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Cronicas-->O uso (in)devido da muleta -- 20/09/2010 - 08:06 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O uso (in)devido da muleta

Aroldo Arão de Medeiros

Fiz uma cirurgia cujo nome é difícil de pronunciar: vídeoartroscopia. O joelho direito, face aos inúmeros jogos de futebol, ou melhor, peladas, sofreu mais que o esquerdo, pois sou destro. Como dizem os que passam dos cinquenta, não é a idade que provoca as dores de um só lado, pois todo o corpo nasce num mesmo dia, e se fosse ela o problema, ambos os lados padeceriam iguais.
O ato cirúrgico foi um sucesso: nos primeiros dias o desconforto era intenso, amenizando conforme o tempo passava. O médico prescreveu analgésico e uso de muletas. Rapidamente acostumei-me a caminhar com o auxílio da extensão dos meus braços.
A fisioterapeuta, percebendo que eu não precisava mais das muletas, sugeriu que as abandonasse. Foi aí que descobri as utilidades daquele objeto. A palavra está no singular porque lá pelo quinto dia necessitava de somente uma.
Expliquei para a bonita profissional da área da saúde, especialista em avaliar cada caso e passar o exercício certo para a recuperação dos movimentos, que, como havia alugado por trinta dias, aproveitaria para fazer uso constante da bengala, digo, muleta. A verdade é que a sovinice falou mais alto.
O que também atrapalhava largá-la, a muleta e não a fisioterapeuta, é que esta queria me passar um exercício, chamado de marcha, e que eu batizei de passos de avestruz. Vi um cara fazendo o tal exercício, e achei ridículo. Os passos largos e as pernas bem levantadas causavam-me vontade de rir do desajeitado caminhar do homem.
Descobri também o jeitinho brasileiro de levar vantagem. Ao atravessar uma rua, colocava a muleta na frente e os carros paravam na hora, com medo de atropelar um transeunte mutilado.
Entrava num banco e o guarda não apertava o controle remoto de travamento da porta detectora de metais. Quando a passagem para o interior do estabelecimento era comum, esperava alguém abrir para mim e sentia-me importante e não dependente. Entrava até em fila de preferenciais em bancos, passando muita gente para trás.
Na turma da pelada usava a muleta e dizia que era porque estava por baixo e as pessoas, então, conversavam mais comigo e assim me sentia bem melhor.
Hoje não faço mais uso dela, mas estou pensando seriamente em comprar uma bengala e, quem sabe, poder voltar a usufruir das benesses desse artefato sobranceiro.


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