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Humor-->Tosse noturna -- 10/03/2007 - 17:22 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tosse noturna

Antigamente os vendedores e propagandistas viajavam mais do que os de hoje. Os setores de trabalho eram extensos, quase intermináveis e varavam dois ou mais Estados. Para citar apenas um exemplo, o setor inicial do Laboratório Lafi, nos anos 60, era de responsabilidade do competente Décio Rocha e começava em Suzano, SP, e só terminava em Alfenas, no Sul de Minas. Ninguém tinha seu carro próprio, os propagandistas viajavam de ônibus ou de trem, usavam “guarda-pó” sobre a roupa normal para evitar a poeira e as fagulhas que vinham das locomotivas a carvão. As cidades maiores serviam como “cidade pião”, onde havia sempre um hotel ou pensão previamente escolhido para o qual as enormes caixas de amostras grátis eram enviadas. Os gerentes esperavam que cada propagandista usasse as amostras correta e honestamente, mas isso nem sempre acontecia. Esta história eu conto depois.
Nestas cidades distantes, o vendedor permanecia durante várias semanas, chegando a ficar mais de um mês longe da família. Os hotéis se transformavam em lar desses heróis. À noite, antes de sair para encontrar a “namorada”, telefonava-se para casa para matar a saudade dos filhos e da esposa.
O Mário, a quem chamávamos de “Araponga”, trabalhava no Laboratório Gross e era um desses pioneiros. Era seguramente quem mais tempo passava longe de casa. Seu setor estendia-se do Vale do Paraíba até muito além do Sul de Minas, alcançando também grande parte do estado do Rio. Antes de me mudar para Taubaté, lembro-me de tê-lo visto vistando médicos em Barra do Piraí e Vassouras.
Quando o corajoso Mário partia para o trabalho, despedia-se demoradamente da mulher e dos filhos. Eram muitos filhos, uns onze ou talvez doze. Sua esposa ficava preocupada porque ele sofria de uma bronquite feroz. Ela temia que o pobre marido, no desconforto dos hotéis, certamente não tivesse os mesmos cuidados que ela lhe dedicava em casa.
O Mário, eu me lembro, era um cara alegre e brincalhão. Depois das longas viagens, quando retornava para Taubaté, ele se juntava aos seus colegas nas manhãs de sábado, no salão de sinuca da Praça Dom Epaminondas, e contava suas aventuras, suas vantagens. Dizia, por exemplo, que ficava um mês longe da mulher, mas em compensação quando retornava não lhe dava folga. A pobre esposa, dizia ele, passava a noite inteira acordada.
Os colegas ficavam curiosos e queriam saber por qual razão a sua esposa não dormia. Eles deduziam que o Mário transava a noite inteira, que era um garanhão. Mas ele se justificava rápido: “Nada disso!... É a maldita bronquite que não deixa ela dormir, é só eu chegar em casa que tusso a noite toda!...”
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