ela é a mesma que pode cuidar de sua cabeça, deixando-a leve e enfeitada, ao cortar e tratar os seus cabelos!


Brasília, junho de 2010
Sandra Daher
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